Xana Gallo canta um novo começo no vídeo da música “Nada Sei”

O registro em estúdio aconteceu durante as gravações do disco “Rota de Fuga”, produzido por Eduardo Neves.

Em “Rota de Fuga”, a gaúcha Xana Gallo canta despedidas e recomeços. Ao dizer adeus a relacionamentos abusivos que a subjugaram, a artista encara as incertezas do caminho em forma de canção. “Nada Sei” é um dos destaques do álbum e acaba de ganhar um vídeo gravado em estúdio durante a feitura do trabalho.

Em seu segundo disco, Xana Gallo trilha a linha tênue entre prisão e liberdade, submissão (mesmo que inconsciente) e empoderamento. Buscando inspiração na sua própria vida, ela mostra que é possível – e é preciso – seguir em frente, mesmo quando não se consegue ainda enxergar o que vem pela frente.

A canção surgiu logo após o término de um relacionamento que, ao longo do tempo, se mostrou abusivo – embora todos ao redor tivessem a impressão de se tratar de um mar de rosas. Todas as canções do álbum permeiam essa temática. “É uma espécie de limbo onde você não tem certeza de nada. Sabe que algo está errado, mas não consegue enxergar o que é. Ao mesmo tempo em que está insegura e com medo, precisa juntar forças para seguir adiante”, diz a cantora.

“O nome da música expressa o sentimento exato que eu tinha quando a compus. Lembro-me até hoje que olhei para a sala da minha casa, vazia e pensei: ‘Nunca mais vou me relacionar com ninguém.’ O que não foi verdade, pois a vida me mostrou que havia ainda muito amor para dar e receber. Mas naquele momento, liguei o gravador e comecei a cantarolar meus medos, angústias e inseguranças por ter terminado com alguém que eu ainda amava. É muito doloroso ter que decidir entre estar com quem amamos ou estar bem emocionalmente. E assim foi o início da música: ‘Se vou novamente amar, eu não sei'”, relembra Xana.

“Rota de Fuga” é o ponto de chegada de Xana Gallo em todo um processo de despertar pessoal a artístico. Atuando na música desde 2006, ela gravou seu disco de estreia, “Mulheres, Sons, Liberdade”, em 2014. O trabalho contou com a participação de artistas mulheres da cena gaúcha e buscou retratar aspectos da cultura negra de sua cidade, Pelotas. Em 2017, Xana se mudou para o Rio de Janeiro em busca de novos palcos e realizou “Rota de Fuga” com produção musical de Eduardo Neves e uma banda composta pelo contrabaixo de André Vasconcellos, pianos de Adriano Souza e Danilo Andrade e bateria de Antonio Neves. O lançamento foi propositalmente no Dia Internacional da Mulher.

O álbum, que segue a cronologia de suas relações, aborda histórias de relacionamentos aparentemente normais, que ao longo do tempo revelaram-se nocivos e tiraram a liberdade da cantora. Inicialmente pareciam um conto de fadas, mas levaram à perda do convívio social e estresse pós-traumático após o fim da relação.

“Mesmo sabendo que eu tinha toda a razão do mundo para terminar a relação, ainda assim me senti desnorteada, desacreditando de mim mesma e muito insegura. Uma das facetas de um relacionamento abusivo é que o abusador faz você acreditar que ele é a única pessoa capaz de amar você e deixa sempre aquela pergunta no ar: ‘Quem vai querer você, assim tão ‘estranha’? Só eu para aguentar você!’ Eu cheguei a pensar que eu estaria para sempre fora do mundo dos relacionamentos. Acho que muitas pessoas sentem isso em algum momento depois de um término de uma relação abusiva. Sentem-se culpadas, inseguras e erradas. Foi preciso buscar dentro de mim a certeza de quem eu era, para assim poder seguir”, finaliza.

Olhando para o futuro, Xana Gallo prepara um novo EP, “Roda, Rodou”. Gravado no Estúdio Marini, de Kassin, pelo produtor Diogo Strausz (Alice Caymmi, Balako, Aymoreco), o compacto deixa para trás a dor e leva a força da mulher em primeiro plano.

O EP é só um dos lançamentos que virão da artista, que desenvolve também um projeto chamado “CompositorA”, onde cria canções em parceria com mulheres de diversas cidades. Elas lhe enviam seus manuscritos (poemas, versos soltos, histórias) por meio das redes sociais, alimentando a importância de as mulheres contarem, juntas, sua própria história.

Antes silenciada, Xana Gallo hoje canta mais alto que nunca.