Contos do Universo de LoL: Prelúdios do florescer Mortal

Confira os fragamentos de contos lançados recentemente sobre o Florescer Mortal


Em decorrência dos eventos que antecedem a Segunda Guerra de Ionia contra Noxus, saiu dois novos contos sobre o evento Florescer Mortal. Confira fragmentos deles:

UM PEDAÇO DE BOLO DE SOMBRA

POR ODIN AUSTIN SHAFER

Xayah saltou na folhagem das árvores, tentando escapar dos disparos que vinham das paredes do templo. Os humanos chamavam suas armas de “rifles Kashuri”. Eram armas mortais e, obviamente, os guardas da cidade eram guerreiros bem treinados. Mas eles tinham chegado tarde demais. Tarde demais para acertá-la. Tarde demais para deter os membros da tribo que ela comandava, que já tinham escalado o antigo templo e encontrado o que ele abrigava: um quinlon.

Tratava-se de um círculo de cinco rochas enormes que giravam em torno de si mesmas, pairando no ar. Era como um grande guardião, que continha encantamentos ancestrais destinados a frear e limitar a magia natural desta terra.

Da superfície acinzentada do quinlon, desciam várias cordas que os vastayeses tinham pendurado em pontas fixadas às rochas. Os membros da tribo eram os vastayeses Kepthalla. Seus corpos eram cobertos de penas, assim como os vastayeses da tribo de Xayah, e eles tinham cabeças longas com grandes chifres que saíam do topo.

Em algumas das cordas, via-se corpos sem vida pendurados pela cintura. Lá embaixo, no chão, mais corpos espalhados. Dezenas de companheiros que morreram tentando alcançar a pedra. Abatidos pelos impiedosos mísseis dos humanos. Mas o sacrifício deles garantiu a corda de que Xayah precisava.

Com a cabeça, ela fez um gesto afirmativo para Rakan, seu amante e parceiro. Ele roubou-lhe um beijo e pegou o pacote que ela segurava. Em seguida, Rakan saltou rumo ao topo das árvores.

“Uhuuu!”, gritava ele de alegria enquanto pulava de árvore em árvore com uma velocidade alucinante.

O salto final superou a altura da torre, uma distância maior do que uma dúzia de homens apoiados nos ombros uns dos outros.

Enquanto ele saltava cada vez mais alto, Xayah sentiu o ar fugir de seus pulmões. Tantos tinham morrido na luta por este momento… e agora ela temia pela vida de seu amado. Tudo parecia muito iluminado. A capa de Rakan brilhava como o sol por entre as finas nuvens do outono. As armas o perseguiam. Mirando. Tudo se resumia a isso. Mas a intensidade dos saltos dele estava diminuindo…

Acima dele, em uma das cordas, um Kepthalla saiu de seu esconderijo e se balançou em direção a Rakan. Mas Rakan estava perdendo velocidade. E as armas começaram a disparar contra ele.

Era um plano absurdo, baseado em uma acrobacia de circo que ela tinha visto o amado fazer. Xayah sabia que não devia ter confiado nisso. Ela tinha apostado tudo — a batalha, a confiança da tribo e a vida de seu amor — na sorte e na capacidade atlética de Rakan. Sem dúvida, ele era um guerreiro e um grande acrobata. Mas as armas eram muitas. Se ele errasse, hesitasse, desacelerasse… se ele fosse ferido…

O vastayês pendurado pela corda presa à pedra estendeu as mãos e Rakan as agarrou, lançando-se ainda mais para o alto.

Logo, ele se pôs ao lado do quinlon. Com sua capa voando majestosamente, ele escalou a superfície praticamente vertical da pedra. Ele estava rindo. Rindo e zombando dos mortais que disparavam contra ele.

“Seu debochado”, murmurou Xayah alegremente. Finalmente, ela sentiu as próprias mãos se abrirem.

“O que foi, comandante?”, perguntou o minúsculo mensageiro-cantor Kepthalla ao seu lado.

