Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes | Crítica

Análise feita por Matheus Sanches!

Análise sobre o filme “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, da Paris Filmes (a convite da própria), aqui no site Cebola Verde. Confira a ficha técnica da trama:

Nome: Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (The Hunger Games: The Ballad of Songbirds and Snakes)

Estreia: 15 de novembro de 2023 – 2h 38min

Direção: Francis Lawrence

Elenco: Tom Blyth, Rachel Zegler, Peter Dinklage

Distribuidora: Paris Filmes

Gênero: Ficção Científica, Ação, Aventura


A Cantiga dos Pássaros e Serpentes é uma prequela da aclamada trilogia Jogos Vorazes escrita por Suzanne Collins, que rendeu 4 adaptações cinematográficas lançadas de 2012 até 2015. Com um sucesso inegável, tanto os livros quanto os filmes mergulham a audiência em um mundo distópico repleto de política, manipulação e sobrevivência. O novo lançamento é ambientado anos antes dos eventos que acompanhamos em Jogos Vorazes e oferece uma nova perspectiva ao explorar a juventude do futuro Presidente Snow.

A premissa pode parecer só mais uma forma de Hollywood continuar ganhando dinheiro com essa franquia, mas é muito satisfatório ter essa visão fascinante de Coriolanus Snow, antes de se tornar a figura autoritária e temida que conhecemos, além de ganharmos um contexto maior de como a relação entre Panem e os jogos funcionavam e como isso vai se modificando aos poucos. A Capital é muito diferente da que conhecemos aos olhos de Katniss, ainda com cicatrizes da guerra que ocorreu pouco mais de uma década. As pessoas não têm mais interesse em ver a espetacularização da tortura que são os jogos vorazes. Toda essa jornada é complexa e cheia de nuances, apresentando as origens do mundo que nos foi apresentado incialmente, seus valores e a sede por ambição dos cidadãos da Capital

A trama é habilmente construída em torno da décima edição dos Jogos Vorazes, onde tributos de todos os distritos competem pela sobrevivência. Os Jogos servem como palco para a ascensão de Snow, interpretado por Tom Blyth (Billy the Kid), revelando sua astúcia e habilidade de manipulação. A introdução de novos personagens, como a talentosa tributo Lucy Gray Baird, interpretada por Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor), adiciona camadas à narrativa, proporcionando relações complexas e muitas vezes imprevisíveis. A dinâmica entre Snow e Lucy Gray é particularmente cativante, os atores têm uma química impressionante e criam uma tensão constante que mantém os espectadores envolvidos.

Talvez os maiores problemas do filme estejam na enorme quantidade de personagens e núcleos, que a direção não consegue orquestrar de forma que cada um tenha sua importância reafirmada na trama. Nisso, alguns atores como Peter Dinklage (Game of Thrones) e Hunter Schafer (Euphoria) acabam apagados e passam a sensação de que seus personagens poderiam ser cortados da trama sem muita dificuldade. A duração do filme também acaba pesando ao passar dos capítulos do filme, nenhum capítulo parece desnecessário, mas a direção falha em trazer agilidade de tal forma, que no terceiro ato o público já se sente fadigado, o que me faz questionar se não seria melhor dividir a trama em dois filmes ou se cortes, especialmente no segundo ato, não fossem bem-vindos.

Francis Lawrence retorna para a direção e exibe o que fazia de melhor nos filmes anteriores, as cenas de ação são empolgantes, os personagens são carismáticos, a direção de arte e figurinos são quase impecáveis. A maior exceção desses fatores está condensada na personagem de Viola Davis (A Mulher Rei). Que Viola é uma grande atriz é indiscutível, mas sua atuação e caracterização nesse filme chegam a destoar do tom do filme, a personagem sempre parece mais afetada do que devia, se assemelhando mais aos personagens da Capital dos primeiros filmes.

No geral, Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e Serpentes é um filme que não deve muito a quadrilogia original, mas está longe de ser o melhor desses filmes. A quantidade de diálogos expositivos, tentativas forçadas de conectar a trama com os filmes originais, a falta de profundidade em algumas dinâmicas e o ritmo problemático do filme, pode incomodar espectadores mais casuais, mas, certamente, agradará os fãs da franquia.

Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes
Sinopse
Inspirada no livro homônimo lançado em 2020, pela Editora Rocco, a produção conta com direção de Francis Lawrence – responsável pelos últimos três longas da série – e retrata uma história anterior ao primeiro filme, 64 anos de Katniss Everdeen se voluntariar aos jogos, com Presidente Snow (interpretado por Tom Blyth) ainda jovem.
3.5
Notas