É sobre Roberto Bolaños

Como Chespirito marcou várias gerações

As perguntas são inúmeras e as respostas também, quem sabe não esclarecemos um pouco?

Nascido na Cidade do México em fevereiro de 1929, Roberto Gómez Bolaños, mais conhecido como Chespirito foi inegavelmente um dos melhores  atores/diretores/produtores do século XX, não somente por sua capacidade de criar personagens mas por fazer mágica com o que sempre criou. Desde cedo interessado pelas artes, trabalhou na área de composição para rádio e televisão, amante de Charles Chaplin, escrevia diversos roteiros para filmes e programas, e o pontapé para o imenso sucesso foram as esquetes filmadas para o “Sábados de la fortuna”, no quadro “Los Supergenios de la Mesa Cuadrada”, onde ele já contracenava com Ramón Valdés (Seu Madruga), Rubén Aguirre (Professor Linguiça, opa, Girafales) e María Antonieta de las Nieves (Chiquinha). O êxito foi tanto que ele ganhou um programa fixo, e no final dos anos 70, passa-se a chamar “Programa do Chespirito”, é nessa época que surge o primeiro personagem emblemático de Bolaños: Chapolin Colorado.

É necessário lembrar o contexto histórico a respeito de heróis na tv. A febre dos quadrinhos já havia sido instalada, mas o primeiro grande sucesso de herói no cinema foi somente em 1978 com o “Superman”, mas não vamos ser injustos, em 1948 também tivemos o herói nas telinhas em uma série, porém Christopher Reeve é que foi o gênese de centenas de filmes heróicos nas telas. Entretanto em 1970, ia ao ar o simpático Chapolin Colorado, um herói (e ai de quem não o reconheça como um) atrapalhado mas com o coração gigante. Referência de herói pequeno era ele, quando tomava suas pílulas de nanicolina, não o Homem-Formiga. Seu tamanho e formato corporal não muito usual para um herói, logo caiu nas graças dos espectadores. Chapolin tem episódios icônicos, poderia citar vários mas a cena que marcou a minha infância foi o episódio “O planeta selvagem”, as risadas eram certas.

Mas é claro que não vamos deixar de falar sobre o maior sucesso de Roberto, “El Chavo Del Ocho” (1971). Primeiramente, a série fazia parte de um dos esquetes do “Programa Chespirito”, mas devido ao sucesso ganhou mais espaço, com episódios mais longos e mais destaque. Já em 1973 começou a ser exportada para diversos países, chegando ao Brasil apenas em 1984 transmitido pelo SBT. “Chaves” ficou tão conhecido, que rapidamente caiu nas graças dos brasileiros. Os bordões até hoje são imitados e produtos são vendidos.

Mas por que será que Roberto Bolaños obteve tanto êxito?
1) Suas esquetes eram de fácil entendimento, com palavras que todos pudessem compreender (exceto por algumas dublagens que ficaram um pouco desconexas com o português).
2) Humor considerado “besteirol”, por mais que muitas vezes inteligentíssimas.
3) Personagens cativantes, fazendo o espectador se indentificar muitas vezes ou até sentir um determinado apego.
4) Episódios catches, ou seja, faz ficar vidrado até o final para ver o desfecho.

Esses são os quatro pilares que posso identificar para Chaves ter conseguido superar todas as expectativas e até hoje ser transmitido, por mais de 30 anos no ar e não existe enjoo, é sempre um prazer sentar para ver os episódios e gargalhar mesmo sabendo as falas. Em todas as obras de Chespirito vemos toques de genialidade, tanto no roteiro, que ele fazia questão de fazer, quanto nas atuações. O jeito de improvisação no set fez com que as coisas se tornassem cada vez mais naturais e os personagens fossem ganhando afeto. Mesmo depois de 28 anos da última gravação e da morte de Bolaños, Ruben Aguirre, Angelines Fernández e Ramón Valdés, continuam colocando sorrisos no rosto dos mais velhos e da nova geração. Quem é fã, ou quem apenas acha o programa interessante, faz questão de passar para a próxima geração, os importantes ensinamentos e valores que se encontram em cada episódio, talvez esse seja o ponto principal do imenso sucesso, a mensagem transmitida que jamais se é esquecido.