Capitão América: Admirável Mundo Novo | Crítica

Análise sobre o filme “Capitão América: Admirável Mundo Novo”, da Walt Disney Pictures (a convite da própria), aqui no site Cebola Verde. Confira a ficha técnica da trama:

Nome: Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World)

Estreia: 13 de fevereiro de 2025 de 2024 – 1h 58min

Direção: Julius Onah

Elenco: Anthony Mackie, Harrison Ford, Danny Ramirez

Distribuidora: Walt Disney Pictures

Gênero: Ação, Ficção Científica, Aventura, Fantasia


Capitão América: Admirável Mundo Novo chega aos cinemas em um momento de cansaço e reavaliação do público em relação aos lançamentos recentes do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Diferentemente das campanhas anteriores, que geravam um hype massivo com trailers impactantes e eventos grandiosos, o material promocional deste filme adotou uma abordagem mais discreta e contida. Esse tom reflete, por um lado, uma estratégia da Marvel de apostar em produções com maior qualidade narrativa e, por outro, a saturação de super-heróis que tem levado parte da audiência a buscar histórias mais profundas e consistentes.

A série Falcão e o Soldado Invernal deixou várias pontas soltas – arcos políticos e pessoais que muitos fãs esperavam ver fechados em um filme solo do Capitão América. A expectativa era que Admirável Mundo Novo fizesse esse fechamento, amarrando as intrigas e os dilemas apresentados na série, como a transição de poder, os conflitos internos dos personagens e as nuances políticas que permeiam o universo dos heróis. No entanto, o filme opta por uma narrativa mais contida; embora ofereça um respiro ao encerrar alguns arcos dispersos do MCU, esses elementos temáticos acabam sendo tratados de maneira superficial e reciclada.

Na trama, enquanto o recém-eleito presidente Ross (Harrison Ford) luta para limpar sua imagem dos feitos passados, ele convoca Sam Wilson (Anthony Mackie) – o novo Capitão América – para reconstituir a Iniciativa Vingadores. Uma tentativa de assassinato desencadeia uma conspiração envolvendo um antigo contato do presidente, determinado a buscar vingança a qualquer custo. 

Esse enredo propõe um interessante equilíbrio entre o thriller político e o longa de ação, abordando núcleos como a busca de Ross por redenção e sua tentativa de reconectar-se com sua filha Betty; os dilemas de Sam Wilson ao assumir um manto repleto de legado, lidando com a pressão de ser comparado a Steve Rogers (que merecia mais atenção ao firmar Sam não só como o novo rosto do Capitão, mas como um novo símbolo); As intrigas e conspirações políticas que poderiam oferecer uma profundidade maior à narrativa.

Entretanto, esses conceitos acabam permanecendo mais no papel do que se concretizam de forma marcante na tela. O filme não ousa reinventar a roda e, em sua tentativa de contar uma história contida, solta um respiro que, embora necessário para encerrar alguns arcos soltos do MCU, se mostra sempre um pouco raso ao tratar de todas as temáticas propostas. Esse aspecto torna-se um problema maior quando se leva em conta que a parte política do filme era para ser o grande destaque.

O ponto alto indiscutível da produção é o carisma de Anthony Mackie, cuja performance como o novo Capitão América confere energia e humanidade à narrativa. Mesmo com os dilemas pessoais e políticos que o personagem enfrenta – que, no filme, não são explorados com a mesma profundidade apresentada na série – a atuação de Mackie consegue cativar o público e manter o interesse na trama.

A química entre ele e Danny Ramirez, que interpreta Joaquin Torres, também se destaca e ajuda a impulsionar a narrativa, mesmo que o elenco, em geral, pareça um pouco desperdiçado em meio a um roteiro que recorre às mesmas ideias já exploradas em outras produções do estúdio.

Surpreendentemente, a fotografia do filme merece menção. Embora não seja nada espetacular, ela cumpre muito bem a função de evitar uma estética achatada, valorizando as diferentes etnias representadas em tela e oferecendo um visual consistente que contrasta com os efeitos CGI – que, apesar de enfrentarem uma crise na indústria, se apresentam de forma funcional e raramente chegam a incomodar o espectador.

Em síntese, Capitão América: Admirável Mundo Novo tenta equilibrar o fechamento de arcos deixados por Falcão e o Soldado Invernal e a necessidade de apresentar um herói carismático em meio a um cenário político conturbado. No entanto, ao reciclar fórmulas já conhecidas e tratar temáticas importantes de maneira genérica, o filme acaba por não atingir toda a profundidade que poderia ter sido explorada. Mesmo assim, apesar de suas lacunas, o longa consiga manter a atenção e o interesse do público – ainda que de forma pontual. O filme contém apenas uma cena ao final dos créditos e, sinceramente, é tão ruim que não assistir talvez seja uma opção melhor.

Capitão América 4
Sinopse
Durante a série, Sam aceita seu dever como o novo Capitão América ao lado de Bucky Barnes (Sebastian Stan). Admirável Mundo Novo compõe a Fase Cinco do Universo Cinematográfico Marvel (UCM).
3
Notas

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