Drag queens Cútis Negra, Dricca e Naomih Leon sobem ao palco no dia 20 de novembro e misturam relatos do universo preto LGBTQIAPN+, humor e lipsync
Falar sobre a realidade das artistas drags negras no Rio de Janeiro é essencial para entender as múltiplas camadas de opressão e resistência que elas enfrentam. A fim de propor um olhar sensível sobre esse recorte, o espetáculo “Minha Cútis é Negra” chega à Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, no dia 20 de novembro para fortalecer a pluralidade da arte drag. No palco, humor, lipsync (interpretação e dublagem musical) e a linguagem audiovisual dos documentários e videocasts.
Protagonizado por Cútis Negra, drag queen preta criada na Zona Norte carioca, o espetáculo conta também com a participação de Dricca e Naomih Leon, outras duas representantes da cena drag. Juntas, elas trazem as suas histórias e vivências em uma data importante para aprender e celebrar as conquistas da ancestralidade.
— As artistas drags negras enfrentam não apenas o preconceito comum a todas as drags, mas também a discriminação racial que ainda é profundamente enraizada na sociedade brasileira. O caminho nunca é fácil. Abordar esse tema é uma forma de garantir que as nossas lutas, vozes e estéticas sejam reconhecidas e celebradas. Isso fortalece o movimento drag, tornando-o mais plural e consciente — diz Cútis.
O evento será realizado a partir das 19h na Sala Eletroacústica da Cidade das Artes.
Em “Minha Cútis é Negra”, as três artistas mesclam relatos e dublagens e divertem o público, tocam a alma e celebram os seus caminhos pessoais e profissionais. Os ingressos já estão disponíveis pela Sympla e custam a partir de R$ 25.
— A cena drag carioca é marcada pela diversidade de estilos e influências. Quando subimos no palco, estamos contribuindo para o fortalecimento dos movimentos negro e LGBTQIAPN+, quase uma luta pelas minorias. Mostrar nossa realidade traz visibilidade para uma população muito marginalizada. É preciso transformar a arte drag em uma plataforma de resistência e de mobilização social — conclui Cútis.
Cútis já subiu no Palco Mundo do Rock in Rio
O artista João Lucas Spedo, de 33 anos, dá vida à Cútis Negra. Nascido no interior fluminense, veio para o Rio ainda bebê e cresceu em meio a mulheres divertidas e determinadas. Tal vivência moldou a personalidade forte de Cútis, que aprendeu a costurar observando a avó materna, Dona Ida. Hoje, é ele quem produz a maioria dos próprios figurinos e de outras drags da cena carioca, como da drag Organzza.
Em 2022, Cútis subiu ao Palco Mundo do Rock in Rio a convite da rapper Megan Thee Stallion. Este ano, foi pela terceira vez parte do time oficial de drag queens do festival Rock The Mountain, se apresentando no Palco Magic Disco. Além disso, Cútis é uma das realizadoras do projeto Cine Drag, reconhecido pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) como uma iniciativa importante para a comunidade LGBTQIAPN+ da cidade.
No palco ao lado dela estão Naomih Leon e Dricca. Naomih é formada em Biologia pela UFRJ, fez as suas primeiras performances para seus colegas da universidade e acumula prêmios em diversos concursos. Já Dricca venceu, em 2023, o TikTok Drag Sync, evento promovido pelo TikTok e ficou em terceiro no “Brasil Hallyu Expo 2018”, maior evento de cultura coreana da América latina, após vencer a edição do Rio.
O espetáculo “Minha Cútis é Negra”é realizado pelo grupo “Nós, minorias em ação” (@somosnma), com apoio da Cidade das Artes e do Bronx Studios (@bronxstudios) e patrocínio da editora Galera Record, selo jovem do Grupo Editorial Record, que aposta em conteúdos que abordam questões sociais importantes, como “A Rainha Negra”, que traz uma história de segregação racial, atuação policial e preconceitos.