A Filha do Reich, do jornalista e historiador Paulo Stucchi, tem tudo para ser uma das sensações do maior evento literário de 2019.
Um filho renegado pelo pai. Um pai aparentemente frio. A relação entre Olaf e Hugo Seemanné a temática central da obra A Filha do Reich, título que tem tudo para ser uma das sensações na XIX Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.O jornalista e historiador Paulo Stucchi estará durante o dia 7 de setembro, no estande do grupo Editorial Pensamento, do selo editorial Jangada.
Com o enredo envolvente, Stucchi construiu uma trama que reúne milagres, traição, amizade, amor e morte em um cenário inusitado: os horrores da Alemanha nazista. Ao receber a notícia da morte do pai Olaf – um ex-soldado alemão refugiado no Brasil – o designer Hugo Seemann viaja para a cidade de Nova Petrópolis, na Serra Gaúcha, para cuidar do funeral.
O que parecia ser uma mera formalidade de despedida torna-se uma intensa jornada ao passado. Durante o período que esteve na cidade gaúcha, Hugo é bombardeado com informações referentes ao passado do pai: uma chave misteriosa, um baú cheio de lembranças, um caderno revelador e cartas enigmáticas.
É com o surgimento de Valesca Proença que Hugo fica ainda mais instigado. Ela lhe mostra uma carta enviada por Olaf à sua mãe, contendo estranhas revelações que contradizem tudo o que achavam que sabiam a respeito de seus respectivos pais. Neste momento, Valesca e Hugo iniciam uma saga para descobrir, muito mais do que suas origens, o passado sombrio de Olaf. A obscura organização – surgida na época do Terceiro Reich – está por trás de um grande segredo: a verdadeira identidade de uma criança conhecida somente como A Filha do Reich.
O livro é perfeito para quem gosta de mistérios e reviravoltas. Os capítulos se alternam entre passado e presente e o autor revela os enigmas em doses homeopáticas, o que motiva o leitor a virar cada vez mais páginas. Além disso, os diálogos prendem e fazem dessa ficção um exercício mental fácil de ser elaborado, em um contexto para lá de estimulante e descrições cheias de detalhes, como é possível verificar no trecho em que o autor apresenta o primeiro milagre da trama:
“Ela caminhou em minha direção sem, aparentemente, ser notada por qualquer soldado. Sorriu para mim de modo discreto, exibindo os dentes podres. Por fim, falou em alemão perfeito: “Vi o que aconteceu. Deve estar doendo muito.” Balancei a cabeça positivamente. Se pedir ajuda a Deus era algo impensável para um soldado alemão, conversar amistosamente com uma prisioneira judia era um crime sem perdão. (…) ela envolveu meu pé esquerdo com as duas mãos e fechou os olhos. Fosse o que fosse, aquele ritual miraculoso não estava surtindo efeito —a dor continuava fortíssima. Ela voltou para mim seu olhar vívido, que parecia ainda mais brilhante e cheio de energia do que antes” (A Filha do Reich, página 8 e 9)
Este é o terceiro livro de ficção com fundo histórico do autor. A primeira obra com esse perfil literário foi O triste amor de Augusto Ramonet, que se passa no Chile de Salvador Allende, durante o golpe de Estado de Pinochet. Depois, o jornalista escreveu o romance Menina – Mitacuña, que tem ambientação na Guerra do Paraguai. “Gosto de escrever ficção com fundo histórico, cujos os fatos permitam-me criar livremente, de acordo com o fio condutor da trama”, admite.