O Anima Mundi, um dos maiores festivais de animação do mundo, chega a sua 27ª edição.
A programação, que acontece de 17 a 21 de julho no Rio de Janeiro, e de 24 a 28 de julho, em São Paulo, contará com mais de 300 filmes de mais de 40 países, incluindo mais de 80 produções ou coproduções do Brasil, mostrando o vigor e a criatividade do crescente mercado de animação no país.
Nesta edição do Anima Mundi, 186 filmes participam das mostras competitivas: Curtas (79 filmes), Curtas-metragens documentário (6), Curtas infantis (33), Galeria (19 filmes experimentais), Portfólio (26 filmes publicitários ou feitos sob encomenda) Longa- metragem (4), Longa-metragem infantil (4) e Realidade virtual (15). Os filmes trazem a infinidade de técnicas que compõem o universo da animação e discutem desde questões existenciais – como o amor e a morte; sociais – como a violência, o racismo, o abuso infantil – e contemporâneas, como a conectividade e questões de gênero.
Já nas mostras não-competitivas 116 filmes serão distribuídos entre as mostras: Panorama Internacional (27 curtas internacionais que apresentam diversas tendências dentro da animação), Animação em Curso (36 trabalhos finais das melhores escolas de animação do mundo), Olho Neles! (24 curtas nacionais que merecem atenção) e Futuro Animador (29 filmes que utilizam as linguagens da animação para experiências educativas).
Na programação infantil, curtas e longas vão discutir a superação dos medos, a importância de se fazer escolhas e ser você mesmo, desenvolvimento sexual, amizade e poluição. Oficinas de massinha e zootrópio também fazem parte da programação, além da exibição especial de “Playmobil – O Filme”, de Lino DiSalvo, que já trabalhou em animações de sucesso como “Frozen – Uma Aventura Congelante” e “Enrolados”. Exibido no Annecy, maior festival de animação do mundo, o longa leva pela primeira vez para as telonas o universo dos famosos bonecos.
A programação inclui ainda as oficinas do Estúdio Aberto e o Papo Animado, que este ano conta com a presença de Fernando Miller, diretor de “Calango Lengo – Morte e Vida Sem Ver Água” e “Furico e Fiofó”, que se inspira no universo Tom e Jerry e animações da década de 1920. Quem tiver um projeto de animação original poderá participar de um laboratório intensivo de séries e concorrer a uma consultoria da Boutique Filmes. Já o Anima Forum, que esse ano será sediado em São Paulo, apresenta uma programação voltada ao fomento, profissionalização e internacionalização do mercado de animação. O festival contará também com os paineis Séries brasileiras e animação infantil e infantojuvenil nas plataformas digitais, A formação de um animador no Brasil, Educação e animação, Festivais de Cinema como agentes estruturantes de mercado e Acessibilidade no audiovisual. Mais detalhes dessas programações serão divulgados em breve.
A Curadoria
“A beleza plástica que as imagens dos filmes apresentam nesta edição é impressionante. Percebemos os animadores com um total domínio dos softwares, utilizando-os como ferramenta para simular perfeitamente os mais variados materiais artísticos, ultrapassando os limites impostos pelo universo digital. Observamos esses destaques durante o processo de seleção, uma das primeiras etapas da pré-produção que nesta edição ocorreu dentro da normalidade possível, já que ainda não tínhamos o quadro de patrocínio definido e não podíamos esperar o final da campanha de financiamento coletivo para isto. E agora vamos conseguir realizá-lo dentro da data prevista”, explica Aída Queiroz, uma das diretoras fundadoras do festival ao lado de Cesar Coelho, Lea Zagury e Marcos Magalhães, responsáveis pela curadoria do Festival desde 1993, data de sua criação.
“Uma das categorias mais originais e significativas do festival, a meu ver, é a que se chama Futuro Animador. São programas gratuitos nos quais a gente se contagia com o frescor e o entusiasmo de crianças, jovens e educadores, independentes ou participantes de diversas iniciativas de todo o mundo, que descobrem o quanto a linguagem da animação pode ser transformadora. É uma tendência que vem crescendo em número e qualidade. Este ano temos filmes interessantíssimos feitos em escolas e oficinas não profissionalizantes do Brasil, Argentina, Bélgica e Portugal, por exemplo”, conta Marcos Magalhães.
“Também estamos com uma excelente competição de longas metragens de animação, refletindo o aumento da produção deste formato em todo o mundo. Vale ressaltar os longas para adultos, uma tendência de mercado cada vez mais forte. Nesta categoria teremos grandes filmes em competição, incluindo o longa brasileiro de Otto Guerra, “Cidade dos Piratas”. “Another Day of Life” tem o diferencial de ser um documentário realizado em grande parte em animação. A categoria de longas infantis também não fica
atrás em termos de qualidade e também inclui um filme brasileiro na competição, “Miúda e o Guarda-Chuva”. Destaco o longa “Away”, da Letônia, animado totalmente por seu diretor, um trabalho impressionante, tratando-se de um longa de animação”, aponta Cesar Coelho.
“Entre tantas obras extraordinárias, destaco os filmes de autor, que por sua natureza são fontes de inspiração e reflexão e não possuem um objetivo de apelo comercial. São trabalhos de artistas independentes, que buscam a renovação com narrativas mais íntimas, pessoais e irreverentes, e fazem parte das sessões de Curtas. Entre estes, os filmes experimentais e/ou abstratos estão nas Sessões Galeria. E para quem busca inovação e tecnologia, a mostra de Realidade Virtual está repleta de obras de estúdios premiados, onde cada pessoa terá uma única experiência através de historias animadas em vários universos virtuais. São 15 obras de 10 países, entre eles o Brasil”, destaca Lea Zagury.