Bohemian Rhapsody | Crítica

Reprodução/Star+

Análise sobre o filme “Bohemian Rhapsody”, da 20th Century Fox (convite da Fox Film do Brasil), aqui no site Cebola Verde.

Confira a ficha técnica da trama cinematográfica:

Nome: Bohemian Rhapsody

Estreia: 01 de novembro de 2018 (Brasil) – 2h 15min

Direção: Bryan Singer

Elenco: Rami Malek, Lucy Boynton, Aaron McCusker, Joseph Mazzello, Aidan Gillen, Tom Hollander, Gwilym Lee, Mike Myers

Distribuidora: Fox Film do Brasil


Uma cinebiografia do Freddie Mercury, diferentemente do que se podem pensar aqueles que creem em “Bohemian Rhapsody” como uma cinebiografia da banda Queen, o longa-metragem, dirigido por Bryan Singer, tem a árdua missão de comparar-se com a música homônima ao seu título. Uma composição de seis minutos, misturando segmentos puramente rock n’roll com outros operáticos – ou seja, extremamente corajosa -, está sendo justiçada por uma cinebiografia abarrotada dos mesmos preceitos adotados em tantas outras, com, por exemplo, Ray, estrelada por Jamie Foxx? Os méritos e deméritos estão presentes nessa, ainda assim, energética ode à rainha,

A resposta é negativa. Bohemian Rhapsody tem um roteiro que não encontra um caminho certo e pouco inventivo e que não faz jus a distinta personalidade de seu protagonista, colocando acontecimentos de sua vida turbulenta de forma mecânica. Tendo em vista as possibilidades que poderiam ser exploradas considerando a vasta carreira do grupo e do Freddie Mercury, nota-se um grande potencial não explorado pelo roteiro, que parece seguir apenas uma direção e não se ocupa de tomar a forma inventiva e única da figura do protagonista. Anthony McCarten com esses deslizes entrega um roteiro apenas competente, que poderia ter sido muito mais que apenas uma cinebiografia de música dos anos 80.

Ao mesmo tempo, Bohemian Rhapsody incorpora muitos dos elementos positivos que essas mesmas cinebiografias de músicos – artistas em geral – possuem, como o espaço propício para uma interpretação magistral do protagonista. Rami Malek transparece e trabalha além do roteiro para realizar uma interpretação única e própria que consegue passar o ícone de Freddie Mercury e realizar muitos dos seus trejeitos sem exageros ou fazendo uma mera imitação. A fotografia é pontual, com o uso do brilho e de cores fortes que ambientam a atmosfera que envolvia a banda, realizando cenas grandiosas ao retratar as intensas performances entregues pela banda. O figurino recupera todo o esplendor da época e dos membros da banda, principalmente na caracterização de Mercury e seu vestuário único. A direção de arte também é competente e segue a linha do bom figurino, adicionando riqueza de detalhes e substância a maioria das cenas.

O caráter de entretenimento também está imensamente presente, justamente pelo monte de composições clássicas presentes na trilha sonora da cinebiografia e a excepcional execução, por parte dos realizadores, dos concertos musicais, que, em tempo, possuíam Freddie Mercury como um protagonista energético e impossível de comparação. A câmera adentra. Enquanto Freddie improvisa musicalmente com o seu público, um segurança olha para trás e começa a rir, impressionado com as façanhas sempre conquistadas pelo músico. Os espectadores também se encantam. Bohemian Rhapsody alcança certas grandiosidades, mas esquece de outras. Uma obra que não acerta em todas as notas.

  • Texto por Gabriel Carvalho, do Plano Crítico. Convite do site Cebola Verde como imprensa.