É preciso ter um olhar mais humanizado para os que sofrem com a ausência de uma educação de qualidade. A periferia se encaixa nessa realidade e exprime a ideia de que é preciso democratizar o acesso às culturas. Segundo dados do IBGE (2020), 28,2% da população não têm acesso à educação. No último domingo (31), a edição da PerifaCon, primeira convenção de cultura pop da favela, teve como objetivo reafirmar o compromisso com a cultura nerd, geek e da comunidade. A maior convenção nerd das favelas reuniu mais de 4 mil pessoas na Fábrica de Cultura da Brasilândia, zona norte de São Paulo.
O evento mostrou que o público da periferia também consome o universo da cultura pop, que traz uma variedade de temas que se atrelam às séries, aos livros, músicas, games, entre outros. Este mundo está cada vez mais dominando a cabeça de crianças e adultos, seja no âmbito escolar, profissional ou de lazer. A PerifaCon reacende a conscientização para a democratização de que a cultura deve e pode alcançar todas as classes sociais, inclusive nas zonas de pobreza e periféricas. De acordo com uma estimativa do Banco Mundial, a crise pandêmica empurrou cerca de 100 milhões de brasileiros a pobreza extrema, elevando o total global para 711 milhões em 2021.
A educação é o pilar para a vida de um cidadão alcançar as suas conquistas e ser incluído no mercado de trabalho. A tecnologia, assim como a área dos games, são temas e áreas que o mundo dos negócios vem demandando, e sem acesso a esses cursos específicos, muitos trabalhadores com um certificado não atualizado, deixam de ter um trabalho melhor. Segundo dados de pesquisa realizada pela Tendências Consultoria Integrada, 81% dos desempregados há mais de dois anos são trabalhadores pobres.
“Uma pessoa da periferia precisa ter o mesmo acesso a um processo seletivo como de uma pessoa da zona mais rica, por exemplo. Aqui no Cebrac, investimos no projeto CebracPro que enfatiza que a educação deve ser um direito para as comunidades mais carentes, a fim de que todos possam ter um futuro mais digno e melhor”, ressaltou Rogério Silva, CEO do Cebrac (Centro Brasileiro de Cursos).
A acessibilidade à educação, à tecnologia e ao mundo geek, torna-se mais flexível quando iniciativas como a da PerifaCon disponibiliza informações relevantes às comunidades, sendo capazes de resgatar sempre os seus traços culturais que permeiam pelo mundo. “Um ponto importante a se levar em consideração é que o consumo da cultura pop, além de ampliar horizontes de um jovem para carreira futura, pode influenciar no aprendizado de um novo idioma, como o inglês. Nem todos falam a língua, e quando uma criança tem oportunidade de entender mais sobre os jogos e os temas geeks atuais, ela aprende de forma natural a entender os comandos dos jogos, bem como, passa a ter mais interesse pelo idioma para manter o entretenimento”, explica Renato Garcia, Diretor Publicitário da Minds.
De acordo com uma pesquisa feita em 2019 pela instituição de ensino British Council, apenas 5% dos brasileiros falam inglês e, entre os que falam, a maioria é branca e vem das classes mais altas.
A comunicação está atrelada à educação, que por sua vez, abre caminhos para uma pessoa que busca trilhar uma jornada de sucesso. A PerifaCon despertou os sonhos de milhares de crianças e adolescentes que buscam uma oportunidade na área de Games, da Arte ou da Tecnologia, e proporcionou um dia de atratividades entre sessões de Bate-Papos; Game Perifa, Sessão de Autógrafos com alguns célebres, como: Gabriel Bá (Companhia das Letras); Ale Garcia (VR Editora); Fábio Yabu (Editora Jambô); Leonel Caldela (Editora Jambô). Além dessas atrações, os participantes puderam contar com temas sobre: “Tornando sonhos em realidade: viver de games é possível?”, e com o “Painel Theatro”.