Round 6 – 1ª Temporada | Análise

A violência humana é prazerosa em ser vista?

Análise sobre a primeira temporada de “Round 6”, da Netflix, aqui no site Cebola Verde.

Confira a ficha técnica da trama:

Nome: Round 6 (Squid Game / 오징어 게임)

Estreia: Desde 2021 – 60min em média

Direção: Hwang Dong-hyuk

Elenco: Jung-jae Lee, Park Hae-Soo, Jung Ho-Yeon

Distribuidora: Netflix

Gênero:  Drama, Ficção científica, Suspense


Com certeza você já ouviu falar em “Round 6“. A série do streaming vermelho tem superado as expectativas de muitas pessoas e se tornado um fenômeno. A nova queridinha da Netflix é uma série sul-coreana (k-drama) que envolve desafios mortais em brincadeiras de criança, algo que era para ser totalmente ingênuo, acaba sendo uma situação de pânico. Essa antítese é desafiada pelo protagonista Seong Gi-Hun, interpretado pelo ator e modelo sul-coreano Lee Jung-Jae. Alcançando a primeira posição em todos os 83 países que a exibem, a série criada por Hwang Dong-hyuk explora o melhor e o pior do ser humano, além de discutir problemas sociais, como a desigualdade e pobreza.

A trama mostra um misterioso convite para entrar em um jogo, que é enviado para pessoas em risco que precisam urgentemente de dinheiro. Logo, 456 participantes de todas as esferas da vida são trancados em um local secreto onde jogam para ganhar 45,6 bilhões de wones (moeda sul-coreana). Cada jogo é uma tradicional brincadeira infantil coreana, mas a consequência de perder é a morte.

Squid Game“, ou “Round 6” como a série ficou conhecida aqui no Brasil, aborda tópicos e assuntos importantes com uma narrativa envolvente; vale salientar que a abordagem é profundamente filosófica. Nada na série é por acaso ou está ali de enfeite. O que entra em questão pelo sucesso de “Round 6” é como o ser humano se sujeita a coisas horripilantes por dinheiro e o espectador pelo prazer de ver jogos, desafios, porém com o acréscimo da violência bruta. Enfim, precisamos entender um pouco mais da história de modo detalhado…

Como na série nada é por acaso, o início é importante para entendermos todos os desfechos da primeira temporada, pois apresenta aspectos ligados com o final. Inicialmente conhecemos Seong Gi-Hun, um pai sem guarda da filha, endividado que ainda mora com a sua mãe idosa. Fracassado nos negócios, Gi-Hun é um rapaz viciado em apostas de cavalos, um ato muito comum na Coréia. Assim como em outros países existem diversos métodos de apostas, no Brasil temos também os sites online, onde os jogadores podem apostar em partidas de futebol e muito mais, levando ao vencedor um bom prêmio em dinheiro – o que não é o caso de Gi-Hun. Convidado para participar de um jogo que prometia ao vencedor um prêmio de 456 milhões de wons (moeda coreana), Gi-Hun e mais 455 pessoas endividadas aceitaram participar do game, mas mal sabiam que no final acabariam pagando um preço mais alto pela forma que viveram a vida toda, considerado um verdadeiro karma.

Os nove episódios dessa primeira temporada da série se arrumam em torno dos seis jogos a que o título se refere. Cada jogo e cada morte está sendo acompanhada, registrada e transmitida. A competição tem como tema o universo das brincadeiras infantis. Imagine se no clássico “cabo-de-guerra”, o time que perdesse caísse num abismo? Cada etapa tem seu requinte de crueldade, suas regras e seus “macetes”. Como em todo jogo, é possível vencer se o jogador conhecer aquele simples “detalhe”.

Esse resumo das escolhas reflete na identidade que o diretor Hwang Dong-hyuk dá à série. As consequências são diretamente proporcionais às escolhas pecaminosas de seus personagens; em tese, o livre-arbítrio é muito mais denso do que se parece. A série é totalmente violenta com membros expostos, sangrando, cortados e palavrões. É o mal do ser humano sendo objetivado em uma tela. E mais, isso faz com que o espectador seja um “VIP” de todo esse circo caótico e cruel. O ser humano, para o criador da organização, não possui mais jeito – ele é imutável e perverso.

O horror faz a série ser marcante e ter sua identidade, sendo até mesmo comparada à “Jogos Vorazes” e ao “Jogos Mortais”, porém o roteiro não é perfeito e possui algumas pontas soltas. Quando chegamos até o episódio final, toda a ansiedade para descobrir como terminam os jogos deixa qualquer outro aspecto da narrativa em segundo plano. Até mesmo a decisão final do protagonista não pareceu nenhum pouco convincente pelo o que foi a série.

*Spoiler: O participante 001 é o dono do jogo, ou seja, ele não estava em tese desesperado.

Round 6
Sinopse
Round 6, série sul-coreana original da Netflix, acompanha um grupo de pessoas desesperadas por dinheiro que recebem um misterioso convite para participar de jogos competitivos inspirados em brincadeiras infantis. Sem saber qualquer coisa sobre o convite, centenas de pessoas comparecem ao local para participar do evento. Ao final do jogo, o vencedor poderá levar para casa um prêmio milionário e resolver todas as suas dívidas. Porém, o que eles não sabem é que os perdedores não saírão vivos desse jogo. Agora os competidores precisarão lutar para sobreviver a essa macabra disputa.
4.8
Notas