Festival Panorama continua a ocupar o Rio de Janeiro até o final de janeiro

O Festival Panorama, um dos mais importantes festivais de arte do corpo, dança e performance da América Latina, continua a celebrar seus 30 anos apresentando espetáculos de grandes nomes da dança contemporânea em espaços icônicos da cidade, como a Praça Mauá, o Teatro Nelson Rodrigues e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Além dos teatros e importantes espaços públicos, o Panorama vai ganhar as paredes da cidade, com projeções surpresa de dança.  

 

Com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura, o evento volta a ocupar a cidade, depois de dois anos acontecendo no formato online, com sua primeira edição de verão, que vai até o dia 28 de janeiro.

 

“A edição de 30 anos celebra o corpo como matéria-prima da dança e da performance e discute a relação que temos com a história do Rio e do Brasil“, diz Nayse López, diretora artística do Panorama desde 2005.

 

O festival apresentará peças, performances e intervenções urbanas que colocam em cena alguns dos mais emblemáticos espetáculos dos últimos anos, trazendo de volta ao Rio de Janeiro sucessos dos grandes criadores da dança brasileira, como Alejandro Ahmed, Cristian Duarte, Alice Ripoll e Marcelo Evelin, além de inéditos de novos nomes da dança como Tieta Macau e Idylla Silmarovi.

 

No Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues, Alejandro Ahmed apresenta “Z”, obra músico-coreográfica do artista, que ficou surdo e nessa peça expressa a relação de seu corpo com o som. Fundador da companhia Cena 11, uma das mais importantes da dança brasileira, Alejandro não dança em cena no Rio de Janeiro há 20 anos e retoma sua relação com o palco em uma peça potente e emocionante.

 

Destaque também nas próximas semanas para “Barricada”, projeto de Marcelo Evelin que parte de uma aglomeração improvisada para formar um organismo único e plural; e “Suave”, de Alice Ripoll e Cia. Suave, espetáculo que marcou a chegada do passinho e da dancinha do funk aos palcos mundiais da dança. A companhia Original Bomber Crew apresenta “Treta”, que encurrala o público numa performance que mistura skate, grafite e dança urbana para falar da desigualdade no Brasil; e Paula Maracajá recria o universo mágico do clássico infantil da dança em “tudo que não invento é falso”, inspirado na obra de Manoel de Barros.

 

“O eixo curatorial desta edição emergencial e de volta ao espaço urbano depois de dois anos de edições pandêmicas online é a história que nossos corpos contam. Que história da dança construímos e que histórias do Rio e do Brasil ainda precisam ganhar sua própria narrativa dentro da dança?”, questiona Nayse López.

 

Corpos e coreografias negras, indígenas, femininas, LGBTQIAP+ e PCDs – que em 1992, quando o festival foi criado, ainda quase não habitavam a dança contemporânea – ganharam corpo, literalmente. Reforçando a vocação de levar a dança também para debates teóricos desde sua primeira edição, o Festival Panorama realiza o seminário “Corpos da História”, com curadoria de Nayse López e Camilla Rocha Campos. Em dois ciclos de conversas, os diferentes corpos, cores e movimentos são trazidos para o centro do debate sobre a construção da sociedade brasileira. Mesmo após 30 anos e uma pandemia que redefiniu os conceitos de presença e colaboração, desenvolver estratégias de contingência ainda é urgente e determinante para os circuitos da cultura e das artes performáticas.

 

Em sua primeira semana, o festival apresentou “Encantado”, aclamado espetáculo de Lia Rodrigues, “The Hot 100 Choreographers”, de Cristian Duarte, “Rezos para rasgar o mundo”, de Tieta Macau, e “Looping: Rio Overdub” a versão carioca do espetáculo “Looping: Bahia Overdub”, de Felipe Assis, Rita Aquino e Leonardo França.

 

A edição 30 anos do Festival Panorama tem apoio da Samambaia Filantropias, do Consulado Francês no Rio de Janeiro e do Instituto Goethe.

O Festival Panorama mantém a tradição de democratizar a arte: todas as atrações têm entrada franca ou preços acessíveis (até R$ 30).

 

Abaixo, segue o serviço da programação do Panorama 30 Anos.

