Análise sobre o filme “Viúva Negra”, da Disney+, aqui no site Cebola Verde. Confira a ficha técnica da trama:
Nome: Viúva Negra (Black Widow)
Estreia: 09 de julho de 2021 – 2h 13min
Direção: Cate Shortland
Elenco: Scarlet Johansson, Florence Pugh, Rachel Weisz, David Harbour, O-T Fagbenle, William Hurt, Ray Winstone
Distribuidora: Walt Disney Pictures
Gênero: Ação, Espionagem, Aventura
A palavra “traição” tem como significado no dicionário: “quebra da fidelidade prometida e empenhada por meio de ato pérfido; aleivosia, deslealdade, perfídia.” A personagem tão querida pelo público tem um passado um tanto quanto peculiar, aliás, nos quadrinhos, Natasha Romanoff é sinônimo de traição. Mas o que isso há de comum neste filme? E por que demorou tanto tempo para a produção desta personagem tão simbólica para os Vingadores e seus respectivos fãs? Vamos lá!
Entre idas e vindas, enfim, o filme que abre a quarta fase da Marvel estreou, “Viúva Negra” é o mais novo lançamento da Marvel Studios, que conta a história da famigerada Viúva Negra – uma das primeiras heroínas Marvel no UCM. A trama se passa entre os acontecimentos da Guerra Civil (2016) e Guerra Infinita (2018), e pasmem, ela desbravará uma outra guerra no meio disto tudo: seu passado envolvendo sua identidade espiã e a nova identidade vingadora. O fato desta guerra se passar entre tais acontecimentos é de perfeita escolha, cujo Tratado de Sokovia ainda está em vigor e, por isso, o clima de espionagem é altamente elevado. Talvez, até remeta um pouco a aventura maravilhosa de espionagem de “Capitão América: O Soldado Invernal” (2014), mas não chega muito perto. Não quer dizer que seja ruim, fora disso, mas o roteiro não é tão intrigante quanto o filme do Rodgers.
Como uma despedida para Scarlet Johansson, “Viúva Negra” é um filme família, de aventura e não tão de origem assim, mesmo sendo o primeiro filme solo da heróina. A trama possui três separações muito bem resolvidas e respostas para diversos assuntos retratados ao longo dos anos no UCM, como o famoso acontecimento de Budapeste. Isso tudo acompanhado de uma edição bem diferente do que estamosa acostumados pela Disney nos cinemas já logo nos créditos iniciais ao som de “Smells like Teen Spirit“, de Nirvana, repaginado pela cantora Malia J.. Isso está atrelado diretamente a uma trilha sonora marcante. Ou seja, um filme leve e que não deixa pontas soltas.
Até mesmo quando falamos de um filme solo, Natasha demorou para ter o seu. Só depois da sua morte em “Vingadores: Ultimato” (2019) que tivemos o prazer de saber um pouco mais de sua história. O mais emblemático é quando a mesma cita para sua irmã Yelena que ela ficou ocupada demais para pensar em si – fazendo alusão à demora. E para quem não tinha família, Natasha agora teve duas.
“Viúva Negra” introduz personagens muito marcantes, mesmo eu achando que poderia ter um tom um pouco mais político – já que o Guardião Vermelho (David Harbour) nos quadrinhos era um agente da KGB (principal organização de serviços secretos da União Soviética) –, e com atuações que facilitam ainda mais no carisma com os mesmos. Scarlett Johansson termina em alto nível esbanjando carisma, o qual representou por muitos anos o manto da vingadora Viúva Negra. A introdução da Florence Pugh é primordial para sequência do manto Viúva Negra, a qual produz carisma e a força jovial de Yelena. Há de destacar o sotaque bem forte da atriz para reproduzir uma russa que se comunica em inglês. Rachel Weisz, como Melina, e David Harbour, como Alexei Shostakov, entregando personalidades fortes. Vale salientar o lado cômico de David Harbour. Já o lado talvez fraco da trama é o vilão (ou vilões), Dreykov e Treinador, não há nada de interessante e não convence. Não oferece nem mesmo ameaça aos protagonistas e nem ao espectador. A ideologia é bem rasa, talvez pelo roteiro ter proposto isso.
Lembra que citei logo na introdução desta crítica sobre traição? Pois é, Natasha não faz mais parte deste lema há muito tempo e resolve solucionar certos assuntos inacabados, ou que há uma lembrança amarga, mesmo que as consequências da trama acontecem gradativamente. Seus problemas familiares são notórios: traição do seu pai, a traição com a sua irmã por se escapar sozinha da Sala Vermelha e das mãos do vilão Dreykov e, até mesmo, de Melina, sua mãe de criação, por nunca contar sua origem.
E não há como terminamos uma crítica/análise sem falar o quão importante este filme é para as mulheres. A representatividade da Viúva Negra é muito forte nos cinemas, por ser uma das pilares dessa área nesta nova era. Se o filme perde no lado político entre nações, ele ganha notoriedade no tema de exploração das mulheres ao longo do mundo. Milhares de mulheres são torturadas todos os dias, sendo físico ou psicológico, em prol de um sistema machista.
Sendo assim, Viúva Negra é um ótimo filme àqueles que amam o conteúdo Marvel e quer ter mais referências e explicações de assuntos antigos. A edição, efeitos visuais e uma trilha sonora jovial, faz o filme de espionagem seja mais dinâmico, mas perde em um roteiro super fraco.