“Xeque Mate” é diferente de todas webséries lançadas | Review

Não é surpresa para ninguém que a PontoAção é colecionadora de sucessos. “A Melhor Amiga da Noiva”, “The Stripper”, “Stupid Wife”, são algumas das maiores webséries do mundo, que tiveram milhares de acessos. Depois de um grande sucesso, como foi com “Stupid Wife”, sem dúvidas a produtora tinha um grande desafio com a próxima obra. O casal VaLu cativou muitas pessoas e  conseguiu atingir não somente o espaço, que muitas vezes é delimitado, da “bolha” sáfica, mas abrangeu muitos outros espectadores.

A missão era criar um casal com tanta química quanto Valentina e Luiza, e o desafio ficou com Sofia Starling e Natália Rosa, que certamente não seria nada fácil ganhar espaço depois de um êxito tão grande quanto “Stupid Wife”. O que muitas pessoas não esperavam é que mais uma vez a aposta da PontoAção iria ser certeira, e “Xeque Mate” conseguiu bater mais de 10 milhões de visualizações em dois meses.

A princípio, aqueles que começam assistir webséries sáficas, imaginam estórias com drama e romance sendo os principais gêneros explorados pela obra, mas quem dá play em “Xeque Mate” se surpreende logo no primeiro episódio com uma cena que aparentemente nunca foi explorada tão abertamente no YouTube: ménage, e ele não é o que estamos acostumados a ver em outras séries, entre duas mulheres e um homem, mas sim por três mulheres. Isso é claro que é algo que precisa ser comentado, talvez nunca tenha tido uma cena tão explícita de sexo entre três mulheres em uma série, estamos falando em algo inédito. Se filmes e séries sáficas já são escassas, esse tipo de conteúdo é praticamente nulo, claro, em páginas não-eróticas. “Xeque Mate” começa diferente e nos instiga a procurar e saber mais do que se trata.

Enquanto muitos esperavam que o viés iria ser algo sexualizado – e que em nenhum momento isso aconteceu e talvez os que comentem isso não devem ter assistido – acabam se surpreendendo ao aprofundar-se no roteiro, muito bem construído com essa adaptação da fanfic de mesmo nome, da autora Evelin Sousa. Priscilla Pugliese e Natalie Smith mais uma vez comandaram juntamente com uma grande equipe que construíram juntos toda a série. O suspense, ação e mistério tomam conta completamente a partir do terceiro ato do primeiro episódio e ali conseguimos compreender a premissa da série.

Não há como falar sobre “Xeque Mate” sem mencionar o encontro de almas entre Sofia e Nathália, que conseguiram incorporar as personagens de maneira mais entregue possível, inclusive nos beijos não-técnicos assumidos por Starling em um podcast. A transmissão da realidade entre as duas é algo que é bem diferente de todas as séries da PontoAção, e reflete no que foi dito anteriormente: acertaram em cheio na escolha da série, consequentemente, na escolha do elenco. O método realístico não é para qualquer um, não é qualquer atriz/ator que consegue separar a ideia de emprestar o corpo sem se envolver de verdade, e é claro que isso acaba dando ânimo no fandom, já que as duas meninas são tão conectadas que para quem assiste é difícil não pensar diferente, mas que é bom deixar claro que tanto Sofia quanto Nathália esclareceram que são amigas, e quem agradece essa ligação linda entre as duas é justamente quem ama a série.

É necessário ressaltar todo elenco, que não somente complementa a série mas faz parte inteiramente da trama, não está ali somente como apoio mas praticamente todos os personagens são essenciais para a construção da estória. Talvez essa seja uma das grandes diferenças entre essa série e as demais da produtora. Um dos exemplos mais claros é a amizade entre Giovanna e Larissa, que foi um processo entre as atrizes para que existisse uma intimidade, com várias técnicas usadas pelas duas. A segunda personagem citada, pessoalmente falando, é umas das mais legais que já foram recriadas pela produtora, que serve muitas vezes como alívio cômico mas não somente isso, é totalmente necessária para a obra.

Claramente a websérie não irá terminar por aqui, já que o principal plot ainda não foi quebrado. E que sorte a nossa, que vamos poder acompanhar mais uma vez uma série brasileira com representatividade e independente, que merece suporte de todos que gostam da temática.