Marsara repagina influências noventistas em “Silêncio/Ruído”, seu disco de estreia

Trio transforma em rock alternativo e shoegaze um olhar próprio sobre a ansiedade dos tempos modernos.

Uma sonoridade familiar, que remete às décadas de 80 e 90, embala letras onde se traduzem os anseios e questionamentos modernos. O trio carioca Marsara buscou no passado a linguagem para abordar temáticas universais e atuais, como ansiedade e depressão, nas canções de seu primeiro disco de estúdio. Em meio a ambiências e distorções, “Silêncio/Ruído” traduz a dualidade emocional de quem enfrenta questões de saúde mental. Trilhando a linha entre letargia e intensidade, o grupo mostra seu próprio amadurecimento após os dois primeiros EPs, “No Desencanto de Duras Palavras” e “Münchhausen”, ambos lançados em 2017. O álbum já está disponível nas plataformas de streaming de música.

Ouça “Silêncio/Ruído”: http://smarturl.it/MarsaraSilencioRuido

Iniciada em 2017, a Marsara surgiu com inspirações de bandas como Luna Sea, Misfits e Smashing Pumpkins e foi se tornando um amálgama de referências do rock alternativo e ruidoso dos anos 80 e 90. Essa busca se reflete nos dois primeiros EPs e surge mais experiente no debut, onde a banda compila uma sonoridade mais próxima do shoegaze e um olhar próprio do subúrbio do Rio. O lançamento vem após dois clipes que ganharam notoriedade na mídia especializada e uma de suas faixas (“Minuano e a frente fria depois do calor”) entrando em uma playlist oficial do Spotify, sendo os únicos brasileiros na seleção Novidades Indies.

“Esse álbum é algo que queríamos fazer há tempos e nunca conseguimos antes. Muito por conta do tipo de som que queríamos fazer, dentre diversas outras questões pessoais. Pro álbum nascer, pegamos toda a nossa experiência prévia de outras bandas que tivemos, experiências interpessoais e resolvemos fazer um processo de produção diferente do que estávamos acostumados. Somos só 3 pessoas e todo o processo de composição anda muito rápido. Criava ideias, mandava pelo Dropbox pros outros da banda e assim ao chegar no estúdio, tudo ficava muito mais fácil e rápido de finalizar”, conta o vocalista e guitarrista, Ricardo Martins. Além dele, Fábio Korrto (baixo) e Felipe Marques (bateria) completam o power trio.

As canções se iniciaram das angústias e anseios diários vividos por Martins, que as transformou em letras – muitas vezes compostas no transporte coletivo – e, com a ajuda de Marque e Korrto, ganhou arranjos, melodias, linhas de baixo e guitarra. De algo pessoal e íntimo, as canções se tornaram uma construção coletiva que aborda uma vivência tão particular quanto universal.

“Eu tinha uma ideia muito fixa na cabeça que queria falar sobre questões que vivi, mas que não são experiências únicas minhas. Muitas pessoas se veem perdidas com depressão e ansiedade e eu quis imprimir em 11 músicas. Ao todo, criei aproximadamente 30 demos que foram no final se aglutinando, outras sendo descartadas até chegar nessas 11 faixas”, relembra Ricardo.

Foi na Marsara que as múltiplas experiências musicais de Ricardo, Felipe e Fábio se encontraram. A banda surgiu da vontade de explorar uma sonoridade sem barreiras, incorporando influências em comum e trazendo de cada integrante elementos únicos. O resultado é uma personalidade que transparece em cada canção. Urbana e intensa como o subúrbio de suas origens, intimista e minimalista como suas letras, o primeiro álbum da Marsara entrega uma banda disposta a ir além.

A construção desses universos foi facilitada pela internet, que serviu de plataforma de constante troca de arquivos. De certa maneira, “Silêncio/Ruído” ganhou forma muito antes de chegar ao estúdio, graças a ferramentas como Dropbox, Skype e Discord que permitiram uma construção coletiva remota. Finalizando o processo colaborativo, Sérgio Filho (Black Circle, Blind Horse) assina a mixagem e masterização de todo o álbum, trazendo uma visão externa sobre o trabalho. “Silêncio/Ruído” já está disponível em todas as plataformas de música digital.