TBO Pantera Negra: o filme mais importante do MCU

Wakanda Forever!

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

Confira nosso último TBO. Espero que tenham gostado do quadro!

Na última sexta-feira, 28, o mundo recebeu com choque e tristeza a notícia da morte prematura do ator e diretor, Chadwick Boseman. Chadwick enfrentava um câncer no cólon e morreu após quatro anos em tratamento. Mostrando ser um herói dentro e fora das telas, o artista trabalhou neste período em diversos filmes, dentre eles, “Pantera Negra” (2018). Como homenagem ao legado de Boseman, o nosso último TBO tem o intuito de descascar e enaltecer este que é o filme mais importante do MCU.

Após a aparição em “Capitão América: Guerra Civil” (2016), em 2018 chegou às telonas o filme solo de T’Challa/Pantera Negra (Chadwick Boseman). O longa foi um sucesso mundial e não por acaso é a obra solo com maior bilheteria do Marvel Studios, ao faturar US$ 1,344 bilhão no mundo todo. Além do sucesso comercial, a obra também se tornou um fenômeno cultural e social. Para coroar o sucesso, “Pantera Negra” recebeu diversos prêmios, inclusive o Oscar. Foram sete indicações e Wakanda levou três estatuetas para casa: Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte.

O longa acompanha o novo rei de Wakanda tentando governar e lidar com os erros dos reis anteriores, inclusive com os do próprio pai, T’Chaka (John Kani/Atandwa Kani). A premissa parece simples, mas o que fez esse filme se tornar um sucesso de público e crítica?

“Eu nunca me rendi e, como pode ver, não estou morto”.

Elenco e personagens de peso

No SAG de 2019 – premiação realizada pelos atores de Hollywood – “Pantera Negra” ganhou o prêmio mais importante da noite: o de melhor elenco. E isso não acontece por acaso, o filme conta com grandes nomes que entregam interpretações preciosas e pontuais. Mas para os atores se destacarem, é preciso a funcionalidade de diversos aspectos, dentre eles, bons personagens.

E o filme consegue unir o melhor dos dois: atores talentosos com personagens interessantes e bem trabalhados. A começar pelo protagonista. Chadwick Boseman que entrega um T’Challa imponente, ao passo que também é gentil. Ele é preocupado com seu povo, mas também saber ouvir e aprender com todos – inclusive com seus inimigos. Apesar de aparecer em Guerra Civil, mesmo que rapidamente, em Pantera Negra, o desenvolvimento já iniciado no filme anterior, aflora ainda mais.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

O “vilão” Killmonger (Michael B. Jordan) é um dos melhores apresentados no MCU. Antes do Thanos (Josh Brolin), a Marvel era conhecida por trazer vilões genéricos, sem peso ou motivações interessantes – a exceção de Loki (Tom Hiddleston). Killmonger, por outro lado, tem motivações e elas são plausíveis, embora os métodos nem tanto. Killmonger não é exatamente um vilão, ele é um antagonista para T’Challa em diversos pontos. O laço sanguíneo que os liga, não os une, mas é mais um motivo para a separação de ambos. Michael B. Jordan compõe muito bem o papel e traz em sua atuação toda revolta por ter visto seus irmãos serem oprimidos, enquanto Wakanda não agia. Ideologicamente ele quer algo bom: ajudar os oprimidos do mundo com os recursos que o país fictício tem a oferecer. No entanto, ele quer isso através da guerra. Enquanto T’Challa prefere manter Wakanda protegida e incógnita.

Os personagens secundários também têm camadas de desenvolvimento. Shuri (Letitia Whright), irmã do T’Challa, é o alívio cômico do filme. A gênia carismática, tem personalidade forte e, quebrando os esteriótipos das princesas convencionais, se necessário mostra sua habilidade em batalha. A princesa também é responsável pela tecnologia do país. Apesar de ser badass, um dos pontos altos da personagem, é sua relação com a família, principalmente com o irmão. O laço fraterno é estabelecido perfeitamente e de forma orgânica.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

O interesse amoroso do protagonista é a Nakia (Lupita Nyong’o), mas ela jamais poderia ser resumida a crush de T’Challa. Nakia é ousada e, assim com Killmonger, ela quer ajudar os outros povos, além de Wakanda, porém, de um jeito totalmente diferente do antagonista. Nakia quer que Wakanda abra as fronteiras para os refugiados e, mesmo nutrindo sentimentos por T’Challa, ela não o coloca acima de suas prioridades.

