O Diabo de Cada Dia | Crítica

O extremismo religioso é mortal

Análise sobre o filme “O Diabo de Cada Dia” com Tom Holland e Robert Pattinson, da Netflix, aqui no site Cebola Verde.

Confira a ficha técnica da trama cinematográfica:

Nome: O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time)

Estreia: 16 de setembro 2020 (Brasil) – 2h 18min

Direção: Antonio Campos

Elenco: Tom Holland, Robert Pattinson, Haley Bennett, Harry Melling, Bill Skarsgård, Riley Keough, Sebastian Stan, Mia Wasikowska

Distribuidora: Netflix

Gênero: Suspense, Drama


A palavra lunático, no dicionário, significa “maluco; que se comporta de modo ilógico, sem racionalidade.” Como também, um fanático religioso é, muitas vezes, um indivíduo disposto a se utilizar de qualquer meio para afirmar a primazia da sua fé sobre as demais. A religião sempre foi e sempre será o refúgio de dor para muitos, cujo racional não faz mais sentido. A fé parece ser a melhor saída para tais explicações e sofrimentos rotineiros. Será que vale a pena pecar e pedir perdão em seguida? O criador é tão misericordioso assim?

O Diabo de Cada Dia (The Devil All The Time) é um filme original da Netflix sob a direção de Antonio Campos que conta com diversos nomes conhecidos de Hollywood, como Tom Holland, Robert Pattinson e Bill Skarsgård. A história se passa entre os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e a Guerra da Vietnã. Tais influências das guerras atingem diretamente o pai do protagonista, Arvin Russell (Tom Holland), o padre Roy Laferty (Harry Melling) e um casal serial-killer.

Adaptação do livro homônimo escrito por Donald Ray Pollock, narrado por ele durante a trama cinematográfica, O Diabo de Cada Dia conta com arcos isolados que vão se misturando durante o desenrolar da trama. Desde o nascimento de Arvin e os atos brutais de seu pai Willard Russell (Bill Skarsgård) até o desfecho final do garoto na “peregrinação”. Transitamos durante o tempo dos acontecimentos de forma cronológica, mas a edição brinca com alguns flashes-backs, ou seja, dá uma breve explicação para tais ações dos personagens no tempo em execução.

De um modo arrastado, cinzento de uma cidade do interior dos Estados Unidos – prestes a participar de mais uma guerra –, a trama flutua bastante nos limites emocionais de seus personagens. Vale ressaltar que, pouco há a preocupação das mortes apresentadas. É visto, então, uma linguagem verbal pesada, densa, cansada e de cunho religioso. E muito disso deve-se à atuação dos personagens e suas influencias entre si. Por exemplo, a morte de Willard Russell atinge diretamente o seu filho, um pequeno Arvin Russell, cujas ações, quando mais adulto, são similares basicamente às do pai. Por outro lado da moeda, os sentimentos de uma jovem Lenora são bem parecidos com sua mãe Hellen em busca da fé encontrada no reverendo/padre.

Em termos mais específicos acerca da obra, a trilha sonora é comumente de um thriller (suspense), sendo assim, participa diretamente dos momentos de tensão – por ora, com bastante eficácia. O plano de fundo da cidade de Knockemstiff e transitando entre as regiões do interior possui uma tonalidade cinzenta, um clima totalmente arrastado, sombrio e com muitas imagens religiosas. Há de se destacar os figurinos simbólicos de cada personagem.

Sobre a atuação dos personagens, Tom Holland mostra-se mais uma vez competente naquilo que faz, atuar. É incrível como o novo queridinho de Hollywood se destaca e, até mesmo, salva o filme com sua atuação. A carga emocional que o Sr. Holland dá ao jovem Arvin é esplendida, ainda mais depois de seu diálogo com o reverendo Preston. Que por sinal, é interpretado por Robert Pattinson, cujo busca a fé e a religião como meio de se safar de seus atos mais impuros e cruéis. Utiliza-se de um discurso radical para propagar o ódio e dizer que foi escolha divina. Não muito diferente do que vemos nos dias atuais com diversas ações que não condizem muito com as escrituras.

Diante dos fatos supracitados, O Diabo de Cada Dia traz personagens com histórias problemáticas que de alguma forma se misturam durante a trama. Utilizam-se da crença religiosa católica para acobertar seus atos mais impuros e cruéis diante de cenas desconcertantes e brutais, que pouco se aderem a pesos sentimentais.

O Diabo de Cada Dia
Sinopse
Ambientada entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã, O Diabo de Cada Dia acompanha diversos e bizarros personagens num canto esquecido de Ohio, nos Estados Unidos. Cada um deles foi afetado pelos efeitos da guerra de diferentes maneiras. Entre eles, um veterano de guerra perturbado, um casal de serial killers e um falso pregador.
Atuação
Direção
Edição
Fotografia
Roteiro
Trilha Sonora
3.5
Notas