“Anuncie a retirada! Tirem todos daquela pedra”, berrou Xayah.

O mensageiro soprou a corneta que carregava consigo. O som intenso e melancólico ecoou pela floresta e pelas paredes do templo.

Os Kepthalla começaram a abandonar o quinlon. Deslizando pelas cordas, pulando, caindo, eles corriam para a floresta. Eram presas fáceis para os atiradores… mas os humanos não morderam a isca. Os mortais sabiam que Rakan era o único alvo que importava. Mas agora ele estava sozinho.

Os tiros explodiam à sua volta, abrindo pequenos buracos na pedra do quinlon. Quando chegou ao topo, Rakan colocou o pacote no chão e olhou ao redor, confuso. Ele encarou Xayah e deu de ombros.

“Não, seu idiota!”, gritou Xayah. “Os fósforos! Os palitos atrás da sua orelha!” Mas as palavras se perderam em meio aos tiros e à distância.

Xayah saltou para o topo das árvores, expondo-se aos atiradores, e fez um gesto como se retirasse algo de trás da orelha.

As balas acertavam tudo em volta dele, espalhando pequenos fragmentos de estilhaço e poeira. Mas Rakan só se protegia os olhos da claridade e olhava para Xayah. Ao ver o gesto dela, ele se lembrou do resto do plano.

Em seguida, puxou um fósforo das penas atrás da orelha. Riscou-o contra a pedra. Curvou-se sobre o pacote com o palito na mão. E, depois, saltou para trás.

Ele usou a capa para direcionar a queda, planando em zigue-zague para desviar dos tiros. Rakan era um guerreiro-dançarino, e sua maior habilidade era saber quais seriam os próximos movimentos dos inimigos antes que eles mesmo soubessem.

Ele esbarrou na copa das árvores, perdeu brevemente o controle, bateu em um galho e, de alguma forma, conseguiu dar um mortal invertido e pousar graciosamente ao lado de Xayah.

“Eu sou o próprio deslumbre em movimento!”, gritou Rakan, triunfante. Em seguida, ele entregou o palito ainda fumaçando para Xayah. “Ainda precisamos disso?”

Ashai-rei”, praguejou Xayah, passando a mão na testa. “Não, não precisamos mais do fósforo.”

“E agora?”, perguntou Rakan.

“Vejam como as armas dos próprios humanos — uma bomba usada contra o nosso povo em Navori — vai destruir nossa prisão!”, gritou Xayah, não para Rakan, mas para os Kepthalla que se aglomeravam em volta dela.

A resposta foi o silêncio… seguido por outra rajada de balas que varreu a floresta.

“Rakan, você se lembrou de acender o rastilho?”, perguntou Xayah, com toda a calma possível e se perguntando, não pela primeira vez, por que insistia em contar com ele nessas situações.

“Rastilho?”, questionou Rakan.

Mas, antes que Xayah gritasse, ouviu-se uma grande explosão.

A maior pedra do quinlon se despedaçou. Era maior do que uma casa, e seus estilhaços colidiram com as outras pedras que pairavam ao redor. Neste momento, as pedras circundantes pararam de girar.

“Coloquei o palito de fósforo naquele cordãozinho”, disse Rakan, no instante em que as pedras restantes começaram a se sacudir. Em seguida, elas despencaram, todas ao mesmo tempo. Quando caíram no vale e no monastério, a terra tremeu.

O quinlon gigante se fora e, de repente, incontáveis séculos de magia foram libertados como uma represa que se rompe, causando uma enchente.

No entorno de Xayah, a floresta transparecia um brilho intenso. O fogo fátuo pulsava por todos os lados na forma de pequenas estrelas. Seres mágicos de formas estranhas reluziam com a luz do reino espiritual, aparecendo e sumindo nas cercanias. Era magnífico.

Continua aqui

SORORIDADE DA GUERRA, PARTE II: A MORTE INQUIETA

POR IAN ST. MARTIN

Ela não consegue respirar.

