Análise sobre o filme “Venom: Tempo de Carnificina”, da 20th Century Studios (a convite da Disney Pictures BR), aqui no site Cebola Verde. Confira a ficha técnica da trama:
Nome: Venom: Tempo de Carnificina (Venom: Let There Be Carnage)
Estreia: 07 de outubro de 2021 – 1h 37min
Direção: Andy Serkis
Elenco: Tom Hardy, Stephen Graham, Woody Harrelson
Distribuidora: 20th Century Studios
Gênero: Ação, Fantasia
Pequenas considerações antes de comentar acerca do filme em si:
Andy Serkis é um ator brilhante, mas deveria escolher melhor os projetos que dirige, principalmente neste início de carreira por trás das câmeras.
Michelle Williams deveria trocar de agente. Como uma atriz de renome ainda participa de projetos como esse?
Claro que apesar da introdução sugerir, a maior parte dos erros desse filme não são culpa do diretor, inclusive ele se esforça para conseguir dar algumas cenas esteticamente bonitas para o roteiro podre que o filme provém. No geral, se você gostou do primeiro filme dificilmente não vai gostar desse segundo. Embora o primeiro ainda tenha um pouco mais de charme com mais piadas que funcionam e um fan service não esperado, essa sequência tem ainda mais piadas e ainda mais fan services porém a maioria desses momentos não são capazes de tirar um sorriso do espectador. Mas não é como se esse filme não tivesse nada de melhor e diferente que o anterior, e grande parte do que faz o filme não ser um tédio completo são todos os trechos com os antagonistas. Está certo que há somente um embate físico que fica guardado para o clímax do filme, mas o diretor tenta construir um senso de perigo ao longo de todo o filme, o que me deixou ao menos curioso para ver como seria essa batalha final.
O vilão é o grande atrativo do filme, é através dele que estão vendendo essa sequência desde a cena pós-créditos do primeiro longa. Carnificina é (por algum motivo) um querido vilão do universo do Homem-Aranha, e embora a sua representação aqui esteja longe de ser perfeita, ela conversa de maneira satisfatória com os outros elementos do filme. Woody Harrelson é um ator excepcional mas demora muito para encontrar o tom do personagem, e sinceramente fica difícil saber se toda essa caricatura do personagem vem do ator, do roteiro ou das escolhas da direção. No começo é de se estranhar mas conforme o filme avança dá pra aceitar melhor essa atuação, principalmente se compararmos com a performance de Naomie Harris como a vilã Shriek, personagem essa que tinha grande potencial que foi quase que totalmente desperdiçado. O filme tenta criar uma origem e motivações para cada um dos personagens, mas tudo é feito de maneira tão artificial que não há um real envolvimento do espectador com aqueles vilões. Cletus e Shriek tem motivos plausíveis (dentro do contexto desse universo) para reclamarem sua vingança, mas a história de origem do simbionte Carnificina e suas motivações não fazem sentido algum, por um momento eu criei uma narrativa onde aquilo de alguma forma faria sentido ao final se traçasse um paralelo com a relação de Venom e Ed, mas no final foi só minha cabeça tentando criar sentido (coisa que o filme não se importa em fazer).
O mais engraçado é que, enquanto o vilão tem um trajeto claro no longa, os protagonistas enchem suas cenas com brigas mal feitas, inteligência súbita quando necessária, diálogos expositivos (que estão de sobre pelo filme), e piadas que não funcionam na maior parte das vezes. Fica claro aqui que o roteiro não sabia o que fazer com Ed e Venom durante o filme, então acrescentam conflitos e piadas para completar os espaços entre as cenas dos vilões. Desde o começo do filme, toda a jornada de Ed não faz sentido algum, Venom ganha mais personalidade, falas, e importância na hora de desvendar alguns mistérios do que deveria, tudo o que acontece tem o ar de enrolação para levar até o clímax. O bom disso é, o filme parece ter uma duração bem menor do que realmente tem.
Sobre o confronto final eu tenho algumas ressalvas: Primeiramente, acho que fazer novamente um filme do Venom cujo vilão é um simbionte não é a melhor das escolhas, não há muita criatividade para toda a concepção do embate ser diferente do que já se espera, o que facilmente poderia ser resolvido colocando Shriek como uma parte mais ativa do filme, eventualmente no filme tentam ser mais inventivos colocando toda uma sequência em animação que simplesmente não encaixa no filme, embora eu tenha gostado da animação em si. Porém, apesar de tudo fiquei entretido com a cena na igreja, todas as referências às histórias clássicas do Aranha e até mesmo aos filmes me fizeram observar com certa expectativa do que poderia sair dali.
Venom: Tempos de Carnificina é um filme de ação enlatado, nada é novo, original ou inventivo mas pode entreter quem gosta de filmes semelhantes, como o primeiro. Tem atuações irregulares, roteiro desleixado e piadas que causam constrangimento, porém tudo parece passar muito rápido pela simplicidade da história. A melhor cena é a que acontece entre os créditos, então espere para ver e depois comente aqui o que achou dessa cena.
*Nossa avaliação é de 2.3/5