Análise sobre o filme “Invocação do Mal 3”, da Warner Bros. Pictures (a convite da Warner Bros. Pictures BR), aqui no site Cebola Verde. Confira a ficha técnica da trama:
Nome: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (The Conjuring: The Devil Made Me Do It)
Estreia: 03 de junho de 2021 – 1h 53min
Direção: Michael Chaves
Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Ruairi O’Connor, Julian Hilliard, John Noble
Distribuidora: Warner Bros. Pictures
Gênero: Terror
Mais um filme da franquia “Invocação do Mal” no ar. Você, assim como eu, deve estar cansado de toda semana sair um filme novo da Annabelle e se questionando se ainda vale assistir os recentes filmes de terror. Está certo que o terror vem passando por muitas mudanças recentemente, algumas não tão bem-vistas pelo grande público fã do gênero, ao mesmo tempo que alguns filmes parecem enguiçados no começo dos anos 2000 e já não agradam mais ninguém. Eu, particularmente, não sou o maior fã do gênero e gosto muito dessa nova leva de diretores que tentam por reinventar a forma de causar desconforto, medo ou tensão com seus filmes. Por esses motivos eu fico até surpreso por estar elogiando esse filme, particularmente gosto dos filmes principais da franquia e isso tem muito a ver com a forma que o James Wan conduz as narrativas de forma que as assombrações não são o foco; o fator humano brilha nesses filmes e muito disso também é culpa da incrível escalação de elenco.
Quando soube que o terceiro capítulo dessa saga não teria a direção do James Wan eu fiquei apreensivo, ainda mais por ser o meu caso preferido do casal Warren. “The Devil Made Me Do It” como ficou conhecido o caso, assim como também é o subtítulo original do filme, é o primeiro caso jurídico nos Estados Unidos em que um réu se diz inocente pois cometeu o crime enquanto estava possuído por um demônio. Todo o ar desse caso tinha tudo para fazer desse o filme mais interessante da franquia e com uma dinâmica completamente diferente dos demais (embora os filmes anteriores tenham atmosferas bem diferentes entre si). Mas fiquei bem surpreso com a escolha do filme em não se focar na parte jurídica e aproveitar essa história para fazer diversas homenagens aos filmes consagrados do gênero enquanto foca no que realmente faz essa franquia especial, Ed e Lorraine Warren, ou melhor, a incrível química entre Patrick Wilson e Vera Farmiga que estão cada vez mais parecidos com os reais personagens.
David Fincher, Scott Derrickson, John Boorman e principalmente Clive Barker são referenciado o tempo inteiro na direção de Michael Chaves (que confesso não ter visto nenhum trabalho anterior dele). Mas além de uma trama cheia de elementos que se amarram, quase sempre, uns nos outros o que faz esse filme valer a pena são as atuações. Um destaque especial para Vera Farmiga que simplesmente rouba o filme para si, ainda bem que o roteiro optou por dar mais espaço para a personagem sobressair. Mas deixo algumas menções honrosas como o pequeno Julian Hilliard que está por toda parte em Hollywood ultimamente, e com razão, ele abre o filme com uma cena extremamente frenética de exorcismo que já me deixa preocupado com o psicológico dessa criança que participa de projetos muito complexos e pesados. Outro novato que brilha é Ruairi O’Connor, espero ver mais desse ator em breve. E para encerrar as menções eu sou obrigado a dizer como é gostoso ver o John Noble atuar, embora sua participação seja muito breve já deixa um sorriso no rosto do espectador toda vez que ele aparece. Dito isso, já posso dizer em que o filme não se sai tão bem assim.

O filme já começa com esse ritmo frenético na cena de exorcismo que evidencia alguns dos problemas que teremos ao longo do filme. Primeiramente a montagem do filme, especialmente no primeiro ato é muito esquisita, o filme parece uma colcha de retalhos de cenas que parecem não conversar com a cena anterior, todo o filme sofre de uma falta de foco narrativo que em vários momentos me tiraram da imersão do filme. Muito disso se dá pela escolha do roteiro em contar essa historia a partir da metade dela, deixando assim alguns núcleos que embora interessantes acabam atropelando uns aos outros, causam uma sensação de que poderiam ser melhor explorados e criam a necessidade de formular uma nova ameaça para história, que embora renda ótimas dinâmicas, parece corrida e pouco explorada uma vez que o caso em si já era complexo suficiente para sustentar um filme inteiro. E se engana quem acha que a direção do James Wan não faz falta, principalmente nas cenas de terror em si vemos uma tendência de repetir certos clichês do gênero ao mesmo tempo que tentam subverter eles. O resultado é o filme menos assustador da franquia, jumpscare já não assusta ninguém e os momentos de silêncio antes da ameaça acabam sendo saturados já na primeira metade. Sobre os efeitos especiais, senti uma queda de inventividade nos efeitos práticos em relação aos filmes anteriores, mas ainda se mantendo acima da média dos filmes do gênero. Já o CGI em si é funcional a maior parte do filme, mas mesmo os momentos com menos orçamento não chegam a incomodar.
No geral, Invocação do Mal: A Ordem do Demônio é um bom filme de terror, mas que sofre com diversas pequenas faltas que acabam se distanciando dos seus antecessores. Falta de tempo para alguns plots e personagens, falta de uma direção criativa, falta de uma trilha sonora mais presente, falta de um foco narrativo, falta de um horror mais consistente e principalmente a falta de espaço para o antagonismo.



