Scorn é aterrorizante de um jeito inusitado | Review

Um terror visualmente impressionante, mas escorrega na jogabilidade

Scorn é um jogo de terror indie em primeira pessoa desenvolvido pela Ebb Software e distribuído pela Kepler Interactive. Com o lançamento no dia 26 de outubro de 2022, bem perto do Halloween, o jogo que é puzzle e aventura, traz consigo um universo tenebroso de formas estranhas e uma trama sombria, disponível apenas para PC e Xbox Series S|X.

O jogo traz uma experiência audiovisual, cuja a fotografia e ambientação são inspirações no artista plástico suíço H.R. Giger e no artista visual Zdzisław Beksiński – onde podemos ver o estilo “biopunk”. Sendo assim, o visual é o que mais se sobressai nos aspectos do game com bastante sangue, situações nojentas, partes do corpo cortadas etc. A ênfase é tanto nessa parte que peca no mecanismo de jogabilidade.

Mesmo que o jogo saia da mesmice nos jogos de terror dessa geração, a Ebb Software não deu moleza aos novos jogadores, pois apresenta puzzle de um modo mediano a complicado de resolução. A começar que o jogador não possui um mapa e parece viver em um mundo solitário (o que não está), não há instruções ou uma história sendo narrada – apenas aja e sobreviva! Isso é interessante a um certo ponto, o qual você quer ir até o final e entender o porquê de sua existência no game, mas pode deixar muitos decepcionados por conta da falta de paciência em ter explicações. Não há dicas, apenas se vire.

Outra situação que pode decepcionar muitos que curtem jogo de terror é a falta de jump scares, ou um suspense um pouco mais denso. Não há isso em Scorn. O terror propriamente dito é na ambientação horripilante e única. Não espere combates marcantes ou fugas incessantes, pois não é. Chega a beirar uma vivência (ou sobrevivência) um tanto quanto peculiar dentro de um mundo onírico, cujo jogador explorará diferentes regiões interconectadas de maneira não linear.

O que funciona, quando não se tem os combates, são os puzzles no nível mediano e complicado que eu havia citado. Muitos gamers antigos falavam da geração sem dicas, que tudo era complicado e sem ajudinha. Scorn traz isso muito bem. O terror é visual, nojento e perturbador aos olhos, por isso a experiência do jogador fica ainda mais dramática ao realizar os puzzles. Isso faz com que o jogo seja especial e tenha o seu diferencial, pois essa proposta funciona bem. Ademais, a parte de áudio é muito boa para um jogo de terror, deixando a experiência do jogador ainda mais imersiva.

Ah, mas por que os combates não funcionam? O seu personagem é bem limitado, não há opções de ataque, contra monstros inusitados. A Ebb poderia ter melhorado nesse aspecto, ou até mesmo nem botar, permaneceria na caminhada e puzzles para quem curte. Acredito que isso tenha feito até a narrativa perder um pouco sentido ao longo da progressão.

Diante dos fatos supracitados, Scorn é uma enorme obra de arte com imagens impressionantes acompanhados de um bela parte auditiva. Entretanto, não tem diálogos nem texto, a história é vivida inteiramente por meio de narrativa ambiental, cuja história é dada para a própria interpretação do jogador em uma jogabilidade bastante superficial.