Hoje é comemorado o Dia do Star Wars. Dia 25 é o dia do Orgulho Nerd. Quem vive a cultura dos filmes e músicas, sabe o significado de ter um dia para chamar de seu. Mas, e o dia de orgulho da cultura popular brasileira? Pensando nesse gancho, o artista e quadrinista PJ Kaiowá, vem destacando o protagonismo brasileiro em seus quadrinhos.
A ideia é descolonizar o consumo de entretenimento de massa, valorizando mais o que temos aqui. “Não há formas de simplesmente abandonar ou negar o que vem de fora. Esquecermos tudo que já consumimos e gostamos. Afinal, crescemos com Star Wars, Superman, Mickey e por aí vai. Eu digo é começarmos a pensar a partir daí. Como na música, por exemplo. Pra ilustrar: Nação Zumbi, Planet Hemp, Marcelo D2, Sabotage e o que despertou essa ideia em mim, o disco ROOTS do Sepultura. E mesmo agora com Girl From Rio da Anitta… É assimilar a cultura popular, o regionalismo e inseri-lo em um “tema” universal. Como Sepultura fez em Chaos AD e Roots e o Max Cavalera continua fazendo. Metal, que é universal, e inserir as violas caipiras e as cantigas e tambores dos povos originários ou Marcelo D2 e Sabotage, com o famoso rap com samba, criando harmonia entre esses elementos, construindo assim uma linguagem única”, diz PJ.
No audiovisual também flertamos com isso. Filmes de Cacá Diegues, as produções de Padilha e as histórias de Jorge Amado e Dias Gomes. Sem falar no José Mojica. Esses deram o tom. “A questão não é pegar símbolos nacionais como cartões postais ou folclores (que bem acho que devamos dar um tempo dele pra reaprender e ressignificar tudo. Porque o que sabemos de folclore veio do europeu. É como um estrageiro ensina ao nossos filhos como somos, o que somos e no que acreditamos do ponto de vista DELE e não nosso) e contar a história da mesma forma que o gringo conta”.
Como criativos, a ideia de PJ é olharmos para dentro, entender como falamos, como nos vestimos, como lidamos com as coisas, como resolvemos os assuntos e assim dar o “sabor brasilis” na ficção científica, terror, ação. E não tem como fazer isso sem nos aprofundarmos mais em nossa história. “Para sermos autênticos, temos que buscar o que temos de autêntico: cultura ancestral. Valorizar e aprender a cultura popular. Zerar o que achamos que sabemos do folclore e começarmos a estudar os pensadores e escritores indígenas que falam do assunto. Entender que é preciso quebrar essa cadeia produtiva que temos e abrir o acesso aos meios de produção para termos mais diversidades. Não estou aqui para falar pro público “Deixe de ler Mulher Maravilha e leia Lume” (personagem de PJ que é uma mina preta, periférica e que sonha em ser uma artista bem sucedida na dança). Quero mostrar que ‘Eu Sou Lume’ também é irado e fala de suas questões. Assim como outras histórias tão boas quanto”, completa.