O documentário inédito “Lugar da Fala”, segundo longa-metragem de Felipe Nepomuceno, será exibido pela primeira vez, em estreia mundial, dia 12, às 17 horas, na Première Brasil Geração do Festival do Rio no MAM.
O documentário foi produzido pela Nepomuceno Filmes (produtora carioca de conteúdo audiovisual de Felipe e da produtora executiva Tereza Alvarez), realizado de forma totalmente independente, como ato de resistência e afirmação de meios de produção alternativos frente a realidade atual do cinema brasileiro.
Utilizando a câmera de um aparelho de telefone celular, nenhum recurso de iluminação artificial, e valendo-se de sua condição de estudante do Curso de Graduação em Direção Teatral na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), Felipe Nepomuceno convidou mais de 70 estudantes, dos quais 32 estão no filme, para entrar em uma pequena sala do Departamento de Estética e Teoria do Teatro do Centro de Artes e Letras, e falar com total liberdade sobre suas vidas, pensamentos, sentimentos, memórias, e fazer performances musicais e teatrais, a partir de suas vivências na Universidade.
Assim, passagens de textos de William Shakespeare, Federico García Lorca, Lima Barreto e Hilda Hilst, se emaranham com falas extremamente pessoais dos alunos e alunas, trazendo a tona temas como racismo, machismo, homofobia, transfobia, assédio, além de um questionamento sobre o sistema educacional do Brasil e o dia a dia dos estudantes, em uma sociedade cujo conservadorismo e ódio representam constante ameaça e censura às suas existências.
Em “Lugar de Fala”, não é apenas o conceito proposto por autoras como Frances Gages, Lélia Gonzalez e Djamila Ribeiro que orienta a narrativa. A oportunidade de estar em um espaço seguro para falar livremente sobre suas vivências e percepções do mundo, foi o grande catalisador desse filme-diálogo.
“Fazer este filme foi uma prática de escuta e aproximação, transformadora em muitos sentidos. As pessoas falavam muito próximas de mim, a menos de um metro de distância da câmera – um aparelho de celular em um tripé. Estávamos sempre sozinhos, nessa pequena sala, e essa intimidade acabou revelando muito do universo particular de cada um. Procurei interferir nas narrativas o mínimo possível, muitas vezes fazendo as perguntas com uma única palavra. “Universidade”, por exemplo. Perguntas minimalistas tem o poder de produzir repostas íntimas.” Conclui Felipe.