O longa dirigido por Gustavo Vinagre teve estreia adiada para 21 de fevereiro.
Nesta terça-feira, 29 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, como uma forma de reconhecimento da luta contra a transfobia, de conscientização contra o preconceito e do respeito aos direitos das pessoas trans. A atriz, roteirista e diretora Julia Katharine fala sobre a representatividade trans no cinema e na sociedade:
Protagonizado por Julia e dirigido por Gustavo Vinagre, “LEMBRO MAIS DOS CORVOS”, estreia dia 21 de fevereiro em todo Brasil, por meio do projeto Sessão Vitrine Petrobras. Depois do filme, em todas as sessões, será exibido o curta-metragem “TEA FOR TWO”, de Julia Katharine e estrelado por Gilda Nomacce, o que faz dele o primeiro filme dirigido por uma mulher trans que estreia em circuito comercial no Brasil.
O longa, produção da Carneiro Verde Filmes, é um monólogo de uma personagem em uma noite de insônia que mistura documentário, ficção e improviso. O diretor e a atriz se se conhecem há dez anos e já fizeram três curtas-metragens juntos (“Os cuidados que se tem com o cuidado que os outros devem ter consigo mesmos”, “Filme-catástrofe” e o inédito “Medo medo medo”). Julia é corroterista do filme, ao lado de Gustavo.
“LEMBRO MAIS DOS CORVOS” é baseado em histórias da própria atriz e coisas que o diretor imaginava sobre sua vida. “Tem a ‘parte mágica’, que só acontece ali, naquele momento com a câmera ligada. O tempo cômico da Julia é algo que sempre me impressionou muito, e que eu ainda quero explorar numa comédia escrachada num futuro próximo”, explica Vinagre.
- Ele me deu muita liberdade, em momento nenhum sentamos para escrever diálogos. Parecia que eu estava fazendo terapia, porque ficou eu e uma equipe muita pequena a noite toda juntos. Uma noite e sem segundo take – conta Julia Katharine, a primeira atriz trans a ganhar um prêmio em Tiradentes, o prêmio Helena Ignez, dedicado a um destaque feminino da programação.
Já o curta-metragem, “TEA FOR TWO”, narra a história de um triângulo amoroso, e é o primeiro filme dirigido por Julia Katharine. Cinéfila apaixonada e atriz, Julia escolheu a comédia dramática, para seu primeiro exercício como diretora.
A protagonista do filme é Silvia (Gilda Nomacce), uma cineasta de meia idade que teve um grande filme de sucesso no passado, vive seus dias entre discos, livros e um certo ressentimento – por jamais ter conseguido obter o mesmo sucesso com outro projeto, e também por ter sido deixada por sua ex-mulher, a atriz Isabel (Amanda Lyra). No mesmo dia em que Isabel surpreende Silvia com uma declaração de amor e um pedido de retomada do relacionamento, Silvia conhece a terceira ponta do triângulo: sua vizinha e mulher trans Isabela (interpretada pela própria Julia Katharine).
A intenção da diretora é apresentar a personagem da mulher transexual sem a exotização e objetificação com as quais ela costuma ser apresentada na tela, integrando-a a um mote dramatúrgico já tão conhecido e retrabalhado do gênero. “Minha intenção é fazer filmes sobre relações humanas onde a mulher transexual seja vista como é, uma mulher.”, diz Julia Katharine.