Disco tem masterização do responsável por clássico do The Strokes.
Empunhando sua guitarra, Olívia de Amores faz um som ao mesmo tempo delicado e sujo, com reflexões memorialistas e temáticas urbanas refletindo uma nova juventude amazonense. Manauara com orgulho, Olívia é multiartista e atualmente grava todos os instrumentos de seu álbum de estreia “Não É Doce”, ao mesmo tempo que abre seu coração em transposições visuais de todas as faixas. O álbum será lançado em 2019 e já tem dois singles disponíveis.
Olívia ganhou reconhecimento na cena independente amazonense com o trio Anônimos Alhures, com quem tocou e cantou por 10 anos. Mas não era suficiente. Vendo as canções que guardava na gaveta desde a adolescência, ela notou que tinha um caminho criativo diferente por vir.
“Apesar do reconhecimento como guitarrista, cantora e compositora na cena, eu sabia que havia sentimentos que não podiam ser vivenciados naquele formato e contexto. Eram mais íntimos, mas tão agressivos quanto rock. Só que nem sempre eu achava que era pro palco, e nem sempre podia ser executado num trio”, conta ela.
Em 2013, a Olívia de Moraes começou a se tornar Olivia de Amores quando ganhou um impulso com um prêmio da Secretaria de Cultura do Amazonas, pelo roteiro que elaborou para a música “Plano Baixo”. Esse foi o primeiro passo e primeiro single solo da artista.
Mas tudo mudou no fim de 2016 e começo de 2017, quando a vida de Olívia virou de cabeça pra baixo. Ela passou por uma sequência de perdas: a morte da bisavó e uma das principais bases familiares, de uma amiga e o término de um longo namoro foram os impulsos para ela questionar seus rumos, se trancar em estúdio com um produtor e trabalhar em suas canções.
A já lançada “Post-it” é um contraponto ao espírito de “Plano Baixo” e fala abertamente desse processo de reconstrução e inspiração após as perdas. O clipe foi registrado durante o período de um ano, filmando um segundo importante de cada dia.
“Minha intenção com o clipe é mostrar que, mesmo na época mais sombria, nos dias mais tristes, é possível um segundo mostrar a beleza do mundo ao redor. No vídeo, eu faço exatamente o que as pessoas fazem nas redes sociais diariamente, só que não só mostrei apenas bons momentos. A experiência do registro me mostrou algo que eu quis dividir com as pessoas: todo dia vale a pena ser vivido”, explicou Olívia.
Atualmente finalizando seu visual album, ela ainda carrega consigo toda a presença de sua voz e guitarra. O disco se chama “Não é Doce” e tem produção musical de Bruno Prestes e masterização do americano Steve Fallone, responsável pelo álbum “Room On Fire”, do Strokes. O trabalho é uma grande revisitação à memória da artista. Por ser extremamente pessoal, os instrumentos têm sido gravados exclusivamente por ela.
O resultado é uma obra que caminha por diversos pontos do espectro emocional, carregado com dor e esperança e que passa longe de ser doce.