CCBB divulga a vinheta da mostra “Acorde! O Cinema de Spike Lee”

Com 22 longas e quatro videoclipes, a mostra de cinema busca trazer os conceitos das produções de um dos cineastas mais importantes e urgentes do século XXI.

O CCBB São Paulo divulga a vinheta da mostra ACORDE! O CINEMA DE SPIKE LEE, que acontece de 07 de novembro a 03 de dezembro de 2018. A mostra que apresenta ao público um dos mais importantes e urgentes cineastas contemporâneos. Com um cinema extremamente atual e um discurso inclusivo, Spike Lee aborda em sua filmografia uma visão particular da diversidade racial urbana. A mostra exibirá um recorte de 22 filmes e quatro videoclipes que representam diferentes momentos da carreira do cineasta.

-‘Acorde!’, essa expressão está presente em quase todos os filmes de Spike Lee. É um chamado para a ação, para a ruptura de um comportamento padronizado, geralmente declamado por um personagem secundário para o personagem central, frequentemente em uma visão subjetiva: o ator olha para a câmera e fala ‘Acorde!’ para a plateia do cinema. “Spike Lee quer que seu cinema faça o público acordar para a realidade que o cerca – comenta o curador Jaiê Saavedra.

A Mostra acontece no mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e oferece ao público um panorama da obra do mais atuante cineasta afro-americano, que conquistou este ano o Grande Prêmio do Júri e Menção Especial do Prêmio Júri Ecumênico no Festival de Cannes, e o Prêmio do Público no Festival de Locarno, com Infiltrado na Klan (estreia nacional prevista para 22 de novembro).

ACORDE! O CINEMA DE SPIKE LEE traz alguns dos títulos mais recentes do cineasta, porém pouco vistos nas salas de cinema brasileiras, e alguns de seus melhores trabalhos para a televisão, como os documentários Kobe Doin’ Work (2009), filmado com 30 câmeras, e Michael Jackson’s Journey from Motown to Off the Wall (2016). Michael Jackson também é a estrela de um dos videoclipes da mostra – They Don’t Care About Us, gravado no Rio de Janeiro e em Salvador.  Quatro filmes clássicos serão exibidos em 35mm: Mais e melhores blues (1990), Febre da selva (1991), Malcolm X (1992) e A última noite (2002), que terão sessões inclusivas (com audiodescrição e close caption).

Ao demonstrar para Hollywood o potencial de um cinema negro junto ao público amplo, Spike Lee saiu da condição duplamente marginalizada de cineasta independente e negro, fazendo dos black films parte da grande indústria do cinema americano. Após o sucesso do seu primeiro lançamento comercial, a comédia Ela quer tudo (She’s Gotta Have It, 1986), que marcou também a estreia de Spike Lee como ator, ele abriu a sua produtora – 40 acres and a Mule Filmworks (o nome é inspirado em uma promessa não cumprida que políticos fizeram a escravos recém-liberados depois da Guerra Civil americana).

Um período de intensa criatividade veio a seguir, com filmes como Faça a coisa certa (1989), Mais e melhores blues (1990), Malcolm X (1992) e Febre na selva (1991), colocando o diretor entre os grandes nomes do cinema mundial. Surpreendentemente, mesmo tendo alcançado a condição de um cineasta mainstream, Spike Lee nunca deixou de considerar a si mesmo um cineasta negro e independente. Com A hora do show (2001), uma crítica feroz à forma como Hollywood e a TV dos Estados Unidos tratavam os negros, ele consolidou definitivamente a sua posição como um dos grandes realizadores do século. Lee já trabalhou com diversas estrelas e gosta de repetir no elenco de seus filmes nomes como Denzel Washington (que encarnou Malcolm X), John Turturro, Samuel L. Jackson e Michael Imperioli. Em 2016, Lee ganhou um Oscar Honorário, mas não foi à cerimônia para marcar sua posição em um momento em que se discutia a falta de indicações de pessoas negras ao prêmio.

  • Spike Lee também é, antes de tudo, um cineasta com incrível domínio técnico, grande sensibilidade na direção de atores e enorme respeito à palavra. Seus primeiros filmes já se tornaram clássicos do cinema que merecem ser (re)assistidos e novamente discutidos. Um raro exemplo de um diretor que conservou enorme vigor e ousadia através das décadas, transcendendo o título de representante de um cinema negro e se tornando um dos grandes de nossa época – completa Jaiê Saavedra.

A mostra ACORDE! O CINEMA DE SPIKE LEE contará com um debate com o curador, a pesquisadora Kênia Freitas e o crítico Bruno Galindo, que ainda vai ministrar uma aula sobre o cinema de Spike Lee, ambos gratuitos, com distribuição de senhas a partir de uma hora antes do início do evento.

Os visitantes que assistirem a cinco sessões de filmes ganharão um catálogo da mostra. A programação completa estará disponível no site bb.com.br/cultura.