We’re Groot!Imagine um investidor ouvindo que a Marvel quer levar às telonas uma equipe desconhecida pelo grande público, composta por uma árvore, um guaxinim, um pirata espacial, uma assassina e um valentão incapaz de entender metáforas? Agora imagine que além de aprovarem a ideia, o filme seja inserido no meticuloso MCU? Se em 2008 a Marvel foi considerada audaciosa ao escolher dar o pontapé inicial em seu universo cinematográfico, o MCU, com um herói do segundo pelotão de popularidade – Homem de Ferro – agora o nível era ainda mais arriscado. Mas mesmo na época parecendo improvável, “Guardiões da Galáxia vol. 1” foi um sucesso de público e crítica e elevou a equipe a um patamar jamais imaginado para a equipe. Mas qual o segredo por trás de um filme que tinha tudo para ser um fracasso se tornar uma das obras mais amadas do MCU? Vamos tentar responder essa pergunta no TBO de hoje.
Com James Gunn na direção e com uma liberdade criativa poucas vezes vista no Marvel Studios, Guardiões da Galáxia, aposta pesado no humor e até então foi o filme mais divertido do MCU. O grupo de desajustados que se unem com o intuito nada nobre, mas acabam formando uma relação com o decorrer da trama, aliado a uma trilha sonora espetacular – eu diria que é uma das mais marcantes do cinema recente -, diálogos hilários e uma sugestão de ameaça mais significativa que em outros filmes do universo são alguns méritos do longa.
A criação do universo, colocando em cada planeta por onde a história passa uma atmosfera diferente, a pluralidade de criaturas coerente com o que se espera de filmes do gênero também somam pontos para a produção.
A grande família
No longa, Peter Quill (Chris Pratt) quer vender um orbe, quando seu caminho se cruza com a letal e filha de Thanos, Gamora (Zoë Saldana). Por sua vez, a dupla Rocket Raccoon (Bradley Cooper) e Groot (Vin Diesel), caçadores de recompensa, querem capturar Quill. O quarteto acaba preso, onde conhecem Drax (Dave Bautista) que por sua vez quer vingar o assassinato de sua família, matando Gamora.
Eventualmente o grupo disfuncional acaba chegando em um acordo para um plano que consiste na fuga da prisão, venda do orbe e a vingança de Drax. Em meio a discussões e confusões, acompanhadas de uma playlist dos anos 1980, o grupo viaja pela galáxia para cumprir sua missão.
Ameaça
Este é o primeiro filme em que Thanos (Damion Poitier/Josh Brolin) de fato aparece pela primeira vez – excluindo a cena pós-créditos de “Os Vingadores” (2012). Ele cumpre uma função quase de Palpatine, aparecendo mais como um holograma do que fisicamente, mas ainda estabelecido como uma ameaça que deve ser temida.
A função de realmente antagonizar com os guardiões da galáxia, fica por conta de Ronan O Acusador (Lee Pace), que tem uma motivação pautada na ideologia de “purificar o universo”, bem similar ao discurso nazista e, para tal, ele precisa da joia do poder que está dentro do orbe.
União sinistra Saqueadores x Nova x Guardiões
Após levarem uma surra e precisarem impedir Ronan de destruir a galáxia, afinal, eles são alguns dos idiotas que vivem nela, o grupo se une a Tropa Nova e os piratas espaciais conhecidos como Saqueadores, mas nem isso é suficiente.
A única forma possível para salvar a galáxia é como acontece em “Footloose” (1984), ou seja dançando. Parece estúpido e, de fato é, mas também é eficiente.
O filme equilibra ação, humor, música e drama de forma impecável, sendo assim um dos que mais se beneficia da fórmula Marvel sem se esforçar para tal. As situações mais improváveis são apresentadas a cada cena, mas a construção de James Gunn é tão fluída, que é impossível não se agarrar a elas.
Claramente “Guardiões da Galáxia” ganhou o sinal verde por ter vindo para adicionar mais uma equipe além dos Vingadores no catálogo do MCU. Talvez se a Marvel tivesse naquela época os direitos de outros personagens, como Quarteto Fantático e X-Men fossem da Marvel, Guardiões nunca tivesse ganhado espaço. E hoje parece tão distante uma realidade do MCU sem essa equipe disfuncional…
Trilha sonora como personagem a mais
A trilha sonora de um filme tem papel primordial na hora de contar história. É ela que vai ajudar na ambientação de uma cena, às vezes com mais eficiência do que diálogos ou as imagens projetadas. E em Guardiões da Galáxia, ela se torna quase um membro da equipe.
Mas fazer uma trilha sonora não se trata apenas de encher um filme com a playlist preferida do cineasta. No cinema, o som também é silêncio, portanto, é preciso parcimônia na hora de encaixar na trama e ajudar na narrativa, em vez de quebrar o ritmo.
James Gunn selecionou sucessos das décadas de 1970 e 1980 para compor a trilha de GG. Durante a produção, o cineasta teve de brigar com a Marvel para conseguir manter as músicas nostálgicas no longa. E ainda bem que ele conseguiu, pois grande parte da trama depende especificamente da “Awesome Mix Vol. 1” de Peter Quill.
Filme: Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy) — EUA, 2014
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn, Nicole Perlman (baseado nos quadrinhos escritos por Dan Abnett e Andy Lanning)
Elenco: Chris Pratt, Vin Diesel, Bradley Cooper, Zoe Saldana, Dave Bautista, Lee Pace, Michael Rooker, Karen Gillan, Djimon Hounsou, John C. Reilly, Glenn Close, Benicio Del Toro, Laura Haddock, Josh Brolin
Duração: 121 min.