TBO Flashpoint: às vezes não fazer nada é o melhor

"Vou só ajeitar uma coisinha e... rapaz, ferrou foi tudo"

Foto: Reprodução/Warner Bros.
Foto: Reprodução/Warner Bros.

“Aceite o que você não pode mudar, tenha a coragem de mudar o que pode e a sabedoria de saber a diferença”

Se o Universo Estendido DC (DCEU) em live-action polariza a opinião dos fãs, o mesmo não pode se dizer quanto ao DC Animated Universe (DCAU). Desde o pontapé inicial dado em 2013 com a animação “Liga da Justiça: Ponto de Ignição” até o último filme lançado neste ano, o universo apresentado de forma coesa e respeitosa com a história da editora. O primeiro longa desta safra é uma adaptação dos quadrinhos “Flashpoint” (2011), trama que resultou no reboot da editora com os “Novos 52”. A DC já acreditava e tinha sucesso em animações há algum tempo, mas foi com Ponto de Ignição que a editora resolveu apostar em um universo interligado nos seus filmes animados. Coincidência ou não, foi em 2013 que a editora iniciou o DCEU com o lançamento de “O Homem de Aço”. Com os recentes rumores envolvendo o filme do Flash, o TBO vem com a missão de descascar uma das melhores animações da DC.

Um dos feitos da animação é conseguir condensar de forma eficaz toda uma mudança de paradigmas que são resultados de um único ato bem intencionado, mas que foge do controle. A trama, por ter viagem no tempo, conta com timeline alternativa e toda construção do novo e, ao mesmo tempo já conhecido, mundo é feita com o aprofundamento necessário. É louvável entender como a narrativa consegue contar uma história complexa como esta em apenas 70 minutos.

Início de um sonho

Desde a sequência inicial é possível notar a conexão de Barry Allen (Justin Chambers) e sua mãe Nora Allen (Grey DeLisle). Ainda no princípio  é estabelecida a culpa que Barry carrega por não ter sido “rápido o suficiente” para impedir o assassinato de sua mãe. Mesmo décadas depois, já acentuado como Flash, é nítido que o herói não consegue simplesmente superar o fato.

Ainda no primeiro ato, a Liga da Justiça é apresentada. Além do Velocista Escarlate, a formação conta com Mulher Maravilha (Vanessa Marshall), Aquaman (Cary Elwes), Cyborg (Michael B. Jordan), Superman (Sam Daly), Batman (Kevin Conroy) e Capitão Átomo (Lex Lang). A equipe vence Professor Zoom (C. Thomas Howell) e sua turma de vilões.

Porém, mesmo com a derrota, o vilão consegue ter um efeito sobre Barry ao mencionar, de forma velada, o fracasso do herói em salvar quem ele mais queria.

É neste contexto que Flash acorda e ao sair para atender um pedido de socorro, tropeça em sua mãe. É aí que tudo se complica…

Deu tudo errado

É intrigante lembrar que neste caso os heróis se tornam as ameaças desta realidade. A começar pelo protagonista que em um ato bem intencionado, mas egoísta, acaba alterando todo universo.

Por outro lado, o Aquaman tem um caso extraconjugal com a Mulher Maravilha que resulta na guerra entre atlantes e amazonas – e consequentemente na iminente destruição do mundo. Em meio ao apocalipse, Capitão Átomo é usado como uma arma de destruição em massa.

Foto: Reprodução/Warner Bros.
Foto: Reprodução/Warner Bros.

O Batman desta Terra alternativa também é totalmente diferente do qual conhecemos. A começar pelo fato de não termos um Bruce Wayne. A identidade do Cavaleiro das Trevas é Thomas Wayne (Kevin McKidd) e seus métodos de ação fazem os de Bruce quase delicados.

Superman é outro personagem que muda drasticamente. Sua chegada à Terra dizimou parte de Metrópolis e o alien acaba preso pelo governo. A figura imponente, símbolo de esperança e poder, dá lugar a uma figura que, sem nunca ter visto a luz do sol, é reapresentada com um físico nada parecido ao habitual, porém, a parte mais chocante é o latente desanimo estampado em sua expressão apática.

Cyborg é o único que se mantém parecido com sua versão conhecida. Apesar de trabalhar para o governo estadunidense, ele é o único com atitudes esperadas de um herói.

Foto: Reprodução/Warner Bros.
Foto: Reprodução/Warner Bros.

Ao encontrar este cenário e perceber que seus poderes se foram, Barry tem uma única suspeita sobre o responsável: Zoom.

Força, resignação e sabedoria

A famosa frase: “dai-me força para mudar o que pode ser mudado, resignação para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra” casa perfeitamente com a trama. Por isso mesmo ela é usada como conselho de Nora para Barry. A maior jogada de Zoom é justamente deixar Flash perceber que ele é o causador daquela distopia e, mesmo com o fim do mundo próximo, o vilão aproveita cada segundo de derrota e esforço em vão do herói.

A duras penas, Flash consegue perceber a mensagem, mas será que é o suficiente para trazer a realidade ao normal?

Foto: Reprodução/Warner Bros.
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Um novo universo

Ponto de Ignição foi o alicerce do DCA e, embora flerte com a excelência, em alguns momentos a animação se assemelha a um projeto piloto. Isso pode ser notado nos traços, que embora sejam decentes, não estão perfeitos.

A obra também contou com a cena pós-créditos que faz ligação ao filme seguinte da equipe: “Liga da Justiça: Guerra”. Ponto de Ignição pode ser considerado o filme mais impactante desse universo, já que suas consequências são vistas em praticamente todos os outros longas. Algumas de forma mais descarada, como em “Esquadrão Suicida: Acerto de Contas” ou principalmente em “Liga da Justiça Sombria: Guerra em Apokolips”, lançado neste ano, o longa encerra este universo. Ponto de Ignição é um filme indispensável para os fãs.

Liga da Justiça: Ponto de Ignição (Justice League: The Flashpoint Paradox – EUA, 2013)
Direção: Jay Oliva
Roteiro: Bill Finger, Geoff Johns, James Krieg, Andy Kubert
Elenco: Justin Chambers, C. Thomas Howell, Michael B. Jordan, Kevin McKidd, Dee Bradley Baker, Steve Blum, Kevin Conroy, Sam Daly, Dana Delany, Grey Griffin, Cary Elwes, Nathan Fillion, Jennifer Hale, Danny Huston, Danny Jacobs, Peter Jessop, Lex Lang, Vanessa Marshall, Candi Milo, Ron Perlman, Kevin Michael Richardson, Andrea Romano, James Patrick Stuart, Hynden Walch
Duração: 75 min

Foto: Reprodução/Warner Bros.
TBO Liga da Justiça: Ponto de Ignição
Flash viaja no tempo para consertar algo que aconteceu no passado, mas acaba criando uma realidade paralela, onde a Liga da Justiça não existe, o Superman está desaparecido e a Mulher Maravilha e o Aquaman estão em guerra.
Atuação
Direção
Traços
Edição
Roteiro
4
Nota