“Pagofunk Iluminati”, EP de estreia de Jeza da Pedra, ganha versão deluxe

Artista reúne parceiros Afrojazz, Ubunto, João Laion, Bobby Djoy, MC Caten e Ventura Profana em reedição e anuncia disco ao lado de Kassin.

Jeza da Pedra foi do primeiro rapper assumidamente gay na cena do Rio de Janeiro para um dos nomes a se prestar atenção nos palcos nacionais – é o caso do Circo Voador, onde já abriu shows de Rincon Sapiência, Baco Exu do Blues e Letrux; e de fora do país – em Berlim e como atração da Parada LGBTQI em Colônia, na Alemanha, a segunda maior da Europa. Tudo isso partiu do EP “Pagofunk Iluminati”, seu debut lançado em 2017, que chamou atenção de crítica e público pelas letras provocadoras e uma mescla irresistível de funk, umbanda, afrobeat e soul. Agora, o artista encerra esse ciclo bem sucedido divulgando uma versão de luxo do EP, completa com faixas ao vivo ao lado da banda Afrojazz; remixes; e uma canção inédita. O álbum já está disponível nas plataformas de streaming por meio do selo Sagitta Records. Seu próximo passo é um disco em parceria com Kassin, que já está em fase de produção.

Ouça “Pagofunk Iluminati” (Deluxe): http://bit.ly/PagofunkIluminatiDLX

Afrontamento e resistência são palavras chaves na música do carioca Jeza da Pedra. Fruto do subúrbio carioca, Jeza é muitos artistas em um. Rapper, escritor e tradutor, com formação em Letras passando pela conceituada Sorbonne, em Paris, ele nasceu e foi criado no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, zona norte do Rio. Filho de metalúrgico com uma atendente de caixa de padaria, o músico passou boa parte da infância e adolescência no bairro que possui o segundo pior IDH da cidade, entre igrejas neopentencostais, bailes funk e rodas de samba.

Essa combinação incomum resultou em seu EP de estreia lançado no ano passado, “Pagofunk Iluminati”. Moldando a sua realidade com humor, crítica e coragem, Jeza traduz realidades marginalizadas em forma de celebração e dança. O título do trabalho reflete muitas dessas raízes: “O nome surgiu em parte pela minha pira por teorias iluminatti relacionada a certos elementos do hip hop norte-americano e de uma tentativa em emular, através do rap, um recorte estético-musical daquilo que a massa periférica consome nos dias de hoje”, conta Jeza.

Originalmente composto de sete faixas, o EP criou clássicos instantâneos. “Abafar Loló”, um verdadeiro convite para a festa, ecoa “Realce”, de Gilberto Gil, e canções que dialogam abertamente sobre drogas no cancioneiro nacional – como “Lança Perfume”, de Rita Lee, e “Há Tempos”, de Renato Russo. Na versão do EP, isso fica mais evidente ainda pelo uso de um sample de uma canção da cultuada banda Dorgas. Ao vivo, a faixa ganha contornos de R&B contemporâneo e de afrofuturismo.

A oralidade afrodiaspórica é evidenciada em “Rolè de Ogum”: uma mistura de afoxé e afrobeat com inserções poéticas em pajubá, a linguagem do povo de santo reapropriada como dialeto entre travestis e pessoas LGBTs. Mas foi com o single “Terrorista Viado” que o artista chamou a atenção do público carioca e, logo, começou a dividir palcos com nomes de peso como Rico Dalasam e Linn da Quebrada.

Jeza reinventa o “Pagofunk Iluminati” nesta nova versão de luxo. Agora o trabalho se torna um disco completo, recheado de material extra. Algumas músicas ressurgem em formato ao vivo, ao lado da banda Afrojazz. Já “Rolè de Ogum” aparece repaginada em um novo mix do produtor Ubunto, DJ que tem acompanhado Jeza nos palcos. A edição deluxe reflete um artista que, em pouco mais de um ano, se tornou um dos nomes a se prestar mais atenção no cenário de rap nacional.

“Hoje dedico 100% do meu tempo exclusivamente para fazer arte — no modo guerrilha, é claro. O ‘Pagofunk Iluminati’ possibilitou ótimas oportunidades legitimando, ainda que de maneira muito discreta, o meu corre no meio artístico. Abriu portas para tocar em lugares bacanas, até fora do Brasil. Por outro lado, a vida à vera é à base de muita colab,  pouca e às vezes rara remuneração mas segue na fé. Me sinto bastante abençoado por meu nome figurar junto ao de artistas que admiro tanto, ter a oportunidade de trabalhar com gente talentosa como o Ubunto, o João Laion e o Bobby Djoy, tocar um projeto em parceria com um produtor foda como o Kassin, por exemplo. Jamais imaginaria que o meu primeiro EP em menos de um ano fosse me proporcionar tanta coisa boa”, reflete Jeza da Pedra.

Bobby Djoy assina a produção da nova versão de “Cuida Noix”, enquanto João Laion é o responsável por “Terrorista Viado”. O Afrojazz marca presença nas faixas “Pontos de Exu” e “Abafar Loló”, todas já reveladas em vídeos ao vivo. Por fim, completa essa reedição uma canção inédita: “PsiCU”, reunindo outros dos ícones da cena LGBT carioca: Mc Caten e Ventura Profana.

Em 2018, Jeza foi além do “Pagofunk Iluminati”. O artista antecipou o clima de seu novo álbum em um single que amplia a sua sonoridade. “Junto ao meu lado” é uma parceria com Sofia Vaz, da banda Baleia, produzida pelo beatmaker Rick Beatz, que já trabalhou com Filipe Ret e outros rappers de renome. A canção traz tons do R&B experimental para as rimas de Jeza. A faixa está disponível nas plataformas de música digital e ganhou um vídeo arte produzido por João Pacca.

Agora, Jeza da Pedra se dedica a um novo álbum em parceria com o músico e produtor Kassin. O disco será lançado no início de 2019.