 

Z | ALEJANDRO AHMED (SC)*

20 e 21 jan | 19h30

22 jan | 18h

Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 – Centro)

Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)

* programação acompanhada de conversa sobre corpo e tecnologia

 

Duração: 60 min

Classificação indicativa: Livre

 

Z é uma criação em dança com direção e performance de Alejandro Ahmed. Uma obra músico-coreográfica desenvolvida na imbricação entre corpo, composição generativa e coreografia. Em Z a co-implicação entre o som e o mover propõe a construção de um espaço que se constitui como um ecossistema. Dança e música são sobrepostas e moduladas no corpo. Z propõe o som como um acionamento sinestésico de movimento. O corpo se retroalimenta da interdependência com o ambiente que constitui e em que é constituído. Uma peça formulada como labirinto melódico, cinético e ritual guiado por uma guitarra ao mesmo passo instrumento, objeto, corpo estendido, signo, que evoca voz, respiração, forma e palavra sem memória como uma incorporação de alteridade.

 

As apresentações de Z no Panorama 30 Anos marcam o retorno de Alejandro Ahmed aos palcos cariocas como bailarino após 20 anos.

 

Alejandro Ahmed é coreógrafo, diretor artístico, e performer. Junto ao Grupo Cena 11 Cia. de dança promove o desenvolvimento de uma tecnologia de movimento que objetiva produzir uma dança em função do corpo e suas extensões. As investigações atuais estão situadas em novas definições para o conceito de coreografia. Termos como situação coreográfica, coreografia imaterial e dança generativa nomeiam os campos de interesse aos quais Alejandro Ahmed objetiva atualmente seus procedimentos junto ao Grupo Cena 11 e como performer. 

 

FICHA TÉCNICA

Criação, Direção e Performance: Alejandro Ahmed

Direção compartilhada: Mariana Romagnani

Assistência de ensaio e Assistência de produção: Karin Serafin

Interlocução para som e iluminação: Hedra Rockenbach 2018/2020

Coordenação técnica: Grupo Cena 11

Operação de Vídeo, luz e Som: João Peralta

Interlocução para operação de som: Eduardo Serafin

Apoio: Grupo Cena 11, JUSC ( Jurerê Sports Center)

Agradecimentos: Grupo Cena 11, Mariana Romagnani, Bruno Bez, Eduardo Serafin, Hedra Rockenbach, Priscila Menezes, Diego de Los Campos, Andrea Druck, Tom Monteiro, Marcos Morgado, Adilso Machado, Loreta Dialla, Cecilia Blasius, Fabiana Dultra, Sheila Ribeiro, Theo Gomes, Dogo, Malu Rabelo, Marcos Klann, Andreia Druck e JUSC – Jurerê Sport Center.

 

 

BARRICADA | MARCELO EVELIN (PI) 

Resultado de residência artística realizada durante o Panorama 30 Anos

21 e 22 jan | 16h

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo)

 

Duração: 50 min

Classificação indicativa: Livre

 

O nome barricada refere-se às táticas populares de insurreição que surgiram no século XVI, estruturas únicas e improvisadas que são construídas como um movimento de confronto, mas também funcionam como um espaço de proteção para uma determinada comunidade. Barricada, de Marcelo Evelin, é uma prática coletiva que propõe pensar proximidade como estratégia de defesa e o estar juntos como uma posição política. Uma figura coreográfica na qual um conjunto de corpos encadeados se articula e desarticula para marcar um momento no tempo e no espaço, e questionar noções de autonomia e resistência. Uma arquitetura de corpos firme e porosa, que interrompe fluxos, desloca identidades e fricciona fronteiras.

Este projeto vem sendo desenvolvido por Evelin e pela Demolition Incorporada, sua plataforma de criação, desde 2019. As apresentações no Panorama 30 Anos contarão com artistas locais previamente selecionados para residência artística com o coreógrafo.

 

Marcelo Evelin é coreógrafo, pesquisador e intérprete, vive e trabalha entre Amesterdam e Teresina. Estudou dança com Peter Goss, Lila Greene, Mark Tompkins, e Odile Duboc. Nascido em Teresina, chegou em Amesterdam em 1987, onde estudou na Escola de Nova Dança (SNDO), trabalhou com companhias de dança e teatro locais, e, em 1988, foi estagiário no TanzTeatro Wuppertal sob a direção de Pina Bausch. Deu seus primeiros passos como coreógrafo em 1989, dando início à construção de um corpo de trabalho que hoje é composto por mais de 30 peças. Desde 1999, Evelin tem ensinado regularmente na Escola Mime em Amsterdã, onde ele também cria peças e orienta os alunos em seus próprios processos criativos. Em 2006, Evelin fundou, em Teresina, o Núcleo do Dirceu, um coletivo de artistas e plataforma para pesquisa e desenvolvimento das artes cênicas contemporâneas , que coordenou até 2013.  

