27º Festival Curta Cinema apresenta no Rio uma seleção de 150 filmes com o melhor da produção mundial

De 1º a 8 de novembro, o festival que qualifica o vencedor para concorrer a uma vaga no Oscar exibe títulos de 27 países.

Na primeira semana de novembro, cinco salas do circuito independente do Rio de Janeiro abrigam o Festival Curta Cinema, que vai apresentar o melhor da produção mundial de curtas-metragens. Entre os dias 1º e 8, o público carioca poderá assistir a 150 títulos da safra 2016-2017. Em sua 27ª edição, o festival internacional – que qualifica o filme vencedor para concorrer a uma indicação ao Oscar 2017 – exibirá uma preciosa seleção. “É uma oportunidade única de se assistir a filmes que vão muito além das produções americana e européia, com destaque para a cinematografia de países como o Líbano, Irã, Camboja e Tailândia que dificilmente chegariam ao Rio de Janeiro”, diz Ailton Franco, diretor geral do Curta Cinema.

O Festival Curta Cinema 2017 – que tem patrocínio da Globo Filmes, da Secretaria de Cultura do Estado, da Riofilme e apoio institucional da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro – terá exibições no Cine Odeon NET Claro, Cinemateca do MAM, Centro Cultural da Justiça Federal-CCJF, Cinemaison e Cine Arte UFF. Ao todo serão 112 filmes nas mostras competitivas: sendo 30 na competição nacional, 35 na competição internacional, 18 no Panorama Carioca e 29 no Panorama Latino-Americano.

Alguns dos grandes destaques da programação serão exibidos hors-concours na noite de abertura, 1º de novembro, no Cine Odeon, a partir das 21h: os nacionais ‘Ruído‘, de Gabraz Sanna, documentário artístico que traça o perfil de Caetano Veloso sob um perspectiva experimental e nada convencional, com imagens inéditas produzidas especialmente para o filme;  ‘A Ilha do Farol‘, de Jo Serfaty e Mariana Kaufman; ‘The Dead Fish Story‘, de Marion Naccache (França-Brasil); ‘Salada Russa‘, de Eileen Hofer (Suíça);  e ‘Die Kunst, meine Familie und ich‘, de  Johannes Bachmann (Suíça).

No dia 3 de novembro, no CCJF (Centro Cultural da Justiça federal), o festival apresenta uma masterclass com a cineasta suíça Eillen Hofer, que também será jurada dos filmes nacionais. A diretora de ‘Salada Russa‘, um dos destaques da noite de abertura, exibirá trechos de seus curtas e falará sobre o processo de criação e direção. No filme de Eillen, seis amigos, de etnias que compuseram a antiga União Soviética, se reúnem em um jantar e discutem a Perestroika, avanços e retrocessos na história da revolução soviética, que completa 100 anos. A masterclass terá com entrada franca e tradução simultânea.

Entre os filmes da Competição Nacional, destaque para ‘Nada‘, do mineiro Gabriel Martins, que foi exibido este ano na Quinzena dos Realizadores de Cannes; ‘Boca de Fogo‘, do carioca Luciano Pérez Fernández, que mostra um comentarista narrando uma partida de futebol da Série C do Campeonato Brasileiro, em Salgueiro, sertão de Pernambuco, enquanto o povo, na arquibancada, enfrenta o sol enquanto acompanha sua voz pelo rádio; e ‘Àndale‘, do catarinense Petter Baiestorf, consagrado no gênero terror/trash que agora envereda em um filme mais político e experimental, com fortes críticas à violência policial.

A seleção de curtas estrangeiros inclui o provocativo ‘Où En Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues?’, do português João Pedro Rodrigues, diretor dos longas ‘O Ornitólogo‘ (lançado em circuito nacional este ano) e ‘O Fantasma‘; e ‘Meryem‘, de Reber Dosky, documentário holandês sobre as guerrilheiras curdas que lutam contra o Estado Islâmico na Síria.

O festival também traz em sua programação temas que permeiam a produção audiovisual atual. Para destacar alguns dos assuntos e temas mais recorrentes entre os filmes selecionados, o Curta Cinema apresenta programas especiais como ‘From Hell’, focado na produção nacional de filmes de terror, e ‘Em Trânsito’, com filmes produzidos por realizadores nacionais em terras estrangeiras, mostrando o olhar brasileiro sobre outras culturas. Há também curtas que tratam de temas como feminismo, homofobia, movimento negro e intolerância religiosa.

O ‘Panorama Carioca’ é um reflexo do quanto o meio inspira a arte e proporciona ao público contato com a realidade atual da cidade, com filmes que também discutem e enaltecem as batalhas das minorias. Entre os destaques, ‘C(elas)‘ – também selecionado para a competição nacional – que apresenta a realidade da maternidade das mulheres presidiárias brasileiras; ‘Mercadoria‘, um retrato da prostituição e todas as suas agruras; e ‘Tia Ciata‘, que conta a história de um dos maiores ícones do movimento afro-brasileiro no Rio de Janeiro.

Nesta edição, em parceria com a Swiss Films, o festival apresenta o ‘Foco Suíça’, que reúne 18 títulos de alguns dos mais importantes diretores do país, em três programas especiais: Nem Queijo, Nem Chocolate (5 curtas que provam que a Suíça é muito mais do que esses dois ícones), Olhar Nômade (7 curtas filmados no Brasil, na Sérvia, em Cuba, no México e outros países, que ressaltam o quanto a produção suíça é realizada no exterior) e Narrativas Suíças (7 títulos entre ficções fantasiosas, experimentos e um documentário da mais conceituada diretora suíça, Ursula Meier).