Universo LoL – A Redenção

Explorando parte da infância de sua infância, Senna encontra sua própria redenção


Um prelúdio a uma possível animação lançada amanhã, a Riot Games revelou um novo conto com Senna e Lucian, onde explora o que aconteceu após se re-encontro. Confira um fragmento:


A REDENÇÃO

POR PHILIP VARGAS

Senna acordou ofegante, e sua respiração cortava a noite fria. O suor fez com que seus braços, pernas, pescoço e costas ficassem cobertos por uma camada de areia. Um único pensamento cruzou sua mente.

Você precisa chegar a Águas de Sentina.

Ela se sentou e viu as águas escuras do Holnek correndo pelo rio solitário. Seus instintos a estavam arrastando outra vez, chamando-a, como faziam desde a infância. Ela aprendera há muito tempo a confiar nessas sensações e nesses pressentimentos, e agora eles a estava mandando sair dali.

Lucian remexeu-se dormindo. Ele se virou e puxou o lençol, deixando-a descoberta. Uma brisa suave correu por a pele dela, fazendo com que sentisse ainda mais frio. Então, ela enterrou os dedos dos pés na areia para se aquecer.

Houve uma estranha redução no número de Tormentos, então eles foram para o norte, para o sudeste de Valoran, navegando contra a corrente até se aproximarem da fronteira noxiana. A dupla teve um breve momento de calmaria e solidão, distante da tempestade que costumavam viver. Uma chance de se redescobrirem após anos separados. Estava confortável, como um manto quentinho. Seus instintos a diziam para sair do único refúgio que ela e Lucian haviam encontrado desde que se reuniram.

Ela ignorou o nó crescendo em sua garganta, fechou os olhos e buscou respostas em seu coração, esperando que tivesse entendido errado, que seus instintos não fossem tão cruéis, que poderia negociar com eles.

Mas a sensação permaneceu.

Ela olhou para a grande escuridão e sentiu o olhar de infinitas estrelas – cada uma como uma alma desafortunada esperando a liberdade, observando em silêncio enquanto Senna vivia a vida que a elas foi negada. Ela não tinha o direito de desperdiçar a calmaria, esses preciosos momentos com Lucian.

Ele vai entender.

Lucian murmurou suavemente enquanto dormia com a cabeça encostada em um tomo de capa de couro. A respiração dele acelerou quando puxou o lençol e os murmúrios ficavam cada vez mais altos. Senna chacoalhou o ombro de Lucian até que ele acordou alarmado. Ele se levantou apoiado nos cotovelos, respirando fundo. Enquanto se acostumava com o que estava ao redor, Lucian olhou para ela, através dela, ainda vendo a mulher de seu pesadelo, aquela que ele não conseguiu salvar da lanterna do Thresh, vendo os anos de aprisionamento e tortura de Senna. Ele respirou profundamente outra vez e o alívio surgiu em seus olhos.

“Desculpe”, disse ele oferecendo o lençol.

Eles observaram o horizonte. Um fio radiante de roxo e índigo anunciava a aproximação da aurora.

Você precisa avisá-lo.

Senna virou-se para Lucian, relutante. “Precisamos ir.”

“Mas acabamos de montar o acampamento”, resmungou ele ainda olhando para além do rio. Ele deixou escapar um suspiro profundo. “Para onde?”

“Águas de Sentina.”

Ele balançou a cabeça. “Se há um Tormento lá, será tarde demais quando chegarmos ao porto.”

Ainda há tempo.

“Se sairmos agora, chegaremos em alguns dias”, contestou Senna.

“Não haverá nada a fazer além de enterrar os corpos.”

Senna enrijeceu-se com a franqueza das palavras dele, com a desconsideração de seus deveres como Sentinelas da Luz. Mas ela sabia que não era tão simples. Os sentimentos dele eram mais profundos e esse lapso seria momentâneo. “Ainda há uma chance”, ela insistiu. “Eu posso sentir.”

Lucian não respondeu.

Seu coração estava em outro lugar.

Ela olhou para o códex no chão: a fechadura de bronze estava quebrada e marcada pelo tempo. “Talvez nós não devêssemos ter vindo tanto para o norte”, lamentou Senna. “Foi descuido da nossa parte.”

O antigo manuscrito era a última aquisição de Lucian e o motivo de terem viajado até a região. Ele já o havia procurado em Krexor, na esperança de que encontrasse uma forma de acabar com a maldição para libertá-la da Névoa Negra que a perseguia incansavelmente desde a infância, atraída por uma fagulha sobrenatural que a havia infectado ao brincar com forças que desconhecia. Havia vários volumes como aquele no navio.

Geralmente, ela acordava sozinha na cama durante a noite. Ela, cercada pela escuridão. Ele, iluminado por uma vela, curvado sobre um tomo, buscando desesperadamente por respostas para perguntas que ela mesma já havia parado de perguntar há muito tempo.

Lucian enfim virou-se para Senna. “Não há Tormentos há meses”, comentou ele. O calor voltara ao seu rosto, junto com um pouco de remorso. “Eu queria que pudéssemos descansar, pelo menos um pouquinho.”

Parte do coração de Senna queria exatamente a mesma coisa. Ela desejava se esquecer dos horrores da Névoa Negra, olhar para o céu e não ver nada além das estrelas.

“Eu sei”, ela respondeu. “Nós dois queremos.”

Lucian pegou o códex pesado e começou a se levantar. Senna sentiu o abismo entre os dois se expandir, sozinha do outro lado. Ela pegou a mão dele, segurando-o depressa. “Vamos após o amanhecer”, disse ela com firmeza.

Ele voltou a se sentar na terra e eles observaram o nascer do sol.

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