 

FICHA TÉCNICA

Criação e performance: Marcelo Evelin/Demolition Incorporada com elenco local participante da residência

Música: “Floresta Amazônica”, de Heitor Villa Lobos, retrabalhada por Sho Takiguchi

 

 

KA’ADELA – AÇÃO COLETIVA DE CONTRA-ATAQUE | IDYLLA SILMAROVI + JUÃO NYN (MG)

Resultado de residência artística realizada durante o Panorama 30 Anos

20 e 21 jan | 18h

Praça Mauá

Entrada franca

 

Classificação indicativa: Livre

 

A plataforma Ka’adela vem desde 2021, a partir da parceria com o festival Panorama Raft, realizando cartografias de monumentos coloniais nos espaços urbanos e criando estratégias performativas de disfarce, reocupação e destituição dos imaginários coloniais presentes na cidade na efemeridade das artes da presença. Dessa forma, propõe a reativação de memórias que desafiam os sistemas coloniais e que trazem à tona, por sua vez, as memórias ofuscadas por esses mesmos sistemas que estão presentes não na arquitetura das cidades, mas nos corpos.

 

Por se tratar de um coletivo composto por pessoas de diversos territórios, a estratégia de criação acontece a partir de residências artísticas entre os membros do coletivo, para a elaboração das performances criadas nos monumentos. Agora, comemorando os 30 anos do Festival Panorama, Ka’adela propõe abertura do processo criativo com o público, em formato de residência artística para criar, coletivamente, uma ação com mais corpos, criando novas redes de contra ataque à este imaginário colonial.

 

Dessa forma, as pessoas interessadas à essa discussão e experimentação são convocadas a somar forças para a criação de um ato coletivo por monumentos do Centro do Rio de Janeiro.

 

Idylla Silmarovi é artista da cena e pesquisadora. Mestre em artes cênicas pela UFOP. Seus trabalhos discutem as intersecções entre arte e ativismo no que tange o debate em torno da memória como direito negado pelo cis-tema colonial. Trabalha em aliança com coletivos de arte e movimentos sociais. Cria espaços autônomos de criação. Se interessa em coroar travestis e derrubar monumentos coloniais. Acredita em guerrilhas.

 

Juão Nyn é multiartista, Potyguar(a), 33 anos, ativista comunicador do movimento Indígena do RN e integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa. Formado em Licenciatura em Teatro pela UFRN, há 8 anos em trânsito entre RN e SP.

 

O projeto Ka’adela é uma plataforma de pesquisa e experimentação desenvolvida pelo Coletivo Autônomo Temporário. Este coletivo é criado pela artista e pesquisadora Idylla Silmarovi no ano de 2021 e tem reunido artistas e ativistas transdisciplinares para desenvolvimento de projetos artísticos pautando ética e esteticamente questões em torno dos “apagamentos de memória”, bem como seus “levantes e retomadas”, compreendendo as artes da presença como uma potencial estratégia de criação e destituição de ficções e imaginários. Como aponta o próprio nome do coletivo, produzimos zonas autônomas e temporárias de criação no campo da performance nos espaços urbanos, se articulando assim como uma plataforma de investigação nas artes da presença contemporânea. O coletivo conta hoje com os artistas: David Maurity, Edgar Kanaykõ Xakriabá, Fredda Amorim, Idylla Silmarovi, Juão Nyn, Rafael Bacelar e Vina Amorim.

 

FICHA TÉCNICA

Proponentes: Idylla Silmarovi e Juão Nyn

Artistas-residentes: a definir

 

 

INVOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA | FERNANDA SILVA & SONIA SOBRAL (PI/SP)

22 jan | 17h

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo)

Entrada franca

 

Duração: 45 min

Indicação etária: Livre

 

Involuntários da Pátria, performance concebida por Sonia Sobral e apresentada pela atriz Fernanda Silva, baseia-se no texto da aula pública proferida pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, em abril de 2016, nas escadarias da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O texto apresenta os índios como os primeiros “involuntários da pátria”, que foram transformados em pobres, assim como os negros, para servirem ao sistema capitalista. De um encontro entre Sonia e Fernanda nasceu a ideia de transformar a aula em performance. Representante de tantos involuntários da pátria – índia, negra, pobre, LGBTQ+ – Fernanda grita e dança as palavras de Viveiros em todas as direções, criando com seu corpo e voz uma nova camada ao texto e um novo convite à subversão.

 

Fernanda Silva é atriz e diretora. Conduz há 25 anos o Grupo de Teatro Metáfora, que desde 2005 mantém o Galpão Teatro Metáfora como espaço de resistência em Parnaíba, litoral do Piauí. Sonia Sobral foi gestora de artes cênicas do Itaú Cultural por 17 anos. Atualmente é curadora de dança do Centro Cultural São Paulo. Integra grupos de pesquisas cênicas e dramatúrgicas.