Seus olhos estão abertos, mas não há nada a ser visto, além de uma intensa e sufocante escuridão que a esmaga. Sua respiração começa a ficar mais fraca. Ela puxa o ar de forma lenta e ríspida. O cheiro que inunda suas narinas é de sangue e vísceras, algo semelhante a um abatedouro pútrido. Há algo mais naquela mistura. Algo fino, cáustico e pungente, espiralando em direção a seus pulmões.

O peso ao redor dela se altera. Ela ouve algo pesado cambaleando, um som abafado de membros sem vida debatendo-se na lama. A escuridão vai desaparecendo aos poucos, dando forma à sua prisão. Farrapos ensanguentados. Armadura quebrada. Carne violada e fria.

Restos mortais. Ela está enterrada sob corpos.

Surge uma ânsia obsessiva por lutar, escapar e sobreviver. A adrenalina corre visceralmente por veias exaustas. Ela se esforça, debatendo-se de um lado a outro para forçar um espaço entre ela e o amontoado de cadáveres. Um fino traço de luz, fraco e tremeluzente, surge distante. A esperança a inunda de frenesi. Ela escala como pode, usando suas unhas como garras. Sua visão está turva, sua respiração pesada. Ela vai abrindo o caminho, cada vez mais amplo.

Sua mão está livre. O ar frio invade tudo, alastrando-se por seus pulmões, mas aquele cheiro amargo e tóxico ressurge. Ela engasga quando o cheiro cobre sua língua, escorrendo pela garganta. Empurra um braço para fora, forçando-se como pode para sair.

Agora, cabeça e braço estão livres. Ela tenta tomar fôlego, mas seus pulmões ardem como dois braseiros acesos. Finalmente consegue ver o terreno revirado em lama, com partes queimando em tons de azul e prateado, abarrotado de mortos. Um tronco cortado parece se estender em busca de seus galhos perdidos, enquanto as folhas gritam em línguas irreconhecíveis. A batalha acabou.

Ela vislumbra formas vagando pela fervilhante e pálida neblina. Criaturas aproximam-se após a carnificina: pássaros perversos e cachorros descarnados. Os mortos agora nada mais são do que carniça, um banquete apodrecido.

Logo adiante há um corpo, aquele que ouvira cair do topo do monte. Um garoto caído no chão, com a armadura quebrada e aberta. O que servira como proteção agora não passava de entulho.

Um cachorro se alimenta. O focinho do animal controla os movimentos do cadáver como um titereiro controla uma marionete. Ela tenta gritar, no intuito de afugentar a fera, mas sente como se lâminas cortassem sua garganta. A fumaça encobre tudo com o toque acre e corrosivo. A cabeça do garoto refestela-se para o lado, e os olhos dele, sem vida, encontram-se com os seus.

Ele pisca.

Arrel endireitou-se e colocou as mãos contra o solo no intuito de fazer com que sua cabeça parasse de girar. O cheiro de terra molhada e grama começa a se destacar mais do que o odor de ar azedo e sangue que sentira no sonho. A água da chuva goteja pelos furos da barraca e pingam sobre sua cabeça.

Ela olhou para o lado e viu Segundo sentado, observando Arrel atentamente enquanto segurava o elmo dela nas presas. Ela encarou o cão-dragão por um momento, tentando afastar as últimas imagens da boca daquela besta faminta estufada de tripas. Com um gesto dela, ele se aproximou silenciosamente e soltou o elmo em suas mãos, bem no momento em que uma pequena fresta fora aberta na barraca.

“Senhora”, disse uma voz familiar do lado de fora, “Chegou a hora!”.

Arrel recolocou o elmo e inspirou áspera e lentamente, ignorando a dor que queimava seus pulmões antes de levantar-se. O tecido úmido do saco de dormir foi achatado por seus pés quando pisou sobre ele ao deixar a barraca e encarar a chuva que esperava lá fora. Primeiro seguiu a rastreadora, unindo-se aos outros três membros da matilha que esperavam do lado de fora, aguardando o regresso de sua mestra.

