A Maldição da Mansão Bly | Crítica

Análise sobre a série A Maldição da Mansão Bly, da Netflix, aqui no site Cebola Verde.

Confira a ficha técnica da trama:

Nome: A Maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor)

Estreia: 9 de outubro de 2020 (Brasil)

Direção: Axelle Carolyn, Ben Howlling

Elenco: Victoria Pedretti, Amelie Bea Smith, Benjamin Evan Ainsworth

Gênero: Drama, Terror


Dos mesmos criadores de “A Maldição da Residência Hill” (2018), a série teve uma ótima estreia na plataforma, ficando em primeiro lugar logo. Porém, aos que procuravam uma estória super assustadora e com diversos sustos, se decepcionaram. Mas isso não quer dizer que é uma obra ruim, muito pelo contrário. Vamos mais ao fundo.

Começa em um casamento e uma mulher conta uma história de terror e frisa que não aconteceu com ela e lógico que fica claro que foi com ela. Então, ela conta que Dani (Victoria Pedretti) é uma professora e se candidata à uma vaga de tutora de duas crianças, Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth), em uma imensa mansão em uma cidade da Inglaterra chamada Bly, aproximadamente duas ou três horas de distância de Londres, numa zona rural, afastada das demais casas. Logo descobrimos que Dani enxerga uma figura aterrorizante no espelho e vemos mais a frente que é seu ex noivo, falecido por um atropelamento. A questão primária que desenvolve é: seria um espírito ou fruto de uma imaginação que a pertuba por alguma razão? E ainda, a personagem tem questões espirituais ou psicológicas antes mesmo de chegar à mansão, o que nos faz desconfiar de sua sanidade mental logo quando ela começa a trabalhar no local. As duas crianças claramente tem algum tipo de problema, que também faz o espectador desconfiar: será por conta do trauma de perder os pais e ver a babá afogada no lago em seu próprio quintal ou realmente elas conseguem se comunicar com pessoas mortas?

A trama se desenvolve com várias tentativas de causar sustos, quase sempre falhas pois as técnicas usadas nos faz descobrir o susto antes de acontecer. Depois de alguns episódios, há um aprofundamento na história de Dani, onde mostra o que aconteceu com seu ex noivo e o quão ela se sente culpada pelo ocorrido. Os outros funcionários da mansão, Hannah (T’nia Miller) e Owen (Rahul Kohli) são prestativos e sabemos um pouco de suas vidas dentro e fora da mansão. Além desses dois, também existe uma terceira prestadora de serviços, a jardineira Jamie (Amelia Eve) e então chegamos ao ponto principal da série, o envolvimento romântico de Dani e Jamie em que nas primeiras cenas de interação das duas fica implícito. Na verdade, Maldição da Mansão Bly não é uma série de terror, basicamente um suspense com uma grande camada de drama e romance trágico. A jardineira consegue compreender todos os receios de Dani, que se abre e conta sobre seu passado, entende-se que a figura que ela via era o trauma e a culpa que ela carregava e através de um ritual na fogueira, ela o deixa ir.

O caso das duas mulheres torna-se o ponto de suavização do susposto terror, onde no quinto episódio já conseguimos entender a trama e abandonar o medo, e isso foi o problema para muitos pois poderia ter sim essa história de amor mas ainda ter mais cenas de terror, mas claramente isso não foi o proposto pelos diretores e roteiristas que se inspiraram no livro “A Volta do Parafuso” para fazer esta série. O ar confuso e um pouco perturbador pode ser sentido em alguns momentos, em que precisa-se prestar atenção para não se perder em episódios complexos e isso prende a atenção de quem está assistindo, com finais de episódios totalmente misteriosos que não deixa o espectador parar de assistir.

O ponto alto é como eles conseguem resolver o problema, mas infelizmente não conseguiu passar aqueles momentos de terror, de sustos pois ao longo da obra conseguimos “acostumar” com a presença desses espíritos, principalmente quando se explica quem é a mulher do lago e entendemos toda a história extremamente triste e compreensiva, até porque vimos que na verdade ela nem sabia o porquê estava matando, totalmente inconciente. A forma como Dani resolve, a atraindo para dentro de si, já esperamos o pior, que demora a acontecer e nesses anos descobrimos que as crianças não lembram nada do que aconteceu (ainda bem) e que Dani e Jamie estão juntas, firmes. É uma relação de confiança e companheirismo e precisamos dizer o quão incrível é Jamie, dando apoio mesmo sabendo que a mulher não era a mesma depois do ocorrido no lago. As duas constroem uma fidelidade, moram juntas e esperam a manifestação de Viola (mulher do lago) e infelizmente acontece. Dani ao saber que colocaria a vida de Jamie em perigo, resolve voltar a mansão e ao lago pois ali, Viola, está muito mais forte e consegue dominar o corpo de Dani. A sensação de tristeza é inevitável, vimos que as duas não ficariam juntas. E obviamente descobrimos que a narradora é Jamie, a mulher que iria se casar é Flora e os personagens aparecem revelando sua face antiga, Owen, Milles e Henry (Henry Thomas).

Mesmo quem procura uma série parecida com “A Maldição da Residência Hill”, não vai se arrepender pois a trama vai prender de outras maneiras. As atuações são impecáveis, as crianças dão um show de interpretação com papel difícil, conseguindo passar credibilidade e muito melhor que vários atores experientes. O núcleo adulto é sensacional, dando uma atenção especial para T’nia (Hannah), consegue transmitir uma mulher super misteriosa e uma personagem com personalidade firme, bad ass. Portanto, a nota oficial do Cebola Verde é: esplêndido. 

A Maldição da Mansão Bly
Sinopse
Em A Maldição da Mansão Bly, a jovem Dani Clayton (Victoria Pedretti) é contratada por Henry Wingrave (Henry Thomas) para trabalhar numa enorme e antiga mansão, cuidando de seus dois sobrinhos órfãos. Mas tudo se complica quando os irmãos Flora (Amelie Bea Smith) e Miles (Benjamin Evan Ainsworth) começam a apresentar um comportamento estranho. A história se passa na Inglaterra de 1987 e é inspirada no conto "A Volta do Parafuso".
Atuação
Direção
Edição
Roteiro
Trilha Sonora
3.8
Notas