 

FICHA TÉCNICA

Concepção: Sonia Sobral

Criação: Sonia Sobral e Fernanda Silva

Performance: Fernanda Silva

Texto: Eduardo Viveiros de Castro. Série Pandemia, N-1 edições

Fotografia: Maurício Pokemon, Caca Diniz e Isabela Bugmann

Realização: Campo Gestão e Criação em Arte Contemporânea

 

SUAVE | CIA. SUAVE + ALICE RIPOLL (RJ)

27 e 28 jan | 19h

Teatro da CAIXA Nelson Rodrigues (Av. República do Paraguai, 230 – Centro)

Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada e lista amiga)

 

Duração: 50 min

Classificação indicativa: 12 anos

 

Tudo é uma questão de flow, de manhã, não tem o erro, o atraso, o que saiu da linha, porque o que realmente importa é o jeito: como você vibra, como você pulsa, como se move? Se a gente força, não acontece o que era pra acontecer, perde a espontaneidade. Então tenho que fazer outras coisas pra estar trabalhando, não as que eu costumo fazer. Mas criar é mesmo inventar novos modos de criação. Que desafio pode ser maior?

 

A dança do passinho é engraçada: parece um bezerro que acabou de nascer e está lutando pela vida e ao mesmo tempo comemorando e brincando. Os intérpretes me presenteiam com uma explosão de criatividade e coragem. Coragem de saber que a vida passa – já diz a tatuagem do Gabriel: one life one chance – e o melhor é a gente se mexer pra valer, sem medo, e aí tanta coisa começa a acontecer, me ensinam estes jovens e geniais cronistas do cotidiano.

 

E viva a vanguarda das comunidades do Brasil!

 

Suave é uma coprodução entre a Cia. Suave, dirigida por Alice Ripoll, e o Festival Panorama e retorna à programação do festival nesta edição comemorativa de 30 anos.

 

Com direção da coreógrafa Alice Ripoll, a Cia. Suave começou com a criação do espetáculo Suave, que estreou no Festival Panorama em 2014. O trabalho da companhia tem como inspiração o passinho, estilo de dança urbana derivado do funk carioca. 

Alice Ripoll é coreógrafa, intérprete e diretora de movimento para teatro e cinema. Aos 21 anos, estudando para se tornar psicanalista, tomou um caminho desviante para começar a pesquisar dança, pois se sentia muito curiosa sobre as possibilidades dos corpos e pesquisa de movimento. Atualmente seu trabalho abraça a dança contemporânea e as danças urbanas do Brasil, através de uma pesquisa que abre espaço para que os bailarinos transformem em imagens suas experiências e memórias. 

 

FICHA TÉCNICA

Direção: Alice Ripoll

Interpretação: GB Dançarino Brabo, Hiltinho Fantástico, Katiany Correia, Maylla Eassy, Nyandra Fernandes, Rômulo Galvão,Tamires Costa, Thamires Candida, Tiobil Dançarino Brabo, VN Dançarino Brabo.

Assistência de direção / operador de som: Alan Ferreira / Renato Linhares

Direção de produção: Natasha Corbelino | Corbelino Cultural

Produção Executiva: Thais Peixoto e Milena Monteiro

Criação de Luz: Andréa Capella

Operação de Luz: Tainã Miranda

Figurino: Paula Stroher

Direção Musical de funk: Dj Vinimax 

 

 

TRETA – UMA INVASÃO PERFORMÁTICA | ORIGINAL BOMBER CREW (PI) 

27 e 28 jan | 20h30

SuperUber (Rua Silvino Montenegro 78, Gamboa)

Entrada franca

 

Duração: 50 min

Classificação indicativa: 16 anos

 

É um conflito, uma explosão, é um ato premeditado para envolver o outro, onde o público se arrisca para fazer a selfie do dia. É testemunha da violência compartilhada, dos corpos descartáveis no Brasil. A desigualdade das posições sociais e os atritos gerados a partir disso, a parte crua das situações, as cores e os valores. A treta do Palácio do Planalto, a do vizinho, a da batalha de breaking. A treta do Dirceu com as outras quebradas e nossa própria treta que trás a dança como posicionamento no mundo. Os movimentos dessa dança são a expressão de moléculas do que de fato acontece, da realidade do corpo e do cotidiano. tReta é uma criação do Original Bomber Crew, Teresina – Piauí – Brasil.