Okoye (Danai Gurira) fecha o grupo de personagens principais. A líder das Dora Milaje enfrenta durante grande parte da trama diversos dilemas éticos. Os conflitos são em relação a sua função como membro da guarda de Wakanda e, portanto, o dever de se manter fiel ao trono – independente de quem o ocupa – e aquilo que ela acredita ser o certo. É intrigante ver a força da personagem e de sua bússola moral.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

De encher os olhos e os ouvidos

Pantera Negra reúne em uma história: ação, drama, uma ótima crítica social e romance. Tudo perfeitamente equilibrado por Joe Robert Cole e Ryan Coogler. A trama inicialmente tem o vibranium como catalizador, até depois subverter delicada, porém ainda forte, para o embate ideológico.

A construção de Wakanda e todas as ambientações do filme são de encher os olhos. O país é quase um personagem, desde suas belezas naturais, como a cachoeira onde acontecem os desafios para o trono, passando pela plantação da Erva Coração, o comércio de Wakanda, os campos do país, as montanhas onde a tribo de M’Baku (Winston Duke) vive, até a parte tecnológica de Wakanda. O figurino dos personagens contribui com a beleza do longa, que é sem dúvidas, o visualmente mais bonito do MCU.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

Para acompanhar, a trilha sonora absurdamente incrível de Kendrick Lamar é mais um ponto positivo. Ela se encaixa perfeitamente ao contexto do filme e contribui para a excelência do longa.

Importância social

Mas, apesar disso tudo, ainda não disse o porquê eu acho esse o filme mais importante do MCU. É neste momento que respondo: pela sua importância cultural e social. Eu, como mulher branca, não tenho local de fala sobre as questões raciais. Por isso, deixemos que Érica Lorraine Gouveia (25), fale sobre a importância do longa em sua vida.

Érica revelou que não acompanha muito filmes de heróis, mas se interessou por Pantera Negra por causa da repercussão do longa.

“Quando eu assisti, fiquei em êxtase. Não consigo explicar exatamente qual foi a maior sensação que me tocou porque foram tantas… Desde orgulho, amor pelo meu povo, vontade de saber mais sobre minha ancestralidade”, disse.

De acordo com Érica, uma das cenas mais marcantes para ela, foi a batalha final.

“Eu queria ser uma Dora Milaje. Eu amo a força feminina deste longa e, graças a ele, comecei a criar uma ideia diferente sobre o que é ser uma mulher negra. Porque somos muito rotuladas como rancorosas, raivosas, guerreiras incansáveis, só que de uma forma ruim… Isso é colocado em nossa cabeça e crescemos com essa ideia. Mas quando a gente assiste a Okoye, a Rainha Mãe, a Shuri, Nakia, você abre um leque de possibilidades do que podemos ser na vida. Isso me fez sonhar mais e acreditar mais em mim” revelou.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

Outro ponto que Érica levantou é a respeito da forma diferente em que os negros foram representados.

“A gente é acostumado a ver os negros serem resumidos em papeis de bandidos ou domésticas, principalmente nas novelas. Para mim foi muito importante ver uma obra em que nós, negros, somos protagonistas em uma situação de poder. É importante ver negros ocupando lugares de poder. É muito difícil a gente chegar no topo e quando isso acontece, somos mais cobrados. É inadmissível para nós errar, porque se errar, existe aquele medo de que não irão dar oportunidades para outros negros. O filme nos mostra o erro do T’Chaka e o filho corrigindo a falha”, argumentou.

Sobre Killmonger, Érica ponderou que é bem representativo em vários pontos.

“Ele cresceu nos Estados Unidos sofrendo e vendo o preconceito, além de toda questão envolvendo o que aconteceu com seu pai. Ele se tornou uma pessoa raivosa e, na vida real, as pessoas quando estão com raiva tomam as piores decisões. Ele estava ferido e magoado e reivindica algo válido, porém, por se deixar levar pela raiva, acaba se tornando uma pessoa radical”, contou.

Foto: Reprodução/Disney
Foto: Reprodução/Disney

Filme: Pantera Negra/Black Panther

Ano: 2018

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 134 min

Direção: Ryan Coogler

Roteiro: Joe Robert Cole, Ryan Coogler

Elenco: Forest Whitaker, Angela Bassett, Sterling K. Brown, Daniel Kaluuya, Martin Freeman, Danai Gurira, Lupita Nyong’o, Michael B. Jordan, Chadwick Boseman, Andy Serkis

Foto: Reprodução/Disney
Pantera Negra
Conheça a história de T'Challa, príncipe do reino de Wakanda, que perde o seu pai e viaja para os Estados Unidos, onde tem contato com os Vingadores. Entre as suas habilidades estão a velocidade, inteligência e os sentidos apurados.
Atuação
Direção
Fotografia
Roteiro
Trilha Sonora
4.3
Notas