[TBO Batman (1989)] Batman e Coringa: amizade tóxica desde a infância

Por Matheus Augusto

Foto: Reprodução/ Warner Bros.
Foto: Reprodução/ Warner Bros.

Michael Keaton pode estar prestes a voltar à pele de Bruce Wayne, mas você se lembra da primeira vez que ele assumiu essa alcunha? Em 1989, Michael Keaton vivia Bruce Wayne, em “Batman”, de Tim Burton. Quase 30 anos depois, o ator deve reviver um dos papéis mais marcantes de sua carreira. Os planos da DC, ao que indicam os principais portais de notícia internacionais sobre cultura pop, envolvem o reaparecimento do personagem no filme solo do Flash. Sua volta, no entanto, parece ser puramente uma tentativa de reorganizar o multiverso da DC e não na expectativa de atrair bilheteria ou impressionar por uma excelente atuação. Veremos como isso será desenvolvido nos próximos anos… Neste TBO vamos voltar no tempo, assim como a DC quer fazer.

Confira também o TBO sobre “Batman & Robin”.

Em 1989, o já famoso Jack Nicholson aceitava o papel para interpretar o Coringa – para muitos, a melhor atuação do personagem, mesmo com as excelentes performances de Heath Leagder e Joaquin Phoenix. Ali, o ator conhecido principalmente por “O Iluminado” marcava no cinema um personagem psicóticos, com oscilações de humor, que em um minuto dançava, em outro, matava.

Somos apresentado a um Batman, de certa forma, violento. Com a tirania e agressividade, ele tentar livrar a sombria Gotham City do crime. Obviamente, ele não tem sucesso e ele é tratado como uma lenda urbana. Em mais uma tentativa frustada de combater o crime, Batman derruba Jack Napier, um criminoso do baixo escalão, em um tanque de químicos. Nascia o Coringa.

Foto: Reprodução/ Warner Bros.
Foto: Reprodução/ Warner Bros.

O homem que não consegue parar de sorrir – e matar – sobe na escala social do crime, passa a controlar a máfia para qual trabalhava e deturpar a “ordem” vigente em Gotham. Ao contrário dos criminoso que o Morcego estava acostumado a enfrentar, o Coringa é imprevisível. Ambos passam a se aproximar através de Vicki Vale (Kim Basinger). Ela deseja descobrir mais sobre a existência de Batman e acaba se apaixonando por Bruce. O Coringa também parece se interessar por ela.

Outro conhecidos personagens também são apresentados, como o comissário Gordon (Pat Hingle) e Harvey Dent (Billy Dee Williams). Eles, no entanto, aparecem apenas ocupar espaço e não possuem mais do que três ou cinco falas, nenhuma digna de alta relevância. Assim como o jornalista Alexander Knox (Robert Wuhl), suas histórias são apenas superficiais e, na maior parte, totalmente descartáveis.

Avancemos um pouco para uma das cenas mais repetidas na história do cinema: a morte dos pais de Bruce. Relembrando o passado, agora o Batman reconhece o Coringa como o responsável por matar seus pais. Nascia o Batman. Esse, além do caos misturado com o humor criado pela excelente interpretação de Jack Nicholson, é um dos pontos mais fortes do filme. Em determinadas cenas, são mostradas e questionadas a similaridades entre o Morcego e o Coringa, ambos com tendência psicopata. Eles dependem um do outro, pois representam sua origem. São dois personagens que criticam a loucura um do outro, mas são incapazes de perceber a própria.

Foto: Reprodução/ Warner Bros.
Foto: Reprodução/ Warner Bros.

Tanto o roteiro quanto a direção não criam nada de espetacular, mas fazem uma história consistente do início ao fim do filme. Um problema aqui, resultado da instabilidade do vilão, é a oscilação brusca em alguns momentos entre cenas mais lentas e mais agitadas. A inconsistência, porém, não chega a prejudicar o ritmo do filme, que flui bem.

Outro elemento de destaque é o cenário. As locações e a fotografia ajudam a criar ambientações lindas, caricatas e excêntricas, refletindo a personalidade dos personagens. Já a trilha acompanha a megalomania dos personagens, indo do drama gótico à músicas mais ligadas à comédia, e ajudam a traduzir o clima das cenas.

Foto: Reprodução/ Warner Bros.
Foto: Reprodução/ Warner Bros.

Temos em Batman (1989) um excelente filme, que poderia muito bem ser mais valorizado e lembrado não apenas pela excelente atuação do Coringa, mas também por ser uma excelente obra de super-herói, em uma época onde os efeitos visuais não eram nem perto o que são hoje. Muitos do elementos apresentados na trilogia de Christopher Nolan já haviam sido tratados, mesmo que superficialmente, aqui. É preciso também reconhecer a importância do filme em estabelecer um universo heroico mais realista, pé no chão, no cinema por Burton. Nascia um clássico.