Barcamundi encurta distâncias humanas e musicais no seu “Disco Adulto”

Segundo trabalho da banda alcança maturidade e mescla música brasileira à experimental.

Camadas de diferentes texturas unem elementos orgânicos e eletrônicos, riffs de guitarra, baterias quebradas e sons ambiente em “Disco Adulto”, segundo trabalho de estúdio da Barcamundi. Ao lado de Hugo Noguchi (Ventre, SLVDR), com quem assina a co-produção, a banda cria uma sonoridade que vai de minimalista a complexa sem sequer trocar de faixa. O álbum sucede o debut, homônimo, lançado em 2015, e amplia o escopo da sonoridade do grupo, calcada na mescla de influências do indie, música brasileira, rock alternativo e experimental.

Ouça “Disco Adulto”: http://bit.ly/BarcamundiDiscoAdulto

A Barcamundi é sinônimo de pluralidade, explorando os limites da canção há mais de cinco anos. O grupo formado por Gabriela Autran (escaleta, synth e backing vocal), Gil Navarro (bateria), João Barreira (voz, violão e guitarra), Leon Navarro (guitarra, pífano, clarinete, escaleta, marimbau e backing vocal), Matheus Ribeiro (guitarra e trompete) e Pedro Chabudé (baixo) iniciou a trajetória em 2013 em Niterói (RJ). As canções já chamavam atenção por seus arranjos múltiplos, caminhando entre a MPB setentista e o britpop e indie rock dos anos 90 e 2000, ao mesmo tempo em que flertavam com o folk e o pop. Após passar por alguns dos principais palcos do Rio de Janeiro e colher elogios na mídia especializada, a Barcamundi ampliou sua discografia em 2016 ao lançar o EP

No seu segundo trabalho, a Barcamundi atinge sua maturidade com uma visão criativa única. A banda divide a produção do novo trabalho com Hugo Noguchi, produtor dos bem recebidos álbuns de Luíza Boê e Contando Bicicletas. Aqui, os arranjos flertam com o rock alternativo e a pós-MPB, promovendo um encontro de Radiohead com Gilberto Gil, Wilco com Rodrigo Amarante. O álbum utiliza diferentes recursos estilísticos e o conjunto da obra aborda, a partir dessas perspectivas, o tema central da distância.

Os caminhos desse trabalho já vinham sendo revelados nos singles “Leito Frio”, “Mãe” e “Amor concreto”, esta última dona de um inventivo clipe recém-lançado. Elas representam a pluralidade de sons do disco, equilibrando momentos intimistas com explosões instrumentais que exploram a potencialidade de uma gama de recursos.

Enquanto a canção mais recente, “Amor concreto”, abre o álbum, “Leito Frio”, o primeiro single oficial, encerra a lista de músicas. Entre elas, estão outras seis faixas que vão de temáticas intimistas e pessoais a questões universais com que todos podem se identificar. É o caso da nostálgica “Velho Retrato”, composta por Matheus Ribeiro inspirado por seu avô. “Pouso” entrega versos como “Eu sonho do tamanho do meu vazio / noites a fio pensando estar desperto /eu, sobre mim, não pouso, plano / e haja pavio pra olhar-me assim de perto”. Por outro lado, em “Disco Adulto” e “Tela de Cinema”, letra, melodia e arranjos se integram em uma narrativa quase visual. Tudo desemboca na climática “Leito Frio”, cuja fluidez e calmaria se contrastam com momentos de tormenta.

Para construir essa sonoridade ampla, a Barcamundi conta com a participação do piano de Lucas Lopes e da voz de Rebeca Sauwen, vocalista do Gragoatá. Além da produção musical, Noguchi também assina a mixagem. A masterização ficou a cargo de Matheus Gomes. A capa tem ilustração original de Daniel Porto, com ilustração e projeto gráfico de Adriene Araújo.