#TBO La la land: amor pela arte x amor romântico

Cantando entre fãs e haters, homenagem à Hollywood aproxima o público com uma história realista

Foto: Divulgação/Summit Entertainment
Foto: Divulgação/Summit Entertainment

Nesta sexta-feira, 12, é comemorado o dia dos namorados no Brasil. Isso significa, dentre outras coisas, que as redes sociais serão invadidas por um torrencial volume de declarações de amor, a programação dos canais de filmes incluíra inúmeros longas tratando do tema e o comércio provavelmente lucrou um pouco mais. Apesar de ser comemorado em outra data no restante do mundo – 14 de fevereiro -, o dia dos namorados, ou “Valentine’s Day”, é tema de inúmeros roteiros de Hollywood. Muito mais do que esta data, a forma como o amor romântico e relacionamentos são tratadas na indústria cinematográfica são bem característicos. Por isso, nesta semana o #TBO vai abordar três filmes de romance. Confira também nossa resenha sobre “Titanic” e “Questão de Tempo”. Continue neste texto para acompanhar nossa resenha crítica de “La la land”.

Importante salientar que este texto não tem a intenção de desacreditar no amor, muito pelo contrário. A ideia é abrir uma vertente diferente daquela frequentemente mencionada e quebrar o paradigma de que para um relacionamento dar certo, o casal precisa permanecer junto a todo custo.

A maioria das histórias tem dois tipos de desfecho: a) quando o amor é capaz de superar todos os empecilhos e unir o casal; b) apenas a morte é capaz de separar os amantes. Aqui vamos falar sobre um clássico moderno, vencedor de seis Oscar’s, além de ser amado e odiado grande e igualmente pela audiência.

Lançado em 2016 – certamente o ano com os longas que mais dividiram a opinião do público -, “La la land” conta a história de um casal que se ama, mas quer realizar seus sonhos na ensolarada Los Angeles. No entanto, apesar do sentimento, os sonhos de ambos acabam se tornando conflitantes dentro do relacionamento do casal. O musical já inicia com um plano sequência de dita muito bem o tom do filme, ao menos a maior parte dele. A cena em questão, mostra os motoristas largando seus carros para cantar e dançar nas vias. A paleta de cores desta sequência, assim como no resto do longa, é bem estourada, com destaque especial para as cores amarelo, azul e vermelho. O efeito, assim com a obra em si, divide opiniões, mas inegavelmente é um aspecto que reforça a personalidade de La la land.

Além de todas as características técnicas, o musical conta uma história que, aparentemente, é clichê: dois jovens que sonham em viver da arte se apaixonam e decidem correr atrás de seus objetivos juntos. Sebastian (Ryan Gosling) um jovem pianista talentoso, porém sem sucesso, sonha em perpetuar o jazz, Mia (Emma Stone) é uma jovem atriz que tem um encantamento pelo estrelato. Os dois começam um relacionamento e tudo parece estar indo bem, porém, quando Sebastian alcança o sucesso, os conflitos entre as agendas dos dois e os problemas de um relacionamento que parecia perfeito começam aflorar.

Rompimento de expectativas

Após outros desdobramentos, o casal acaba se separando, como é de praxe neste gênero, mas ao contrário do que se vê neste tipo de filme, o amor não supera todos os obstáculos e o término é permanente. Ou melhor, até supera, mas não amor romântico, mas sim o amor de Mia pela atuação. A mocinha termina o longa casada, com filhos e uma carreira consolidada no cinema. Porém, Sebastian não faz mais parte de sua vida.

Foto: Reprodução/Summit Entertainment
Foto: Reprodução/Summit Entertainment

A cena final do filme é uma das mais emblemáticas do gênero. Mia e o marido acabam por acaso num clube onde Sebastian se apresenta e enquanto o pianista realiza sua performance, ambos imaginam como suas vidas seriam se eles tivessem tomado pequenas decisões diferentes.

Esperança mesmo no fim

Mas apesar do tom melancólico em relação ao romance, ambos protagonistas têm finais felizes, cada qual realizando seus sonhos, mesmo que separadamente. O filme traz a dupla lição, sendo uma dura e a outra esperançosa e, apesar de não ter sido o primeiro longa a abordar histórias de amor cujo o casal não termina junto, foi feito de maneira sensível e realista com uma homenagem à Hollywood como pano de fundo. E o relacionamento deles não deu errado por eles não terem terminado juntos. Os dois foram experiências indispensáveis na vida um do outro e os reflexos deste envolvimento resultaram no sucesso de ambos.

Foto: Reprodução/Summit Entertainment
Foto: Reprodução/Summit Entertainment

Tecnicamente incrível, mas ainda imperfeito

Assim como mencionado anteriormente, a paleta de cores de “La la Land” é bem característica na maior parte do tempo. Apesar de original e reforçar a personalidade do longa, as cores podem ser consideradas saturadas e é compreensível o desconforto com ela.

A direção de Damien Chazelle é de encher os olhos e apesar da justa indicação ao Oscar de melhor diretor, fica a sensação de que o prêmio seria mais merecido em “Whiplash”. Não obstante à qualidade do filme que a cada frame parece uma pintura, devido aos perfeitos enquadramentos, a obra tem suas falhas.

Foto: Divulgação/Summit Entertainment
Foto: Divulgação/Summit Entertainment

Até metade do filme é perfeitamente perceptíveis os momentos em que as músicas estão chegando, às vezes dá a impressão de que é apenas para cumprir a cota para o musical, o que acaba soando mecânico. Veja bem, o problema não é quantidade músicas – afinal, trata-se de um musical – mas a forma com que algumas são “espremidas” no longa.

8 ou 80

Mesmo com todas as glórias, o filme conta com inúmeros odiadores. Os conhecidos “la la haters” são conhecidos por desgostar fortemente da obra em todos os seus detalhes. Por outro lado, igualmente intensos há os “la la leis”. Eles são completamente apaixonados pela obra e inconformados até hoje com a derrota do filme para “Moonlight”. Mesmo com as polêmicas, La la land é um musical maravilhoso e, mesmo com suas falhas, o longa é facilmente o 3º melhor filme de 2016 – perdendo apenas para Moonlight (1º) e “A Chegada” (2º).