EX-PAJÉ estreia no Festival de Berlim e apoia manifesto Indígena

Documentário de Luiz Bolognesi apresenta cartazes internacionais e terá texto divulgado neste sábado.

Ex-Pajé, documentário escrito e dirigido por Luiz Bolognesi (Uma História de Amor e Fúria), estreia neste sábado, 17 de fevereiro, às 20h, no Festival Berlim, como parte da mostra Panorama. Na sessão será divulgado um Manifesto de Povos e Lideranças Indígenas do Brasil que propõe um país com mais tolerância e respeito, e que critica o etnocídio. O longa já possui dois cartazes internacionais.

Assinado por 28 lideranças e 15 organizações indígenas, um dos trechos do manifesto afirma: “Hoje atravessamos muitas crises, ecológica, econômica, política, a nossa frágil democracia foi atacada e os territórios indígenas estão sendo invadidos e saqueados. Junto com o ferro e o fogo, vem a conversão racista. Trocam as rezas pela bíblia e as medicinas por aspirinas. Epidemias de depressão provocam os maiores índices de suicídio do mundo manchando de sangue as lindas florestas do Brasil”.

Para o diretor e roteirista Luiz Bolognesi “num momento em que as casas de reza indígenas estão sendo queimadas e os pajés demonizados pela violência evangélica, ter o filme Ex-Pajé estreando em Berlim significa levar as vozes dos espíritos da floresta mundo afora através do cinema”.

O longa mostra o drama contemporâneo dos povos indígenas a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos num grupo isolado na floresta onde se tornou pajé. Após o contato com os brancos, um pastor evangélico afirma que os atos e saberes do pajé são coisas do Diabo e Perpera passa a viver um conflito interno. Apesar de se dizer evangélico e se definir como ex-pajé, continua tendo visões dos espíritos da floresta.

“O mais comovente neste cinema verdade que o Luiz Bolognesi se propôs a filmar com toda a delicadeza que o tema exige é a transformação de nós espectadores em testemunhas dos últimos minutos de existência de uma cultura milenar cheia de sabedoria que não foi registrada na história deste planeta e nem passada para as novas gerações. O último suspiro”, conta a produtora Laís Bodanzky.

“É com grande emoção que Caio e eu recebemos a notícia da seleção oficial do Ex-Pajé no Festival de Berlim, pela nossa aliança com o Luiz Bolognesi e a Laís Bodanzky que são nossos parceiros de cinema e de vida e pela relevância do assunto que estamos tratando. Acreditamos que a história do Ex-Pajé dialoga com muitas histórias de minorias em todo mundo e foi isso que Berlim soube ver com muita precisão.”, comentou  Fabiano Gullane.

Ex-Pajé é uma produção Gullane e Buriti Filmes, com distribuição da Gullane.