Erath recuou da barraca, observando Arrel cautelosamente. O sono dela não era nada silencioso, e havia ficado ainda pior desde que partiram de Fae’lor.

“Você está bem?”, perguntou ele.

“Desarme a barraca”, retrucou a rastreadora. Arrel olhava atentamente através da pequena clareira no monte lenhoso que escolheram para acampar. Ele estava cercado opor uma chuva gentil, que reluzia e brilhava em cores iridescentes. Algumas gotas caíam sobre o chão, como de costume; outras, cintilavam no ar como minúsculas estrelas e dissolviam-se em um amálgama de luzes com um suave tilintar bem distante.

Ela odiava Ionia, e esta a perseguia até mesmo em seus sonhos. Ela poderia jurar que, ao revirar as imagens em sua cabeça, o corpo de Riven estava entre aqueles mortos. Se isso fosse verdade, tudo seria tão mais simples…

Arrel olhou sobre os ombros para Erath, que estava mais atrás. “Ela ainda se lembra do cheiro?”

O escudeiro assentiu. “A lâmina da ferreira rúnica ainda canta pra ela.”

“Então irei à frente”, disse Arrel, já caminhando.

“Não será necessário”, disse Erath. “Teneff e eu encontramos um vilarejo próximo e planejamos fazer uma parada para abastecer nossos suprimentos.”

Arrel grunhiu e seus punhos cerraram. “Devemos evitá-los. Não somos bem-vindos aqui.”

“Mas nossas provisões estão cada vez mais escassas”, Erath replicou. “Teneff e eu vamos sós. Ela acha que Marit, Henrietta e seus cães poderiam atrair uma atenção desnecessária. Voltaremos o mais rápido possível e retomaremos o nosso caminho.”

Após um instante, Arrel assentiu.

Erath desconhecia o nome do vilarejo. Como tudo em Ionia, presumiu ser algo irreconhecivelmente poético, como um segredo sussurrado entre amigos que ele jamais ouviria e nem mesmo poderia compreender.

Pensara que a chuva faria com que conseguissem passar despercebidos. O grupo havia descartado o máximo possível de indumentária noxiana ao deixar Fae’lor para não chamar a atenção dos locais e do império, mas ainda eram forasteiros em uma terra inóspita. Enquanto seguia Teneff pelas ruelas enlamaçadas do vilarejo, Erath sentia que todos os olhos dali o fitavam, dissuadindo-o de qualquer pretensão de camuflar-se.

“Não se afaste de mim”, disse Teneff, com seus modos ásperos contrastando com a postura calma que Erath tentava adotar, mesmo não se sentindo nem um pouco tranquilo. Ambos estavam armados, mas isso não era incomum entre os habitantes de Navori. No entanto, Erath estava começando a perceber que nem toda arma podia ser vista.

“Espera aí”, sussurrou Teneff, e os dois recuaram e encostaram na parede de uma casa de chá. Um conflito surgia mais adiante, num aglomerado de homens trajados de vermelho ao redor de um idoso ioniano. Uma pequena multidão de espectadores começava a se formar.

“O que eles estão fazendo aqui?”, indagou Erath, com os olhos fixos no soldados de Noxus.

“Temos um posto avançado um pouco mais ao sul”, sussurrou Teneff. “Talvez estejam patrulhando, mas talvez seja uma represália caso tenhamos sido atacados pela Irmandade durante a noite.”

Os dois se aproximaram, circundando o amontoado de gente que observava o confronto. Erath encobriu a cabeça com o capuz ao máximo. Seus dedos acariciavam o pingente de osso no pescoço e logo passaram para a pequena lâmina que carregava no cinto. Pararam de se aproximar quando estavam perto o suficiente para que os gritos no ar tornassem-se palavras audíveis.

“Eu vir pra festival”, tentava explicar o senhor idoso com seus lábios lutando para versar o va-noxiano. “Em Weh’le.”

“Weh’le”, repetiu o soldado que liderava os outros. “Você está bem longe.” Ele cravou os olhos no embrulho de papel que o senhor carregava.

