Análise sobre o filme “ Kasa Branca”, a convite do Festival do Rio, aqui no site Cebola Verde
O filme “Kasa Branca”, dirigido por Luciano Vidigal, é uma obra que transborda emoção e relevância social ao trazer para as telas a história de Dé, um jovem negro da periferia que cuida de sua avó com Alzheimer. A trama, já por si só comovente, ganha ainda mais profundidade ao explorar a importância da amizade e da união comunitária, com os três amigos de Dé se unindo para proporcionar momentos de felicidade a ele e sua avó antes que ela se vá.
O longa é um raro e bem-vindo exemplo de como o cinema brasileiro pode explorar o afeto e a solidariedade dentro da comunidade negra. A união entre os personagens é tocante e inspiradora, uma mensagem poderosa sobre não soltar as mãos uns dos outros, mesmo nos momentos mais difíceis. Vidigal orquestra essa sensibilidade com uma direção impecável, sem cair em estereótipos ou sentimentalismo exagerado. Ele opta por uma abordagem que é ao mesmo tempo realista e poética, exaltando a força dos laços afetivos e a importância de celebrar as pequenas vitórias da vida cotidiana.
“Kasa Branca” também se destaca por abordar temas densos e urgentes como o abandono paterno e a gravidez na adolescência, sem nunca perder o foco na centralidade do afeto e da esperança. São questões delicadas, tratadas com a devida complexidade, mas sempre permeadas por uma aura de pureza e sentimentalidade que envolve toda a narrativa.
O filme ainda está em exibição em festivais, mas há uma expectativa crescente para sua chegada aos cinemas. “Kasa Branca” promete ser um marco, não só por sua qualidade cinematográfica, mas também por sua capacidade de representar com autenticidade uma parcela da sociedade que muitas vezes é invisibilizada. É uma obra que fala sobre o valor das relações humanas e sobre como, em meio às dificuldades, a amizade e o amor são forças poderosas que sustentam a vida.