Mulan, Tenet, Netflix e ajuda governamental são temas do keynote de abertura da EXPOCINE 2020

Foto: Divulgação/Disney

Palestrante convidado da manhã de hoje, na abertura da EXPOCINE 2020, John Fithian, Presidente da NATO (National Association of Theatre Owners), foi franco quanto aos desafios da indústria do cinema frente à pandemia, os efeitos do lançamento de filmes como “Mulan” (Disney) diretamente no streaming e a importância do apoio governamental. Seguem abaixo alguns destaques da palestra moderada pelo jornalista J. Sperling Reich, do site Celluloid Junkie.

“Em Hollywood, os estúdios estão com medo de lançar filmes nos cinemas. Temos conversado seguidamente com os estúdios sobre os adiamentos das estreias. Entendemos que tenham medo, mas precisamos sobreviver até que seja seguro uma reabertura de todos os mercados ao mesmo tempo. Não sabemos quando isso será. Verão de 2021? Verão de 2022?”

“Peço desculpas aos meus colegas da América Latina pela forma como o governo americano lidou com a pandemia da Covid-19. A má gestão acabou provocando a situação que temos hoje de Nova York e Los Angeles com os cinemas fechados. E por isso os estúdios americanos não estão lançando os filmes. Nem mesmo aqui, onde muitas cidades já estão com os cinemas abertos.”

“Os estúdios querem que o cinema esteja lá quando acabar a pandemia. Eles lucram muito com o cinema. Tem um motivo para a Disney não divulgar os números do lançamento de Mulan no Disney+. É porque os resultados ficam aquém do que seria uma estreia nos cinemas. A Disney lucra muito com o cinema, é uma marca que nasceu no cinema.”

“Temos que acreditar que os estúdios são nossos parceiros. Conversamos muito com a Warner Bros, com (Christopher) Nolan. É disso que precisamos agora, de apoio.”

“Lançar filme mudou com a pandemia. Não é mais uma corrida, é uma maratona. Os filmes ficam em cartaz muito tempo.”

“Você sabe como um filme performou no dia seguinte da estreia. Os dados do cinema são transparentes. Eu queria muito que os do streaming também fossem. É um mito que a Netflix seja lucrativa. Ela não tem tantas visualizações como quer dizer que tem.”

“Dos US$ 11 bilhões do ano passado, talvez a gente consiga faturar US$ 3 bilhões este ano. Talvez. Em 2021, se a pandemia estiver sob controle, vamos vender muito. E em 2022, vamos voltar a quebrar recordes. É uma possibilidade. O que precisamos responder agora é como sobrevivemos até lá.”

“Precisamos do apoio dos governos para sobreviver a essa crise. Precisamos de empréstimos, de fomento.”

O primeiro dia da EXPOCINE foi aberto pelo CEO da Tonks e idealizador da convenção Marcelo Lima. Ele lamentou que não estejamos comemorando os números gigantescos do ano passado, mas falou também do aprendizado de todo o setor ao longo do ano de 2020, destacando em especial do movimento #JuntosPeloCinema e o fortalecimento das entidades representativas de classe. E disse que a EXPOCINE se transforma num ambiente catalizador para a virada positiva do cinema.

Na sequência, Alex Braga Muniz, Diretor-Presidente da Ancine, fez um balanço de sua gestão, destacando o desafio de gerir mais de 10 mil projetos na agência. “É oportuno hoje fazermos uma avaliação de um plano de metas em termos de audiência, ingresso, ocupação de espaço. É importante o processo de remodelagem do audiovisual, para que a gente tenha uma perspectiva de horizonte virtuoso.”