“Ch-chá.” O ioniano abraçou o pacote contra o peito, tentando protegê-lo. “Este chá, chá do florescer.”

O soldado cerrou os olhos. “Todo esse trabalho, ir a Weh’le e voltar, só por causa de chá?”

“Já ouvi falar desse festival”, comentou outro noxiano. “É o festival da morte deles.”

“Celebrando heróis de guerra?” O líder noxiano aproximou-se do homem. “Lembrar do passado, desenterrar velhas feridas… Isso pode acabar colocando ideias loucas na cabeça das pessoas.”

“É, como atear fogo em uma paliçada durante a noite”, acrescentou outro soldado.

“Não é nada disso”, rebateu o ioniano. De repente, o embrulho que ele carregava começou a cintilar num leve brilho azulado. Os noxianos prontamente entraram em posição de batalha, erguendo as lâminas contra o ioniano.

“Isso é magia!”, gritou o líder. “Isso é uma arma!”

“Não! Isso, isso é…”, o senhor lutava contra a própria língua para encontrar as palavras. “Ezari! Ezari, meu… filho. Esposa minha, velha para ir. Eu trazer para ela, ver filho.”

“Basta de mentiras”, rosnou um noxiano.

“Claro, claro, como da última vez!”, berrou outra soldada, com olhos vidrados com as cicatrizes de um passado odioso. “Todos vocês se fazem de bonzinhos, até que viramos as costas, vocês sussurram alguma maldição e bum! Boyod começa a pegar fogo, as pernas de Iddy desaparecem, o coração do meu amigo Kron vira uma pedra de sal em seu peito! Isso é o que vocês fazem!”

“A coisa está ficando feia”, sussurrou Erath. “O que faremos?”

“Nada”, respondeu Teneff, ainda brutalmente fria. “Essa luta não é nossa.”

“Entregue a arma”, rosnou o líder noxiano, empunhando seu machado com tanta força que fazia a madeira do cabo estalar.

“Isso não arma”, alegou o velho homem. Ele olhava para a multidão, mas os olhos de todos estavam retidos nas lâminas que uma dúzia de noxianos empunhavam, e nada fizeram para ajudá-lo.

“Você a ouviu”, ladrou outra soldada. Ela avançou e pegou o pacote. Os dois tentaram segurar o embrulho e Erath ouviu o som de papel rasgando.

O ioniano gritava, palavras disformes de angústia jorravam de sua garganta enquanto o chá se espalhava pelo chão. Ele tentou salvar ao menos uma porção, mas a chuva já varria qualquer resquício que houvesse em suas mãos.

“Ezari…”, lamentava o velho caído de joelhos enquanto observava o chá sumindo por entre a lama. Cada gota de chuva que caía sobre as folhas maceradas em pó gerava um pulsar radiante de azul. O processo se repetia e ficava cada vez mais fraco, até que finalmente desapareceu por completo.

“Podem vir”, disse o líder dos soldados à multidão enquanto os noxianos entravam em formação para ir embora. “Vamos. Tentem fazer qualquer gracinha e eu boto toda a vila abaixo.”

Xiir!“, gritou o ioniano com o rosto virado para cima, em direção à chuva. “Xiir!”

Erath sentiu uma mão puxá-lo pelo ombro.

“Vamos indo”, disse Teneff sem tirar os olhos dos soldados, enquanto marchavam no sentido oposto.

“Viu aqueles ionianos?”, perguntou Erath. “Nossos colegas não sairão vivos deste vilarejo.”

“Essa luta não é nossa”, repetiu Teneff. “Sentir pena deles não encherá o seu bucho, escudeiro. Teremos que nos virar na estrada.”

“Aquela palavra que ele gritava”, disse Erath, olhando para trás enquanto seguia Teneff. “O que significa?”

“Xiir”, repetiu Teneff. “É um xingamento que usam para nós, que viemos das ‘terras cativas’. Significa ‘gafanhoto’.”