Temperando #1: Entrevista com Jassuele Meira, jovem design que foge do padrão

Raemi, também conhecida, é uma aposta para o atual cenário de ilustração

O Cebola Verde adora dar oportunidade àqueles que são jovens promessas. Dito isto, resolvemos entrevistar a jovem ilustradora Jassuele Meira, conhecida como Raemi, para dizer mais sobre a profissão de ilustrador que enfrenta problemas ainda mais fortes na área de design gráfico.

Além disso, Raemi possui um portfólio bem atípico e com criações feitas com bastante maestria. Confira então a entrevista abaixo:


Cebola Verde: Quem é Raemi?

Raemi: Diretamente da comunidade de Barros Filho [subúrbio da zona norte do Rio de Janeiro, Raemi, além de ser um anagrama do meu sobrenome (Meira), é quem eu sempre quis ser. Tudo que eu queria ter mostrado para o meu avô quando ele ainda estava vivo e para todos que duvidaram de mim. Raemi é preta, favelada, pansexual, cantora, ilustradora, pianista, violonista, fotógrafa e designer. Raemi é o que ela quiser ser (🙂), mas também é bastante tímida, 80% tremedeira, sonhadora e ama ajudar a todos, sejam os que têm os mesmos sonhos ou não.

Cebola Verde: Qual foi o seu primeiro contato com a arte? Quando decidiu que essa seria a sua vida?

Raemi: Desde pequena eu cantava e desenhava. Diz minha mãe que quando eu tinha quatro anos, comecei a desenhar ela sentada lendo um livro e ela morreu de medo (risos). Não foi uma decisão em si. Um dia, as coisas só ficaram claras para mim, pois eu sempre estive em busca de áreas que não envolviam a arte e isso nunca me satisfazia, acabei tendo várias crises de depressão e ansiedade por causa disso. Entretanto, quando eu finalmente percebi que podia trabalhar com as coisas que gostava, nada me parou mais.

Cebola Verde: Qual é o seu maior problema e a sua maior satisfação com a arte?

Raemi: Meu maior problema é a desmotivação que sinto ao achar que não consigo fazer alguma arte que tenho em mente por achar que não sou capaz ou ficar me comparando com outras pessoas que já estão no ramo há mais tempo. A maior satisfação é quando consigo passar todos os meus sentimentos na arte e quando vejo o quanto evoluí ao longo dos anos.

Cebola Verde: Quando começou a se interessar por desenho e ilustração?

Raemi: Como disse anteriormente, sempre fui ligada a arte, mas me interessei por ilustração quando comecei a fazer curso de design gráfico. Antigamente, fazia muitas ilustrações vetoriais (com o mouse), continuei bastante tempo com esse estilo, até o momento que comprei minha mesa digitalizadora. Comecei a me aventurar com edições de fotos e, finalmente, pintura digital. Depois disso nunca mais parei!

Cebola Verde: Algum profissional – ilustrador(a), artista plástico, desenhista, designer, enfim… – serviu ou serve como inspiração?

Raemi: Poderia falar vários nomes de artistas famosos, mas quero homenagear os que estiveram e os que estão na minha vida. Primeiramente, meus avôs que são artistas, meu professor de desenho Rodrigo Cardoso, meus amigos perfeitos que também são artistas: Leandro, Suelen, Ayrton, Luiz Octávio, Nico, Jony, Volney (😛), Naomi, Thayssa e muitos outros!

Cebola Verde: Na sua opinião, quais são os prós e contras ao trabalhar com ilustração?

Raemi: Para mim, os prós de ser uma ilustradora freelancer é que eu posso fazer os meus próprios horários, fazer tudo com muita calma e o mais importante é que estou trabalhando com o que eu amo. Já os contras são que muitas pessoas não valorizam o trabalho do freelancer, deixando de lado o quanto ralamos pra conseguir melhorias para o nosso equipamento de trabalho, as horas que levamos para finalizar uma arte e “esquecer” de dar os créditos ao artista.

Cebola Verde: Vi que você trabalha bastante com ilustrações de etnias e raças diferentes do padrão ocidental. Por que você se baseia nisso?

Raemi: Eu sempre me interessei muito por coisas que não são feitas majoritariamente por brancos e quando comecei a ilustrar, não foi diferente. Um dos meus passatempos preferidos é ilustrar o cotidiano de diversos países, dando ideia de uma memória distante. Gosto muito de pintar ruas e cidadezinhas da Ásia porque são muito coloridas e sempre tem algo interessante fora de foco. Além disso, em 2018 comecei a estudar coreano sozinha e desde então assino meu nome em hangul (alfabeto coreano), 래미. Faço questão também de incluir pretos nas artes, tanto pra mostrar minhas raízes, mas também como símbolo de luta.

Cebola Verde: Quais são seus projetos futuros?

Raemi: Além de várias colaborações que estão por vir, pretendo criar meu site (com direito a lojinha) o mais rápido possível. Nele haverá prints, quadros feitos à mão e digitalmente, fotografias urbanas e muito mais. Também pretendo colocar minha cara no sol e mostrar mais sobre mim, gravar vídeos cantando e tocando piano e tudo que me der vontade!

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