50 anos de raridade dos Mutantes são comemorados por regravação de compositor

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Paulo Girão lança nova versão de “Glória ao Rei dos Confins do Além”.

Escrito por um adolescente de 16 anos para o II Festival Estudantil da Música Popular Brasileira, “Glória ao Rei dos Confins do Além” é um clássico da discografia de raridades dos Mutantes. A faixa, considerada muito estranha no ano de 1968, dialogava com o discurso tropicalista e psicodélico da época. Agora, 50 anos depois, aquele adolescente recria a faixa em um single comemorativo. Paulo Girão acaba de lançar nas plataformas de música digital uma versão ao lado da Bandalém, cujos músicos se reuniram especialmente para a regravação da música.

Ouça “Glória ao Rei dos Confins do Além”: http://bit.ly/GloriaAoRei50Anos

Essa canção mudou a vida de Paulo, um niteroiense com moradia e atuação marcante no Rio de Janeiro, especialmente nos anos de 1970, participando de festivais universitários e grupos de compositores, com artistas como Gonzaguinha, Ivan Lins, Belchior e Geraldo Azevedo e dividindo palco com João Bosco, Jards Macalé, Sergio Sampaio e Billy Blanco. Artistas de diversas gerações como Alaíde Costa até Ayrton Montarroyos já gravaram suas músicas. Mas a mais especial mesmo foi aquela primeira.

“Quando eu ouvi, pela primeira vez, a versão dos Mutantes, simplesmente chorei de tanta emoção! Imagine um compositor adolescente inglês sendo gravado pelos Beatles… foi o que aconteceu comigo em relação aos Mutantes!”, conta Girão.

Capa do disco com versão original da canção.

Em entrevistas recentes, Arnaldo Baptista revelou que essa foi uma das poucas músicas que os Mutantes gravaram “de primeira”, tamanha identificação que tiveram com a faixa. Paulo Girão ficou animado para recriá-la ao ouvir a regravação feita por Andreia Dias para o álbum “Prisioneira do Amor”, com direção artística de Marcus Preto, onde registra “lados B” compostos ou gravados por Rita Lee. Girão se surpreendeu com a produção musical de Tim Bernardes (O Terno) e com as possibilidades que a faixa ainda possuía.

“Descobri que a canção continua atual. A letra fala: ‘se vocês soubessem quanta falsidade que havia ali… Povo de coitados!’. O povo, em geral,  já sabe das falsidades políticas todas, mas elas continuam a fazê-lo de coitado! Só falta acabar com as falsidades, democraticamente e com muita Educação! Fora isso, eu redescobri a grande teatralidade desta canção, uma coisa que muito me interessa, atualmente”, explica ele.

Recorte do Jornal O Globo, de 1968.

Paulo foi acompanhado pela Bandalém nessa faixa. A banda é formada por Diogo Viola (arranjos, guitarra), Fernando Nunes (baixo,), Maurício Braga (bateria), Márcio Lomiranda (teclados), Nick de Souza (violino) e Thainá (backing vocal). Além desse single, Girão está trabalhando no projeto Tropikantes, um grupo inspirado nos ideais tropicalistas de valorização “das culturas” brasileiras, no ecletismo estético-musical do programa do Chacrinha e na busca por amor e uma juventude que se mantém em mudança.