 

Original Bomber Crew [OBC] é o elemento breaking do grupo piauiense de hip hop Interação Ralé. Com participações em festivais, batalhas e encontros nacionais e internacionais, é uma organização de práticas, pesquisa e produção da cultura hip hop. OBC se mantém ativo desde 2005 e é referência no Piauí sobre trabalho de formação em dança de rua. Atualmente ocupa a Casa do Hip Hop em Teresina junto a outros artistas da cidade, desenvolvendo criações em espetáculos, performances, batalhas, intervenções urbana, festivais e oficinas de dança, no Piauí e estados vizinhos. Desde 2018 é residente da Casa de Produção / Campo Arte. Junto com o Panorama Raft 2021 e seus parceiros internacionais, produziu a série de vídeos VAPOR-Ocupação Infiltrável. Segue na difusão com tReta, uma inavasão performática, em 2023 estreará os solos ClickPreto CorrendoMaior que Eu e a mais nova criação presencial em grupo, que parte de Vapor

 

FICHA TÉCNICA

Concepção: Allexandre Santos e Cesar Costa

Direção: Allexandre Santos

Criação e performance: Allexandre Santos, Cesar Costa, Javé Montuchô, Malcom Jefferson, Maurício Pokemon e Phillip Marinho

Concepção musical: Cesar Costa e Javé Montuchô

Coordenação técnica e desenho de luz: Javé Montuchô

Fotografia: Maurício Pokemon

Assistência administrativa: Humilde Alves / CAMPO Arte Contemporânea

Direção de produção: Regina Veloso / Casa de Produção

Agradecimentos: Cleydinha, Neném, Fedó, Jell, Pangu, Pangulim, WG, Gui Fontineles e Marcelo Evelin

Obra criada em residências de pesquisa e criação entre 2017 e 2018 em Teresina – PI, na Casa de Hip Hop, Espaço Balde e CAMPO Arte Contemporânea.

 

 

PANORAMINHA | PROGRAMAÇÃO INFANTO-JUVENIL 

 

TUDO QUE NÃO INVENTO É FALSO | PAULA MARACAJÁ (RJ)

21 jan | 16h

Arena Dicró (Parque Ari Barroso – Entrada pela, R. Flora Lôbo, s/n – Penha)

Entrada franca

 

28 jan | 17h

Arena Fernando Torres (Parque de Madureira)

Entrada franca

 

Duração: 45 min

Classificação indicativa: Livre

 

“Num palco sem pernas ou braços. Um balanço suspenso, atrás daquela moita, na lateral alta, esquerda, no fundo do peito do palco. Os rios eram verbais porque escreveram torto, como se fossem curvas de uma cobra. Só porque se botavam em movimento.

Faremos agora o que não pudemos fazer na infância. Raízes crianceiras na visão comungante e oblíqua das coisas. Inventei um menino inventado levado da breca pra me ser. O menino era esquerdo e tinha cacoete pra poeta. Nada havia de mais presente senão a infância.” (Manoel de Barros)

 

O espetáculo de dança tudo que não invento é falso, inspirado no livro Memórias Inventadas: as infâncias de Manoel de Barros, parte de um mergulho na poética que reverbera na dança contemporânea, literatura, artes plásticas e música.

 

Sob os escritos do poeta mato-grossense, tudo que não invento é falso, emerge do poder libertador; criativo da ação, do movimento e estabelece as metáforas tão essenciais à compreensão da obra de Manoel de Barros. Em diálogo com a linguagem metafórica e poética; na busca de um olhar que aproxime o mundo contemporâneo, o espetáculo tem inspirado na literatura, um despertar pelo fascinante mundo de um menino, uma criança – poeta – dançante.

 

Trata-se de um encontro da obra de Manoel de Barros junto ao universo infantojuvenil, explorando um mundo criado a partir da palavra, cheio de simbologias e significados, que se reinscreve no corpo através da dança e as demais linguagens que compõem o espetáculo.

Como um ato puro de metamorfoses, intérpretes se revezam em cena a partir de um roteiro liderado por ações no universo do personagem-menino-escritor solitário e transgressor. A reinvenção do corpo se identifica no torto, na contradição, na brincadeira de confundir a própria imagem, que apresentam nesta dança o real, o irreal, que recriar é sempre possível e sobre tudo tudo que não invento é falso.

 

O espetáculo infanto-juvenil presta uma homenagem a um dos programas mais queridos do Panorama, o Panoraminha. Apresentado em 2011 no festival, o trabalho será mostrado nesta edição nas arenas da zona norte da cidade, uma boa oportunidade para novas gerações conhecerem o universo poético de Manoel de Barros.