Dos picadeiros aos palcos, descubra as peripécias circenses de Raphael Rossatto.
Dia 10 de dezembro é comemorado o Dia do Palhaço no Brasil, muitos foram os artistas de sucesso que são ligados ao mundo dos picadeiros: Renato Aragão, Marcos Frota, Dedé Santana são alguns exemplos. Outro ator, e dublador, que tem sua carreira ligada ao mundo do circo, e não é de hoje, é Raphael Rossatto. Sua vertente artística vem desde muito novo, quando ainda atuava ao lado da família nas arenas. “Na verdade o circo não surgiu na minha vida, a minha vida surgiu no circo. Sou a sétima geração circense na família do meu pai, então já nasci fazendo arte. Hoje em dia, não sigo mais essa carreira, porém aplico tudo o que aprendi nos picadeiros em todas as áreas da minha vida”, conta orgulhoso.
Rossatto morou no circo até os 20 anos e, quando criança, dava vida ao palhacinho Mão de Obra, que fazia a alegria da criançada. Com o passar do tempo, o artista ganhou prestígio e começou a se dedicar a aprender outras posições, como acrobacia, trapézio, malabares, chicote, atirador de facas e pirofagia (arte de manipular o fogo). Assim como na esfera artística, Rossatto também contribuía na parte elétrica, carpintaria e, na ausência dos pais, até mesmo em atividades administrativas.
Contudo, mesmo multifacetados, os artistas circenses, lamentavelmente, carecem de valorização por parte do público. As manifestações populares como um todo ainda estão longe de serem devidamente reconhecidas e com o circo não é diferente. “Nada bom tem valor aqui, as coisas precisam chegar de fora para que o brasileiro se interesse e valorize. Temos artistas incríveis que não têm espaço para trabalhar, pois não tem mais circos pelo Brasil. Os poucos que ainda se mantêm firmes sustentam-se com migalhas porque o povo não quer pagar para assistir. É triste ver isso acontecendo”, opina.
Embora falte o reconhecimento, o ator afirma que não existem pontos negativos na profissão. “Ser palhaço é um dom e uma arte que precisa ser exercida. Com essa grande desvalorização, cada sorriso que você consegue tirar vale o triplo, e nos faz ter um pouco mais de esperança nas pessoas e em um futuro melhor para nossa gente e nosso país”. Todos esses valores, Rossatto aprendeu com o seu pai, que também é do circo. “Conheci grandes artistas como Carequinha, que eu também admiro muito pelo que representou, mas não conheço palhaço igual ao meu pai. E não digo isso por ser filho, mas o considero sensacional no que faz. Um grande profissional, com uma competência fora de série”, confessa.
A veia artística de Rossatto tem como base o circo, no qual apresentava esquetes e grandes espetáculos com o teor cômico. Mas hoje, aos 31 anos, o ator está com os holofotes voltados para o teatro. Embora não tenha interpretado nada relacionado ao circo, ele confessa que consegue aplicar no palco grande parte do que aprendeu nos picadeiros. Além de atuar, o ex-palhaço também coleciona importantes trabalhos como cantor e dublador. Dono de uma marcante voz, Rossatto é um dos grandes nomes da dublagem atualmente, com passagens em filmes, como “A Culpa é das Estrelas”, “Guardiões da Galáxia”, “Vingadores, Guerra Infinita”, e, mais recentemente, no novo game da série Assassin’s Creed, em que dubla o personagem principal.
Em se tratando de circo, Rossatto confessa que ser palhaço é uma virtude, porém, há meios de se trabalhar esse talento que pode estar internalizado. “O palhaço clássico, inocente, que sempre se dá mal, ator de verdade, que eu fui acostumado a ver, não existe mais hoje em dia e acho que não possa ser ensinado. Como eu disse, é um dom, vem de dentro. Se não for muito natural, não tem graça e, consequentemente, não se obtém sucesso. Mas existem diversas oficinas que te ensinam a ver o mundo como palhaço, que fazem você descobrir uma pessoa dentro de você que até então era desconhecida. E eu acho super válida essa experiência, porque o palhaço é um ser encantado e lindo, que só tem coisas boas a acrescentar na sua vida e na das pessoas que te rodeiam. Então que surjam muitos palhaços ainda para fazer o nosso mundo se tornar um pouquinho melhor, ou, pelo menos, mais encantador”, pontua o eterno palhacinho Mão de Obra.