CEO da Lacoste defende que mulheres devem mirar em cargos de liderança

Rachel Maia comanda discussão sobre liderança exponencial feminina em que executivas dizem apostar em novo momento do mercado.

Há alguns anos vimos, ainda que de forma tímida, as mulheres começarem a se despontar no mercado de trabalho em funções predominantemente masculinas. Hoje, já podemos visualizar um novo movimento, o das mulheres que lideram grande empresas e organizações, como a Lacoste e a Makeda Cosméticos. Aos poucos, a liderança feminina ganha tons de realidade em diversos setores, vence preconceitos no ambiente corporativo e ajuda a ampliar a representatividade feminina em cargos mais elevados.

Exemplo disso é a CEO da Lacoste no Brasil, Rachel Maia, que participou do painel “Liderança exponencial feminina” na APAS Show 2019 ao lado de Leila Navarro, do Instituto Leila Navarro e Sheila Makeda, da Makeda Cosméticos, com moderação de Tatiany Luncah, do Grupo Projeto. Para a CEO, a representatividade feminina nas empresas ainda é baixa, porém, ela existe e isso tem quer ser visto como algo positivo e que sinaliza para um novo momento do mercado.

“Eu sou a presidente de uma empresa global, grande e respeitada. Isso deve ser um alerta para todas as mulheres que almejam evoluir profissionalmente e que, às vezes, desistem de lutar por acreditarem, erroneamente, que este posto nunca será alcançado por elas. A mulher tem que se impor sem medo, tem que mostrar que sabe fazer, tem que se preparar e tem de apresentar coisas diferentes”, saliente Maia.

As pessoas, segundo Maia, estão tentando se acostumar com o diferente, com a diversidade de pensamentos, com a pluralidade de ideias e, sobretudo, com a presença feminina em cargos de liderança. É um erro gigante trazer para perto apenas profissionais que são parecidos e que simplesmente acatam ordens. Empresas que fazem isso estão fadadas a fracassar e não irão sobreviver por muito tempo as crescentes mudanças do mercado.

É preciso mudar o mindset e a forma de se comunicar com os colaboradores e clientes, é preciso falar com todo mundo, tratá-los bem, evitar rotular as pessoas e estar disposto a escutar o outro. Globalmente falando, as mulheres sempre sofreram e ainda sofrem em todos os lugares. Isso não é uma realidade apenas do Brasil, isso acontece no mundo todo, lembra a CEO da Lacoste. “É preciso buscar a equidade, as mulheres não querem excluir os homens ou tomar seus lugares, muito pelo contrário, elas querem somar e serem valorizadas como profissionais competentes”, diz Maia.

Quem compartilha deste pensamento é a diretora da Makeda Cosméticos, Sheila Makeda. Segundo a executiva, as mulheres precisam aprender a lidar com as questões internas e que trazem insegurança, assim como com as crenças limitantes que as impendem de darem passos maiores em direção aos seus sonhos, sejam eles pessoais ou profissionais. “É necessário aprender a dialogar com os medos e sempre escolher seguir em frente”, diz Makeda.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que as mulheres ocupam 37% dos cargos de chefia nas empresas. Um número distante de ser o ideal, mas que já demonstra um significativo avanço em relação às décadas passadas onde essas funções eram ocupadas majoritariamente por homens. Este crescimento, considerado exponencial, ocorre em um momento em que as mulheres se unem para lutar por igualdade de gênero e para que haja o reconhecimento de sua força no mercado de trabalho.

Tatiany Luncah, CEO do Grupo Projeto, lembra que hoje as mulheres estão unidas por um sentimento de sororidade. “Existe uma aliança que nos permite ajudar uma às outras e, assim, conseguirmos reafirmar o nosso lugar em um mercado cada vez mais competitivo e voraz. Com nossa expertise, temos condições de humanizar os processos, ajudar a melhorar os resultados e proporcionar uma experienciação efetiva para nossos clientes e colaboradores”, diz Luncah.

“Aqui, trajetórias tão diferentes e incríveis de realização mostraram que é possível sim e, quem sabe, de alguma maneira, poderão te motivar e transformar sua vontade em ação”, conclui Luncah.

Hoje, o trabalho feminino deixou de ser visto como algo complementar à renda familiar e, em muitos casos, é o principal responsável por prover o sustento de quase metade famílias brasileiras. Os dados, entretanto, apontam grande diferença salarial  entre homens e mulheres, profissionais que muitas vezes ocupam as mesmas funções dentro de uma empresa, mas que por questões de gênero ganham salários diferentes